Veja dicas para negociar aumento de salário

Listar pontos fortes e fracos e solicitar reunião formal com chefe aumentam chances de êxito

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Thaís Magalhães Manhães
São Paulo

Prejuízos amargados durante a pandemia intimidaram trabalhadores a negociar aumento de salário. Mas a volta das atividades e o aquecimento econômico em alguns setores já abrem janelas para uma conversa com o patrão sobre a remuneração.

As áreas de cosméticos, tecnologia, telecomunicações e mercado financeiro, por exemplo, estão em alta neste ano, diz Bruno Martins, CEO da Trilha Carreira Interativa, consultoria de recursos humanos. São setores que, por ora, estão mais propícios ao funcionário que pleiteia aumento salarial —colaboradores que atuam em outros segmentos devem avaliar se o cenário de sua empresa permite negociação.

Surpreender o chefe diminui chances de êxito na negociação sobre aumento de salário - Fotolia

Antes de pedir aumento, o colaborador deve avaliar seus resultados na empresa e pesquisar a média salarial de mercado, diz Breno Paquelet, especialista em negociação e escritor do livro "Pare de ganhar mal: manual de negociação para aumentar seu salário e sua qualidade de vida" [Sextante; R$ 15,77 em ebook na amazon.com; 158 págs.].

A análise das metas estabelecidas e atingidas, da qualidade das entregas e o reconhecimento do trabalho profissional na empresa são critérios de avaliação de resultados. Sites como Glassdoor e Robert Half dispõem de guias salariais em que o funcionário pode fazer comparação.

Surpreender o chefe diminui as chances de sucesso na negociação, segundo o especialista. O ideal é agendar uma reunião formal. A solicitação pode ser feita por email, mas a conversa deve ser olho no olho —se não for possível, uma alternativa é a videoconferência.

Adriana Hiratsuka, especialista em carreiras da Randstad, consultoria de recursos humanos, diz que as reuniões individuais entre gestor e colaborador são momentos propícios para sondar as expectativas do chefe.

Na hora de pedir aumento, o foco da conversa deve ser profissional e temas pessoais deixados de lado, diz Erika Moraes, especialista em carreiras da Robert Half, consultoria de recursos humanos.

Veja a seguir três recomendações de especialistas para pleitear um aumento salarial.

1) LISTE OS SEUS PONTOS FORTES E FRACOS

A especialista em liderança Allessandra Canuto recomenda ao funcionário que quer pedir aumento de salário organizar uma lista com seus resultados e potencial de trabalho, ou seja, o quanto já produz e o quanto pode aumentar a produção caso tenha um aumento.

Elencar cursos de especialização e participação em treinamentos que a empresa oferece são bem-vindos. Com o pensamento organizado, o funcionário terá argumentos sólidos para convencer seu chefe. Vale ainda adicionar à lista seus pontos fortes e fracos.

"Eu registro os meus pontos fortes como amostra do quanto eu posso disponibilizar do meu melhor para novos projetos. Também é legal colocar os pontos em que preciso aperfeiçoar e como eu tenho atuado neles. Eu conheço meus pontos fracos e para eles eu estou fazendo um treinamento ou pós-graduação, por exemplo", afirma Canuto.

2) NEGOCIAR É PRECISO: CONVIDE O CHEFE PARA TE AJUDAR

O especialista em negociação Paquelet diz que a conversa deve ser uma construção conjunta para resolver um problema comum. Chefe e funcionário precisam conciliar uma remuneração viável para a empresa e confortável para o empregado. Assim, a empresa terá um colaborador motivado e mais produtivo.

"Uma boa forma de fazer isso é demonstrar ao longo da conversa que conhece as dificuldades da empresa e analisou maneiras de amarrar a sua remuneração a uma entrega de resultados. Algumas vezes aumentar o salário fixo não é possível, mas pode-se buscar uma composição entre o fixo e um variável, por exemplo, a participação na entrega de um projeto", diz Paquelet.

O especialista afirma que quando o chefe percebe que o funcionário entende a situação da empresa, ele se sente mais impelido de participar na solução. Pedir um aumento é um processo de negociação, portanto deve ser colaborativo.

"Para o gestor existe uma incerteza e imprevisibilidade: ele tem medo de aumentar o seu salário e depois não pode recuar se a situação [econômica] piorar. Buscar uma composição em que parte do aumento dependerá do resultado do funcionário pode tornar a negociação mais viável", diz Paquelet.

3) PENSE NO PACOTE DE REMUNERAÇÃO COMPLETO

"Quanto mais moedas de troca o funcionário aceita, mais chances de êxito ele terá", afirma Paquelet, especialista em negociação. Segundo ele, se o aumento do salário nominal (em dinheiro) não for possível, empresa e trabalhador podem discutir benefícios.

"Outro dia eu perguntei para a minha equipe como eles gastavam o salário. Uma pessoa disse que comprometia R$ 200 com Uber e mais R$ 300 com Ifood por mês. Eu propus dar um cartão de benefícios que as duas empresas aceitam. É a mesma coisa que dinheiro, mas o aumento do salário custa o dobro", diz o especialista.

Ainda segundo Paquelet, propor um modo de trabalho híbrido pode ser economicamente vantajoso, com diminuição das despesas com transporte, por exemplo.

No processo de encontrar um ponto confortável para a empresa e funcionário outras opções também são válidas —entre os exemplos, você pode sugerir uma melhora no plano de saúde e solicitar o pagamento de um curso.

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