Descrição de chapéu 5g tecnologia internet

Chegada do 5G impulsiona empregos na área de tecnologia

Implementação da rede deve criar funções que ainda nem existem

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A chegada do 5G, a quinta geração de internet móvel, deve movimentar o mercado de trabalho no Brasil ao gerar empregos e exigir novas habilidades profissionais. Os setores de tecnologia e telecomunicações serão os mais afetados.

O leilão do 5G, feito em novembro pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), teve as operadoras TIM, Vivo e Claro como vencedoras das principais faixas. A partir de julho, as empresas deverão disponibilizar essa rede nas capitais de todos os estados do país.

O engenheiro Daniel Cunha, 48, que buscou capacitação para trabalhar com a rede 5G - Henrique Castro Filho/Folhapress

Especialistas em segurança da informação, dados, big data, inteligência artificial e internet das coisas serão alguns dos profissionais mais procurados, mas não só. Novas carreiras devem surgir para atender as demandas geradas.

"Em breve poderá existir um engenheiro de inteligência artificial e profissionais buscando formação nas tecnologias que acompanham o 5G", diz Rafael Pistono, ex-vice-presidente da Comissão de Direito e Tecnologia da Informação e Inovação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), especialista em direito digital e sócio do PDK Advogados.

Relatório do Fórum Econômico Mundial de 2020 sobre o impacto do 5G nas indústrias e na sociedade aponta que até 2035 a quinta geração de telefonia poderá gerar até 22,3 milhões de empregos.

Para Pistono, a tecnologia também exigirá capacitação dos trabalhadores, porque a tendência é que as funções mais mecânicas ou menos qualificadas sejam extintas.

Embora a novidade seja lembrada principalmente por sua velocidade --em média o 5G alcança 1Gbps (gigabyte por segundo), dez vezes mais do que o 4G-- , ela também terá uma latência (tempo entre envio e o recebimento de dados) bem menor, o que torna a resposta do celular a um comando consideravelmente mais rápida.

Essas características serão importantes também para permitir que mais dispositivos consigam se conectar concomitantemente à rede numa mesma região, afirma Pistono.

Com isso, o 5G vai demandar especialmente profissionais de IoT (internet das coisas, na sigla em inglês), tecnologia responsável por possibilitar que diferentes objetos, como câmeras e sensores, "conversem".

De acordo com Gustavo Torrente, professor de tecnologia da Fiap (Faculdade de Informática e Administração Paulista), especialistas em big data, responsáveis pela gestão e análise de grandes quantidades de dados, também fazem parte da lista.

"É quem vai pegar todos aqueles dados que os sensores estão captando graças à conectividade do 5G e transformar essa informação em conhecimento. O dado por si só não tem tanto valor, mas a informação que você consegue tirar deles, sim", afirma.

Em breve poderá existir um engenheiro de inteligência artificial e profissionais buscando formação nas tecnologias que acompanham o 5G

Rafael Pistono

advogado especialista em direito digital

E como nem todos todos os dispositivos em circulação hoje têm a tecnologia para utilizar a novidade, serão necessários profissionais como desenvolvedores de aplicativos e software para construir soluções e produtos, de acordo com o professor.

Segundo Priscila Machado, líder de recrutamento na consultoria Accenture Brasil, habilidades técnicas e experiências em temas relacionados à nova rede, como realidade aumentada, cloud computing (computação em nuvem) e edge computing (computação de borda) --tecnologias de armazenamento ou processamento de dados-- serão exigidas dos trabalhadores que desejam atuar nessa área.

Há, ainda, carência de mão de obra na infraestrutura da área de telecomunicações, onde serão demandados trabalhadores que realizam a instalação de antenas e outros equipamentos da rede 5G.

Além disso, habilidades comportamentais como resiliência e flexibilidade para se adaptar às rápidas mudanças do setor também serão fundamentais.

Engenheiro de planejamento de redes móveis na operadora Algar Telecom, Daniel Cunha, 48, vê na prática como o setor é dinâmico.

Na companhia, ele participou diretamente do projeto de implementação da rede 5G. No leilão da Anatel, a empresa arrematou sete lotes de frequências, que cobrem 87 municípios dos estados de MG, SP, MS e GO.
Cunha diz ter buscado parte do conhecimento necessário sozinho, em artigos, eventos, workshops, e conversando com fornecedores e consultorias relacionadas. Depois, procurou formação complementar na academia.

"Senti que me faltava formação em tecnologia da informação. Busquei isso com mestrado e depois doutorado em computação", diz.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.