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Freelancer
O trabalho de freelancer virou uma opção de carreira durante a pandemia e se consolidou. Ele foge um pouco do padrão de trabalhar por carteira assinada. As áreas de produção de conteúdo como sites, blog, email, ghostwriter (escritor fantasma), design para redes sociais e a área de tecnologia voltada para a programação são os setores que mais demandam freelas.
Está deixando de existir aquela visão de que essa é a atividade da pessoa desempregada que está tentando esse tipo de trabalho para cobrir buraco. Hoje em dia é uma opção de carreira que vem crescendo bastante, diz Bruna Lopes, mentora de freelancer.
Mas, afinal quem é esse profissional? É um autônomo, que geralmente presta serviços para uma pessoa ou empresa.
Exemplo: João Vitor Tallarico, 27, começou a trabalhar como freelancer desde a época da faculdade. Em novembro de 2021, deixou o emprego em uma agência de publicidade para se dedicar totalmente à vida de freela. Ele presta serviços de criação de identidade visual e gerenciamento de redes sociais. Para receber pelas suas atividades como pessoa jurídica, ele abriu um MEI (microempreendedor individual).
'Então, existe um momento da carreira que posso ser freelancer?': Para Valeska Petek, mentora de carreiras, o profissional pode optar por esse tipo de trabalho como uma forma de experimentação para avaliar se aquela área combina com seu perfil e ter certeza de que escolheu a atividade certa.
↪ Fazer freelas pode ser uma opção para as pessoas que desejam mudar de carreira e avaliarem se vale a pena.
'Será que é para mim?' Tenha autoridade no segmento que você vai atuar, seja na formação acadêmica ou com cursos específicos sobre sua área, diz Bruna Lopes.
Se você estiver trabalhando e quer migrar, faça uma reserva de emergência, para evitar prejuízos e ter mais facilidade para captar os primeiros clientes
Como se preparar? Primeiro, tenha clareza do que está buscando para começar a se planejar. Para se qualificar, avalie quais cursos e conhecimentos precisa aprimorar e que tipo de experiências é preciso ter para aquele nicho que está prestando serviços.
Qual é a parte boa?
- Autonomia, o profissional escolhe quais dias deseja trabalhar;
- Flexibilidade de horário, você gerencia sua carga horária;
- Possibilidade de trabalhar em casa e redução de custos, já que não precisa gastar com transportes;
- Ser o seu próprio chefe;
- Liberdade para desenvolver seu método de trabalho;
- Possibilidade de melhores remunerações.
Sim, mas tem desvantagens:
- Trabalho autônomo é uma montanha-russa, tem meses que você ganha bem e outros que nem tanto, diz Milena Ayala, 24, estudante de arquitetura e urbanismo, que presta serviços de freela nessa área;
- Precisa investir em equipamentos;
- Trabalho solitário, não tem uma equipe para trocar ideias;
- Precisa ter muito disciplina para cumprir os prazos de entregas;
- O freelancer não é regido pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), por isso não tem direitos a férias remuneradas, décimo terceiro e aviso prévio de rescisão de contrato de trabalho.
↪ São profissionais que prestam serviços de forma autônoma, significa que o ônus, bônus e risco do negócio são eles que assumem e não tem proteção trabalhista, diz Larissa Salgado, advogada especialista em direito do trabalho e sócia do escritório Silveiro Advogados.
E tem aquele perrengue de cliente caloteiro, que não paga pelo serviço prestado. Guarde os recibos e tudo que for acordado formalmente por escrito, isso é até como uma forma de consulta para ambos os lados, diz Petek.
Marina Baruch, 33, presta freelas de produção de conteúdo desde março de 2020 e conta que para evitar este tipo de situação, ela procurou um advogado para fazer um contrato com cláusulas que garantem o pagamento e prazos de entrega de seus serviços.
O contrato também é essencial para passar seriedade e credibilidade do seu trabalho, além de mostrar pro cliente que você é uma empresa, que não é uma pessoa física que está conseguindo um trabalho extra, afirma Lopes.
Onde conseguir clientes? As respostas dos freelancers foi unânime: LinkedIn. Nesta plataforma é possível publicar seu trabalho e criar uma rede de contatos.
- Milena, por exemplo, apostou no Instagram também como forma de divulgar seu trabalho e captar clientes. Ela conta que usa a rede como uma vitrine dos seus trabalhos, para as pessoas poderem conhecer seus projetos e ver o que tem a oferecer.
- Israel Marques, 22, é freelancer do setor de tecnologia, e presta serviços como desenvolvedor front-end. Ele cria blog, páginas, landing page (página estática) e toda a parte visual do site. Para divulgar seus trabalhos, ele usa a plataforma Behance, da Adobe, que funciona como uma espécie de portfólio online.
E tem mais. Está em início de carreira e não tem um portfólio? Bruna Lopes aconselha a criar trabalhos pilotos apenas como uma forma de mostrar ao cliente suas habilidades.
Anota aí: outros sites para conseguir trabalhos como freelancer.
Freelancer (site em inglês);
GetNinjas (indicado para serviços presenciais como assistência técnica);
Closeer (indicado para profissionais de hotelaria e foodservice).
Vida de freela
Profissionais esclarecem dúvidas sobre esse mercado.
Como organizar a rotina de freela?
"Tenho uma meta de faturamento e tento trabalhar 30 horas por semana. E tudo o que eu faço é cronometrado. Uso uma ferramenta chamada Clockify para monitorar tudo o que faço no dia a dia. Se gastei dez minutos para responder um cliente, eu marco o tempo que me dediquei a esse atendimento. Assim, no final do mês, vejo o quanto gastei com cada um e avalio se o que ele está me pagando vale a pena. Para me organizar, uso o método bullet journal [método de organização criado pelo designer de produto digital Ryder Caroll]. E gosto de seguir o horário comercial de trabalho".
Como estabelecer preço no trabalho de freela?
"O primeiro passo é conhecer seus gastos fixos e mensais para saber o quanto precisa ganhar mensalmente. Depois disso, precisa entender qual é a média salarial de freelancer para entender como calcular esse valor. Isso envolve alguns fatores como hora trabalhada, tamanho do serviço e complexidade do trabalho prestado. É sempre importante considerar esses pilares na hora de passar o valor".
Não fique sem saber
Explicamos dois assuntos do noticiário para você.
→ Elon Musk desiste de comprar o Twitter. Será que se arrependeu? O chefe da Tesla está encerrando um contrato de US$ 44 bilhões.
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O motivo? Ele acusou a rede de fornecer informações falsas sobre o número de contas falsas e spam na plataforma. Seus advogados alegaram em documento que o Twitter estava "violando materialmente várias disposições" do acordo de venda.
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E teve resposta: O presidente do conselho de administração do Twitter, Bret Taylor, disse que o grupo estava "comprometido em fechar a transação no preço e nos termos acordados com Musk" e afirmou iria buscar medidas legais para que o acordo seja cumprido.
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E foi mesmo. A rede processou o bilionário e quer que a Justiça obrigue ele a concluir a operação por US$ 54,20 por ação.
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Mas ele pode desistir da compra? De acordo com o próprio Twitter, Musk não pode violar o acordo pelos seguintes motivos: a empresa se defendeu e disse que deu as informações sobre as contas de spam. Alegou que ele estaria violando os termos de contrato ao menosprezar a rede social e interromper os esforços para fechar o negócio.
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Audiência já está marcada. A juíza Kathaleen McCormick agendou a primeira audiência para terça-feira (19) com duração de 90 minutos. Ela vai ouvir os argumentos da rede social para o julgamento que deve acontecer em setembro.
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Teve impacto nas ações do Twitter. Elas afundaram 11,47% e perderam R$ 17 bi em valor de mercado na última semana.
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Opinião: Ação do Twitter contra Musk é novo reality, escreve o colunista da Folha Ronaldo Lemos.
Virou meme: internautas reagiram ao anúncio de Musk com celebrações e lamentos.
→ Vamos falar sobre assédio sexual no trabalho. Repercussões recentes sobre esse assunto tomaram conta do noticiário após as denúncias de funcionárias da Caixa contra o ex-presidente do banco Pedro Guimarães.
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O que é considerado assédio? O Ministério Público de São Paulo criou uma cartilha de prevenção ao assédio sexual no ambiente de trabalho e classificou que assédio pode ocorrer por meio de insinuações, gestos ou em forma de chantagem. Além de poder se expressar por meio de condutas físicas ou verbais.
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Como denunciar? A vítima pode procurar o RH da empresa ou ir atrás dos órgãos competentes como o Ministério Público. Outros canais possíveis são Agências da Superintendência do Trabalho, defensoria pública, sindicatos e associações e Delegacia da Mulher, no caso de a vítima ser mulher.
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O que fazer? O MP-SP recomenda que a vítima guarde provas e anote nomes de testemunhas do caso e sobre tudo o que aconteceu como local do fato, data e hora; lembre-se dos seus direitos, existe legislação para combater esse tipo de denúncia.
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Mas ainda temos muito a caminhar. Dois terços dos processos por assédio sexual na administração federal terminam sem punição, segundo dados fornecidos pela CGU (Controladoria-Geral da União) a pedido da Folha.
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Relembre três denúncias recentes de assédio no trabalho:
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Pedro Guimarães - um dos nomes mais próximos de Bolsonaro foi acusado pelas funcionárias da Caixa, algumas narraram episódios como toques íntimos sem consentimento, convites incompatíveis com o ambiente profissional, entre outras condutas inapropriadas. Após as denúncias, ele pediu demissão do cargo, que foi passado para Daniella Marques, braço direito de Paulo Guedes (Economia). Em artigo publicado na Folha, Guimarães se defendeu das acusações.
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Gabriel Monteiro - o vereador do Rio de Janeiro foi denunciado por importunação e assédio sexual contra ex-assessora de seu gabinete. Ela era obrigada a participar como atriz em cenas de cunho sexual em vídeos publicados nas redes sociais de Monteiro. A Câmara do Rio chegou a abrir um processo de cassação do seu mandato.
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Rogério Caboclo - uma funcionária da CBF apresentou denúncia contra o presidente da entidade. Ela o acusou de assédio moral e sexual. Ele foi afastado da confederação e teve mandato encerrado com nova punição.
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Opinião: Denunciar assédio ainda é privilégio para poucas, escreve a colunista da Folha Mariliz Pereira Jorge.
Filmes e séries expõem e discutem abuso e assédio.
Ouça no podcast Café da Manhã como se prova assédio sexual, um crime entre quatro paredes.
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