Descrição de chapéu mercado de trabalho datafolha

Saiba como se preparar para buscar trabalho no exterior

Pesquisa do Datafolha mostra que a maioria dos jovens tem muita vontade de sair do país

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São Paulo

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Jovens querem sair do Brasil

Você sonha em sair do país? Se sua resposta for sim, saiba que não está sozinho.

P esquisa do Datafolha, de julho de 2022, questionou jovens de 15 a 29 anos sobre a vontade de sair do Brasil para morar para sempre em outro país.

  • 39% tem muita vontade
  • 37% tem um pouco de vontade
  • 24% nenhuma vontade
Como jovens podem conseguir emprego no exterior
Catarina Pignato

Mas, por que os jovens querem tanto ir embora? O presidente do CONJUVE (Conselho Nacional da Juventude do Brasil), Marcus Barão, cita os principais motivos:

  • Dificuldade de encontrar emprego. Vale ressaltar que, no Brasil, o índice de desemprego é maior entre os jovens;
  • Insegurança e violência que afetam a qualidade de vida dessa geração no país.

Nos bastidores: Pedro Gulias, 25, é recém-formado em engenharia de produção, e está se preparando para sair do país em 2023. Ele conta que está em busca de melhores oportunidades de trabalho e de qualidade de vida. "[A maioria dos meus colegas] sai ganhando entre R$ 2.000 e R$ 3.000 e trabalha muito. Para mim, isso não é vida", diz Pedro.

Há solução para melhorar o cenário?

  • Garantir políticas públicas de juventude, isto é, dar ao jovem mais segurança e melhores condições de trabalho.
  • As empresas também podem agir ao "construir oportunidades e procurar ampliar suas diretrizes de diversidade, tornando os processos seletivos mais inclusivos e assumindo um papel de formação dos seus talentos em habilidades técnicas e comportamentais", diz Barão.

Aos jovens que desejam sair, como se preparar para buscar emprego no exterior?

  • Verifique se é necessário ter um diploma específico para a vaga. Se você é formado em algum curso no Brasil, averigue se seu diploma é válido para se candidatar;
  • Estude sobre o país que deseja ir, pois cada lugar tem sua particularidade;
  • Saiba quais documentos são necessários para ingressar no país;
  • É importante ter de um a dois anos de experiência profissional — estágios também contam, explica Debora Leite, fundadora da Move Up Talent, consultoria de carreira internacional. O mercado no exterior vai exigir isso porque o profissional precisa ter algo para apresentar;
  • Lembre-se de ter um currículo e LinkedIn em inglês;
  • Mapeie as vagas que você deseja e entenda o que o mercado deste país pede;
  • Onde buscar vagas? Resposta unânime dos especialistas: LinkedIn, onde dá para filtrar a busca por local e áreas. Você pode usar a plataforma para criar uma rede de contatos com profissionais que estão nos países em que você deseja trabalhar e até mesmo facilitar a entrada com indicações, aconselha Renata Cox, psicóloga e especialista em carreiras.
    • Você também pode buscar contatos aqui no Brasil, então, converse com seus colegas e peça indicações de gestores ou professores que podem facilitar essas conexões;
    • Outras opções de busca: Glassdoor e Indeed.
  • Bônus: de acordo com Debora, as áreas que mais contratam jovens no exterior são tecnologia, engenharias (principalmente civil, mecânica e produção) e finanças (aqueles com experiência em fintechs são mais requisitados).

Cuidados:

Não vá para o outro país sem saber o idioma local;

Não compare os lugares com o Brasil, pois isso dificulta o processo de adaptação, diz Cox;

Faça uma reserva financeira.

Motivo para ir...

Você consegue um currículo diferenciado por ter tido experiência em outra cultura e vivência profissional no exterior, além de ampliar suas oportunidades de trabalho.

E motivo para não ir...

Saudade de casa. Você acaba perdendo as datas comemorativas com amigos e familiares. Para Cox, uma forma de driblar isso é ter claro seu propósito de carreira, como: qual motivo te leva a sair do Brasil? Buscar mais qualidade de vida? Aprender outro idioma? Quando isso está mais claro, fica mais fácil encarar essa dificuldade.

Caminhos que o jovem recém-formado podem seguir:

1 - Quebra das barreiras: anywhere office ("escritório em qualquer lugar", em inglês) é um modelo de trabalho em que o profissional pode trabalhar de onde quiser.

"Com a pandemia, muitos processos seletivos começaram a ser feitos de maneira online, o profissional não precisa estar necessariamente no país onde deseja trabalhar para participar das etapas de contratação", diz Maria Sartori, diretora associada da Robert Half, consultoria especializada em recrutamento e seleção.

2 - Opção mais em conta: a empresa de outro país oferece uma vaga para o profissional sair do Brasil. Assim, a companhia custeia as despesas da viagem e garante o visto de trabalho.

Foi assim que a mentora de carreira internacional Mariana Holanda, 28, fez para sair do país há quatro anos. Ela conseguiu trabalho na Austrália, onde morou por dois anos. Depois, foi contratada para trabalhar em um banco de investimentos e, hoje, mora na Espanha.

3 - Estudo como porta de entrada: ao sair do Brasil para estudar no exterior, é possível conhecer melhor a cultura e se candidatar para vagas de trabalho no novo país.

Esse é o plano da Victória Cardoso, 24, que mora em Chicago, nos EUA, há dois anos.

Inicialmente, ela foi embora do Brasil com o programa au pair (babá), em que jovens de 18 a 24 anos são selecionados para viver com uma família americana. Durante a estadia, eles têm a responsabilidade de cuidar das tarefas com as crianças em casa e também precisam manter vínculo com estudos que serão custeados por essa família.

Após dois anos ela deixou o programa e ingressou em uma faculdade de contabilidade. Hoje, Victória está nos EUA com o visto de estudante e espera que isso dê a ela mais oportunidades de emprego no país.


​Minha experiência

Jovens que foram embora do país em busca de melhores oportunidades contam suas dificuldades e dão dicas para quem deseja trilhar esse caminho

Mariana Holanda - news carreiras
Mariana Holanda, 28, mora na Espanha e foi embora do Brasil aos 24 anos - Rodrigo Márcio

Dificuldades: Para Mariana, um dos empecilhos foi o idioma. "Por mais que eu falasse e entendesse, eu cheguei lá [na Austrália] e tinha a questão do sotaque, eles falam muito rápido", conta.

Dicas: "Primeiro, identifique onde estão as demandas para sua profissão e esteja de mente aberta. Não fique focado só dentro dos Estados Unidos, por exemplo, o que é um erro comum de muitos brasileiros. Pesquise em vários continentes, faça seu mapa de oportunidades e se prepare para o que eu chamo de 'perfil profissional internacional', faça seu currículo em inglês e LinkedIn também".

Victória Cardoso - news de carreiras
Victória Cardoso, 24, há dois anos mora em Chicago, nos EUA - Arquivo pessoal

Dificuldades: "Foi um baque quando eu cheguei aqui. Até porque o intercâmbio de au pair não é fácil, por estar morando com pessoas diferentes e também parecer que você está trabalhando 24 horas por dia. Cheguei dois meses antes de começar a pandemia e tudo piorou por causa da quarentena. Por isso, não consegui realizar coisas que tinha vontade, como fazer novas amizades e viajar. A cultura deles também é diferente, não estão acostumados a comer arroz e feijão, mas, por outro lado, gosto que as pessoas são mais respeitosas."

Dicas: "Independente do país, é sempre bom ter uma reserva de emergência. Foque em estudar o idioma, o máximo que conseguir porque por mais que você seja avançado, eles falam mais rápido e tem palavras do dia a dia com as quais você pode não estar acostumado. Além disso, indico ler bastante sobre o lugar que você vai. Os EUA, por exemplo, é um país gigantesco, onde cada estado tem a sua particularidade".


Não fique sem saber

Explicamos dois assuntos do noticiário para você

Deu ruim? O ex-presidente Donald Trump está na mira do FBI

  • Por que? De acordo com a imprensa dos EUA, os agentes buscavam materiais que o ex-presidente teria levado consigo quando saiu da Casa Branca e que pertencem ao governo, incluindo caixas com documentos confidenciais.
  • Trump respondeu: "Depois de trabalhar e cooperar com as agências governamentais relevantes, essa invasão não anunciada em minha casa não era necessária ou apropriada", afirmou o ex-presidente em nota.
  • Sobre a operação: os agentes recolheram 20 caixas com 11 conjuntos de documentos marcados como sigilosos, além de fotos e anotações.
  • Opinião: Em alerta a Bolsonaro, cerco a Trump se fecha, e republicano diz ser vítima, escreve a Folha em seu editorial, texto que expressa o que o jornal pensa sobre determinado assunto.

Veja 6 investigações que miram Donald Trump.

Ouça no podcast Café da Manhã o que se sabe sobre a operação do FBI e as investigações contra o ex-presidente dos EUA.

TSE a todo vapor. Entenda o que o tribunal está fazendo a menos de dois meses das eleições

Um compilado das últimas notícias sobre a atuação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

  • E vai ter mudança no comando. Moraes vai assumir a presidência do TSE nesta terça-feira (16), ele ascendeu na carreira ocupando diversas áreas de destaque das gestões de políticos de São Paulo e tem sido responsável pelos inquéritos que investigam Bolsonaro e apoiadores.
  • Outras medidas relacionadas às eleições:

↪ O tribunal rejeitou o pedido das Forças Armadas para ter acesso a dados de eleições passadas. Segundo Fachin, as entidades fiscalizadoras "não possuem poderes de análise fiscalização de eleições passadas, não lhes cumprindo papel de controle externo do TSE".

↪ O presidente do tribunal também excluiu o coronel Ricardo Sant'Ana do grupo de militares, que fiscaliza as eleições por divulgar fake news, por 'desacreditar o sistema eleitoral brasileiro', segundo Fachin.

↪ O ministro Raul Araújo Filho, do TSE, mandou YouTube apagar discurso em que Lula chama Bolsonaro de genocida. Para o magistrado, a fala do petista pode ter configurado "propaganda eleitoral extemporânea negativa, por ofensa à honra e à imagem de outro pré-candidato ao cargo de presidente da República".

↪ E mais pedidos. O tribunal determinou a exclusão de vídeos de Lula no Piauí após pedido do PDT, que aponta que Lula fez pedido explícito de voto, o que configura propaganda eleitoral antecipada.

Opinião: Em seu editorial, a Folha escreve o que pensa sobre duas medidas tomadas pelo tribunal, "afastamento de coronel que espalhava mentiras sobre urnas expõe despreparo das Forças Armadas".


Ouça no podcast Café da Manhã a disputa entre as campanhas de Lula e Bolsonaro no TSE

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