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Prédios mudam áreas comuns para valorizar apartamentos

Joel Silva/Folhapress
Espaço fitness criado em antigo 'quarto da bagunça' no Dandy Residence, na Vila Olímpia
Espaço fitness criado em antigo 'quarto da bagunça' no Dandy Residence, na Vila Olímpia

Dar vida a espaços pouco utilizados e aumentar o valor de cada unidade são os principais motivos que levam condomínios a mudarem os usos da área comum.

No Condomínio Edifício Prince of Kronberg, em Moema (zona sul de São Paulo), o plano inicial era reformular apenas o salão de festas. No fim, o projeto incluiu, entre outros itens, a construção de um elevador para pessoas com deficiência e a criação de um espaço zen.

A brinquedoteca foi transferida para um antigo depósito subaproveitado para ampliar a academia, que ganhou novos equipamentos.

A reforma, aprovada por unanimidade, durou 16 meses. Com um investimento de R$ 12 mil de cada um dos 44 apartamentos, o condomínio de 20 anos viu cada unidade valorizar cerca de R$ 150 mil. Com 150 metros quadrados, hoje são avaliadas em aproximadamente R$ 1,8 milhão.

Os moradores do Dandy Residence, na Vila Olímpia (zona oeste), também investiram na academia. Um "quarto da bagunça" de 20 m², sem utilidade, deu lugar a um espaço fitness com oito equipamentos de ginástica, TV e ar-condicionado.

O prédio, de 26 anos, conseguiu juntar cerca de R$ 66 mil -R$ 3.000 de cada um dos 22 apartamentos durante um ano- para reformas gerais. Mexeram em itens como sistema de segurança e estacionamento para visitantes.

"No início, metade dos moradores era contra fazer a academia com a verba que sobrou, dizia que era bobagem", conta Rogério Reyes Bruno, 51, economista e síndico.

"Hoje, os moradores reconhecem o 'upgrade' e o local virou um espaço de convivência e uso frequente", diz Eder Pascoal Besson, 51, engenheiro civil e subsíndico.

A reforma levou 60 dias e custou cerca de R$ 33 mil, incluindo os equipamentos. Com o estacionamento externo e o espaço fitness, Bruno e Besson calculam que cada apartamento valorizou mais de R$ 200 mil -hoje, custam em torno de R$ 1,75 milhão.

"Condomínios mais antigos precisam competir com empreendimentos novos muito bem equipados. Mesmo com boa localização, a área comum obsoleta pode fazer com que perca valor de mercado", diz Ana Cristina Tavares, da KTA Arquitetura.

Eduardo Anizelli/Folhapress
Área do Condomínio Edifício Prince of Kronberg, em Moema, que foi reformulada
Área do Condomínio Edifício Prince of Kronberg, em Moema, que foi reformulada

GASTOS

A prática mais comum para levantar dinheiro para reformas é o rateio extra, mas também é possível usar o fundo de reserva, se ele existir e a assembleia liberar, ou até o dinheiro de caixa, se a intervenção for mais simples.

Obras menos complexas também dispensam aprovação da prefeitura. Segundo Rubens Carmo Elias Filho, da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de SP, ela só é necessária quando houver alteração substancial e impacto sobre áreas a serem construídas -por exemplo, transformar uma quadra aberta em um ginásio coberto.

Não há consenso entre os especialistas sobre a maioria necessária em assembleia para aprovar alterações na área comum do condomínio.

"Dependendo da alteração, dá para fazer por maioria simples, por exemplo, quando for área que comprovadamente as pessoas não usam ou que está abandonada, quando não se tratar de obra grande e ela for reversível e se não houver investimentos de grande porte", diz Marcio Rachkorsky, advogado e colunista da Folha.

Ele recomenda que o síndico faça pesquisa de opinião antes de propor as alterações.

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