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Voltados para jovens, prédios novos no centro apostam no compartilhamento

Dos 52 condomínios residenciais lançados nos últimos 36 meses no centro de São Paulo, apenas dez fogem do perfil de imóveis compactos, com opções de um dormitório ou estúdios.

Isso porque, o mercado sabe bem, quem deseja morar na região tem um perfil bem definido, como explica Antonio Setin, presidente da Setin Incorporadora: "São jovens entre 25 e 35 anos, solteiros e descolados.

Pessoas que usam o imóvel mais para dormir e que querem ocupar os espaços públicos do entorno", diz ele. Sua incorporadora lançou sete empreendimentos na região desde 2012: na praça da República, na avenida São Luís, nas imediações da praça da Sé e perto da Estação da Luz, entre outros pontos.

Com o conceito de compartilhamento em alta, as construtoras têm investido em mais itens que podem ser usados por todos os moradores, como wi-fi nas áreas comuns, lavanderia coletiva e escritório multiúso, conveniências recorrentes em empreendimentos novos ali.

PARA TODOS

O Smart Santa Cecília terá, além de um carro e 12 bicicletas (duas elétricas) para o uso de todos, um apartamento decorado compartilhável, para visitantes de moradores. As reservas desse espaço serão feitas por um aplicativo de celular, que permitirá a interação entre vizinhos.

O preço de um apartamento no prédio parte de R$ 216 mil. O projeto prevê estúdios e plantas de um e de dois dormitórios, entre 26 m² a 52 m². Projeto da Gafisa, fica pronto em 2018.

Divulgação
Bicicletário do Smart Santa Cecília, da construtora Gafisa.
Bicicletário do Smart Santa Cecília, da construtora Gafisa.

Já o Universo Augusta, da Sinco Engenharia, prevê uma tela de cinema na cobertura. Instalada ao ar livre, na beirada da piscina e com o horizonte da cidade como paisagem, a sala de cinema poderá ser compartilhada pelos moradores por meio de um sistema definido após a entrega das chaves, no ano que vem. O preço médio de uma unidade estúdio de 22 m² e sem vaga na garagem é de R$ 357 mil.

Apesar do perfil do público da região, ligado ao conceito de compartilhamento, e da facilidade de acesso ao transporte público, quase todos os condomínios novos no centro ainda contam com a possibilidade de uma vaga de garagem. "Aqui no Brasil não tem trem como na Europa. Mesmo que a pessoa use transporte público para trabalhar, ainda quer ter carro para viajar", diz Mirella Parpinelle, diretora de atendimento e marketing da Lopes. Ela afirma, porém, que as unidades sem vagas para veículos, mais baratas, são as primeiras a serem vendidas.

Para o presidente da Setin, a tendência é que a necessidade de uma vaga de garagem seja reduzida. "Há cinco anos fizemos uma pesquisa com moradores do centro: 70% não querem ter carro", diz Setin. Ele pretende lançar em breve um empreendimento sem garagens no centro.

Divulgação
Lavanderia coletiva do Universo Augusta, da Sinco Engenharia.
Lavanderia coletiva do Universo Augusta, da Sinco Engenharia.

MORADOR X COMPRADOR

Mesmo com o crescente número de lançamentos e do consequente aumento de interessados em comprar imóveis no centro, a maioria dos moradores da região paga aluguel. "Setenta por cento dos compradores são investidores", diz Setin.

Ele se refere a proprietários como o professor de tênis de mesa Marcos Yamada, 58, que mora na Vila Romana (zona oeste). Desde 2014, comprou três apartamentos no centro, na planta, com a perspectiva de valorização nos próximos anos. "Uma hora o centro vai ser revitalizado, quero estar preparado", diz. Segundo Yamada, há uma possibilidade de barganha maior no centro do que em outros bairros considerados mais residenciais. "Você fala dos problemas da região, e o preço cai."

Veja dicas

O diretor comercial da You,Inc, Felipe Coelho, 32, comprou um estúdio em um dos dois condomínios que a incorporadora onde trabalha está levantando no centro. Mas ele não pretende viver lá.

"Moro em Araçoiaba da Serra [a 122 km da capital paulista], faço bate-e-volta todos os dias. O imóvel é para eu ter uma base em São Paulo. Cansei de hotel", diz. Coelho escolheu o You,Now Aclimação, que deve ficar pronto em setembro. A localização, com fácil acesso a grandes avenidas, pesou na escolha. "É um investimento. Se eu acabar não utilizando, vou alugar", afirma.

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