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Novos estilos de morar

Serviços compartilhados são tendência inevitável, afirmam especialistas

A analista bancária Cristina Magalhães, 38, lava roupa suja na frente dos vizinhos. O que antes era uma afronta aos bons costumes, hoje é realidade para quem, como ela, mora em apartamentos sem áreas de serviço e depende da lavanderia compartilhada.

Ela vive há um ano em um estúdio de 46 m² no Setin Downtown São João, no centro de São Paulo.

"No começo, estranhei. Não tem como não sentir uma invasão de privacidade. Hoje, não sinto mais falta de uma área de serviço. Tudo é uma questão de adaptação, a gente vai ter que começar a dividir", diz Magalhães.
Já a economista Andréa Angelo, 30, usa com frequência uma das quatro bicicletas disponíveis para todos os moradores do condomínio Vox Vila Olímpia, da Vitacon.

"Vou trabalhar de bicicleta todos os dias. Tenho a minha, mas quando ela está em manutenção uso as do prédio", conta ela, que trabalha a quatro quilômetros dali, no Itaim Bibi, zona oeste.

Além de lavanderias e bicicletas compartilháveis, os próximos empreendimentos em São Paulo contarão também com vans, carros e até apartamentos para visitantes que poderão ser usados por todos os moradores.
A tendência de compartilhar é "algo inevitável" em grandes cidades, segundo Bruno Vivanco, vice-presidente comercial da Abyara Brasil Brokers.

"Os espaços estão cada vez mais caros e escassos. Não é barato manter um carro, por exemplo. Uma vaga de garagem custa até R$ 100 mil", exemplifica.

Para Octávio Flores, diretor de incorporação da Gafisa, o sucesso de serviços como Uber e Airbnb serviu de exemplo ao setor imobiliário. "As pessoas estão mais interessadas no direito de uso em vez do direito de posse."

Jorge Araujo/Folhapress
Bicicletário compartilhado no Jardim das Perdizes, em São Paulo
Bicicletário compartilhado no Jardim das Perdizes, em São Paulo

NO MERCADO

A Gafisa está levantando dois empreendimentos que aliam tecnologia e compartilhamento. No Smart Vila Madalena e no Smart Santa Cecília, os moradores terão um aplicativo no celular para reservar carros, bicicletas e apartamentos para visitas.

A ferramenta vai permitir também que o morador se relacione com os vizinhos. "Será uma forma de encontrar alguém que queira dividir os serviços de diarista, personal trainer ou professor de inglês", diz Flores.

Com apartamentos de até dois dormitórios, de 31 m² a 105 m², o Smart Vila Madalena tem unidades vendidas a partir de R$ 377 mil. Os imóveis do Smart Santa Cecília, com plantas de até dois quartos, entre 26 m² e 52 m², custam a partir de R$ 317 mil.

O público disposto a dividir espaços e serviços é formado hoje, em sua maioria, por jovens solteiros ou casais sem filhos, segundo Vivanco. Mas as construtoras apostam que o hábito de compartilhar chegará a todas as idades.

A Gafisa mira as famílias no Like Alto da Boa Vista, que terá uma van para levar moradores a shoppings, escolas e escritórios da região.

O empreendimento também prevê uma horta, que será mantida pelos moradores.

O prédio terá unidades de até três dormitórios e 78 m², vendidas a partir de R$ 544 mil. A previsão é que fique pronto em 2019.

"O compartilhamento não é modismo. Veio para ficar e é para todas as idades. O que muda é o tipo de serviço oferecido para cada faixa etária e estilo de vida", diz Fabio Villas Bôas, diretor executivo técnico da Tecnisa.

A empresa é responsável pelo Jardim das Perdizes, um mega empreendimento com 2.600 unidades divididas em 28 torres, 10 já entregues.

Lá, os moradores já têm à disposição bicicletas compartilháveis e um escritório equipado com computadores, copiadoras, telefone e cafeteira. Até o final do ano, o condomínio também disponibilizará vans.

Os apartamentos, de dois a quatro dormitórios, são vendidos a partir de R$ 791 mil.

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