A casa deve funcionar como um carregador de energia para os seus moradores. Não existe uma fórmula universal para cumprir esse objetivo, mas aromas agradáveis, iluminação suave e cores neutras ajudam a transformar o lar em um centro de bem-estar (veja ideias ao lado).
"A relação entre ambiente e humor é bidirecional. Uma casa ruim piora o humor, e o estresse não permite que o morador curta a casa", diz Regina Wielenska, da Sociedade Brasileira de Psicologia.
Para a psicóloga, uma residência deve unir funcionalidade, conforto, afeto e estética. "Temos que cuidar da casa como do corpo. Se ela nos deixa infelizes, devemos procurar um profissional para resolver o problema", diz.
A psicóloga Maly Delitti, do Centro de Análise do Comportamento de São Paulo, afirma ser fundamental ter em casa espaços que funcionem como fontes de recompensa.
"Pode ser um cantinho para fazer exercício, para deitar na rede, uma cadeira gostosa para ler", explica. Ela lembra que viver em um ambiente acolhedor é um primeiro passo, mas não garante nada.
O brasileiro dá pouca atenção à casa, na opinião da professora de arquitetura da Faap Heloisa Dallari. Segundo ela, muita varanda por aí acaba virando depósito, quando esse é um espaço com função importante para ajudar a pessoa a relaxar.
MENOS, MENOS
Uma casa sem excesso de informação eleva o bem-estar de quem mora nela. "O maior erro é exagerar na quantidade de objetos em um ambiente", diz Noura van Djik, vice-presidente da Associação Brasileira de Designers de Interiores.
Atravancar os cômodos com itens "da moda" em detrimento daqueles que têm significado para os moradores deixa o lugar menos acolhedor, afirma a designer Sueli Garcia, do Centro Belas Artes de São Paulo.
Já o emprego de materiais agradáveis ao toque, como um sofá de tecido macio, aumenta a sensação de relaxamento. Usar com frequência louças ou copos bonitos (em vez de guardar para "ocasiões especiais") é uma recomendação, pelo prazer estético que proporcionam.
SOB MEDIDA
Uma casa relaxante é bem dimensionada. "É preciso prestar atenção na distância entre os móveis e o corpo humano", diz a professora de arquitetura Ana Maria Fasanella, do Mackenzie.
O espaço entre a lateral da cama e a parede, por exemplo, não deve ser menor do que 50 centímetros, explica.
Uma boa ventilação natural aumenta o bem-estar. O ideal é que todos os ambientes tenham janelas ou aberturas para circulação do ar.
O excesso de ruídos da rua pode ser estressante. Janelas acústicas são a forma mais eficiente de combater o problema. Pisos de porcelanato ou madeira polida não são indicados para espaços barulhentos: transformam o ambiente em uma "câmara de eco", segundo a arquiteta.
LÂMPADA MÁGICA
Luzes em tons amarelados são a melhor opção para quem quer desacelerar quando chega em casa. "Remetem à luz solar, dão sensação de conforto maior", diz a arquiteta Heloísa Dallari, professora da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado).
A intensidade da iluminação não pode ser alta. Luminárias e luzes indiretas embutidas ajudam a criar um clima mais intimista.
"Uma dica é ter em casa circuitos com níveis de luminosidade diferentes", sugere a designer Noura van Djik. "O ambiente pode servir tanto para trabalhar quanto para descansar", diz.
Durante o dia, a luz natural, com suas variações, deve ser suficiente para garantir o bem-estar dos moradores. "Luz sempre igual gera monotonia e angústia", afirma Dallari.
TRANQUILIDADE NO AR
Óleos essenciais de lavanda, bergamota, camomila e capim-limão são alguns dos mais indicados para quem deseja "acalmar" o ambiente. "Funcionam como medicamentos naturais contra o estresse", acredita a aromaterapeuta Beatriz Yoshimura.
Os óleos são colocados em difusores próprios ou em borrifadores. A combinação de dois tipos de óleo pode potencializar o efeito calmante, segundo o aromatólogo Fábian László.
As essências devem ser mantidas longe do calor, da luz e da umidade. Embalagens fechadas podem ser guardadas na geladeira.
Há no mercado aromatizadores de roupas de cama, quase sempre à base de lavanda.
SEM CONFUSÃO
Bagunça e estresse estão intimamente relacionados. "Dificulta a limpeza, gera brigas, faz com que espaços deixem de ser aproveitados", diz a especialista em organização Ingrid Lisboa. "Uma casa arrumada é mais tranquila."
A sala e o quarto estão entre as principais fontes de irritação em casa, segundo a organizadora pessoal Juliana Faria. No primeiro caso, por ser espaço de convivência. Já no segundo, a culpa é do guarda-roupa. "Organizá-lo pode durar alguns meses, a pessoa tem que se programar para arrumar em partes."
TONS CLAROS
Azul e verde são tradicionais aliados de quem precisa deixar um ambiente mais relax. "São cores que atingem o cérebro de forma mais suave, não estimulam pontos de excitação", diz Elisabeth Wey, presidente do Comitê Brasileiro de Cores.
O ideal é misturá-las com tons mais neutras, como o branco e o cinza. "A cor pura é muito vibrante. Com a mistura, fica mais suave", diz a arquiteta Ana Maria Fasanella. O tom escolhido deve combinar com a incidência de sol no cômodo, explica Wey. "Quanto mais escura a cor, mais luz ela pede."
JARDIM NO TOM
Plantas são gostosas de olhar, ajudam a purificar o ar e a deixar o ambiente mais cheiroso. Mas, na opinião de Eliana Azevedo, presidente da Associação Nacional de Paisagismo, é melhor manter a harmonia entre elas, sem abusar de muitas cores e flores. "Se for para exagerar, que seja nas folhagens, não na mistura de tons."
O vaso precisa combinar com a planta ou flor. Para ambientes de sombra, ela sugere o xanadú em vaso terracota e a léia vermelha em base tom de palha.