Com ruas largas, arborizadas e ocupadas por grandes casas, o City Lapa ainda preserva seu projeto original, bancado pela Companhia City no início do século 20.
A empresa, criada em Londres, instalou-se em São Paulo em 1912 e foi responsável por urbanizar mais de 12 milhões de metros quadrados em terrenos pela cidade.
O desenho do City Lapa, que ocupa 1,3 milhão de metros quadrados, ficou a cargo do arquiteto inglês Berry Parker (1867-1947).
| Eduardo Anizelli/Folhapress | ||
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| Rua do City Lapa, bairro desenhado para ser uma cidade-jardim na zona oeste de São Paulo |
Ele trouxe ao Brasil o conceito de "cidade-jardim", que defende uma maior conexão entre o campo e a cidade. A ideia já havia sido aplicada nas cidades britânicas de Litchworth e Hampstead.
O projeto se caracteriza pelas ruas sinuosas, que seguem as curvas do nível do relevo, e muito arborizadas. As calçadas são espaçosas e têm canteiros com plantas.
"Isso torna o caminhar pelas vias mais agradável", explica Aline Regino, urbanista e professora do Centro Universitário Belas Artes.
Os lotes são grandes, e as casas ficam isoladas dentro deles, isto é, com espaço de jardim em seu entorno.
"Isso foi determinado pela City para garantir ventilação e insolação nas casas, o que na época estava relacionado a melhores condições sanitárias", afirma Regino.
A ideia inicial era ser um bairro destinado aos operários da vizinha Barra Funda, na época um distrito industrial. No entanto, suas características atraíram um público de maior poder aquisitivo.
Para o urbanista José Geraldo Simões, o City Lapa tem o melhor traçado da cidade. "Há muito espaço público para os moradores aproveitarem, como praças e parques."
RESTRIÇÕES
Pouca coisa mudou no City Lapa desde a sua inauguração, em 1929.
A Companhia City se encarregou de garantir que o bairro não fosse modificado, colocando na escritura dos imóveis restrições, como, por exemplo, manter o espaço de recuo das casas.
As regras de zoneamento da cidade também contribuem. O City Lapa está em uma Zona Estritamente Residencial (ZER), o que impede que os imóveis sejam transformados em comerciais.
Além disso, o desenho urbano do bairro foi tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo, em 2009. "Você até pode derrubar uma casa, mas deve construir outra com o mesmo porte no lugar", diz Simões.