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Grande São Paulo

Santo André reúne escolas públicas voltadas à formação artística

Santo André, na Grande São Paulo, é padroeiro da educação artística: o município abriga, desde o início da década de 1990, escolas livres de teatro, dança, cinema e vídeo e literatura que oferecem formação e programação cultural gratuita.

O projeto de criar núcleos de formação artística na cidade surgiu durante a primeira gestão de Celso Daniel (1951-2001) na prefeitura, quando o ator e diretor Celso Frateschi era secretário da Cultura do município.

Divulgação
Espetáculo Aporia, da ELT, de Santo André ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Cena do espetáculo "Aporia 23ºS 46ºO", montado por alunos da Escola Livre de Teatro

"A ideia era sair dos padrões da capital para responder às necessidades de Santo André. Não interessava formar necessariamente mão de obra para o mercado cultural, mas contribuir na construção de conhecimento artístico", conta Frateschi.

Em 1990, foram inauguradas as escolas de teatro, dança e cinema e, em 1992, a Casa da Palavra, que abriga oficinas de literatura.

As escolas surgiam em um contexto propício para revitalizar uma vocação da cidade para aglutinar pessoas dispostas a produzir arte de forma coletiva fora do eixo Rio-São Paulo.

A cena teatral era especialmente forte nas décadas de 1960 e 1970, época em que trabalharam na cidade artistas hoje famosos como Sonia Braga e Antônio Petrin. Não à toa, a escola de teatro é a mais famosa entre as instituições de ensino livre de artes.

O sucesso da escola não impediu que, por mais de uma vez, a iniciativa corresse o risco de acabar. A escola chegou a permanecer fechada entre 1994 e 1997.

"Cada vez que muda o prefeito, os representantes da escola têm que negociar, muitos não entendem qual é o projeto artístico-pedagógico", diz Fernando Gonzales, produtor da Escola Livre.

Mas, assim como suas instituições-irmãs nas áreas de dança, cinema e literatura, o lugar tem resistido aos altos e baixos das políticas culturais e da economia.

"Essas escolas sempre tiveram uma característica de resistência", afirma Solange Dias, que foi aluna há mais de 20 anos, no primeiro núcleo de dramaturgia, e voltou à escola há três anos, como orientadora de dramaturgia e coordenadora pedagógica.

Miguel Denser/Divulgação
Espetáculo de dança Sacilotto, da ELD de Santo André ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Alunos da turma avançada da Escola Livre de Dança durante a apresentação da coreografia "Sacilotto"

No último ano, a equipe do teatro retomou a ideia original das escolas, que é a de trabalhar em rede. Assim, alunos da Escola Livre de Dança têm se apresentado nas salas da escola de teatro, que por sua vez apresenta seus espetáculos de formatura nos espaços da Escola Livre de Cinema e Vídeo.

PROCESSO SELETIVO

Cerca de 250 alunos, vindos da região do ABCD e de outras cidades do Estado, frequentam a escola de teatro. O curso de formação para atores e atrizes dura quatro anos e oferece 20 vagas por ano para cerca de 200 candidatos.

Os outros cursos, em áreas como direção, dramaturgia, circo etc., têm duração de um ano e aulas uma ou duas vezes por semana. O processo seletivo para 2017 deve ser aberto nesta segunda (28).

A Escola Livre de Cinema e Vídeo oferece um curso de três anos de formação na área, atualmente frequentado por 80 alunos. A de dança atende 400 pessoas de Santo André e cidades da região. As 17 turmas, com aulas de duas a três vezes por semana, recebem estudantes a partir dos quatro anos. Novas vagas devem ser abertas no começo do próximo ano.

Já a Casa da Palavra oferece cursos de curta duração sobre criação e crítica literária.

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