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itaim e vila olímpia

Avenida Juscelino Kubitschek reflete verticalização das zonas sul e oeste

Por baixo da avenida Juscelino Kubitschek passa um rio. É o córrego do Sapateiro, que nasce na Vila Mariana, alimenta os lagos do parque Ibirapuera e deságua no rio Pinheiros. O nome faz referência aos curtumes que ficavam à sua margem.

Durante a construção, a via chegou a ser chamada de avenida do Sapateiro. Pouco antes da inauguração, em 1976, o nome foi trocado para homenagear o ex-presidente Juscelino Kubitschek, morto no mesmo ano.

Com de cerca de dois quilômetros de extensão, a Juscelino Kubitschek liga a avenida São Gabriel à marginal Pinheiros e faz divisa com os bairros Itaim Bibi e Vila Olímpia, que, no início do século passado, ainda eram chácaras com grandes áreas de alagamento do rio Pinheiros.

A inauguração da avenida, no final dos anos 1970, coincide com o processo de verticalização da região.

"Em 1970, [o bairro] continuava com muitas áreas vazias, e os preços dos terrenos ainda eram bons", afirma trecho do livro "Itaim Bibi", de Helena de Queirós Ferreira Lopes e Vera Lúcia Vilhena de Toledo.

Além do córrego do Sapateiro, outras histórias rolam no subterrâneo da avenida. Uma delas é a da chamada favela JK, que nasceu no canteiro de obras da avenida e nos anos 1980 ocupou uma área de 3.050 metros quadrados, com 250 barracos e cerca de 1.200 famílias, na altura da rua Atílio Innocenti.

Na gestão do prefeito Jânio Quadros, de 1986 a 1989, os moradores da favela foram obrigados a sair de lá quando foi iniciada a obra do Bulevar JK, um projeto complexo que envolvia um túnel para ligar o Ibirapuera ao Morumbi e um calçadão arborizado ao longo da avenida.

A obra foi paralisada na gestão da prefeita Luiza Erundina e não saiu do papel.

Outra história soterrada é a da primeira ciclovia da cidade de São Paulo, que hoje poderia ligar o parque Ibirapuera ao parque do Povo, e que também desapareceu nas obras do bulevar.

Hoje a avenida é uma das principais artérias do centro financeiro de São Paulo. Suas construções espelhadas exibem um reflexo distorcido do céu e dos helicópteros.

A única e estreita praça da via recebeu o nome do rei árabe Abdul Aziz Al Saud e foi inaugurada com a presença de seu filho, o príncipe Nawaf Bin, que passeou de Rolls-Royce ao lado do então prefeito Celso Pitta.

Há dois anos, outro "rei" deixou sua marca. O edifício Horizonte é o primeiro empreendimento na cidade da incorporadora Emoções, do cantor Roberto Carlos. Com 39 andares, é o prédio mais alto da avenida, com direito a uma luxuosa piscina de borda infinita no terraço.

Na outra ponta da via, a fachada do Café Photo exibe seu slogan: "Quem conhece, sabe a diferença". E a passarela para pedestres Marcelo Fromer, homenagem ao guitarrista da banda de rock Titãs, parece responder: "Riquezas são diferentes".

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