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'Romero Britto do ABC' tem acervo a céu aberto em São Caetano do Sul

Os muros coloridos espalhados pelas ruas de São Caetano viraram uma das marcas da cidade da Grande São Paulo. Eles são obra de um único artista, o pintor Aleksandro Reis, 43.

Seu acervo a céu aberto inclui mais de 20 desenhos pintados em edifícios comerciais e prédios públicos da cidade. São de sua autoria as pinturas nos muros ao redor do Estádio Municipal Anacleto Campanella e o retrato do ginasta sulsancaetanense Arthur Zanetti, no cruzamento entre a avenida Goiás e a rua Oswaldo Cruz.

Uma característica do seu trabalho é a mistura de estampas, como em uma colagem. Os temas são sempre ligados à cultura brasileira.

Alberto Rocha/Folhapress
SAO PAULO - SP 30.05.2018 - Produção de capa do Sobre Tudo. Produção de capa do Sobre Tudo, com a Danae Stephan. Vamos fotografar uma colagem de geladeira e fruteira. O tema é como evitar desperdícios e fazer os alimentos durarem mais. FOTO: KEINY ANDRADE/FOLHAPRESS
Aleksandro Reis, 43, em frente a uma de suas obras numa escola de São Caetano do Sul

O estilo de algumas de suas pinturas no início da carreira rendeu a Aleksandro o título de "Romero Britto do ABC".

"Eu tive, sim, uma fase inspirada no Romero Britto, mas foi lá atrás, nos anos 1990, quando ele ainda não era tão conhecido no Brasil", diz.

Aleksandro reconhece, contudo, que o controverso artista pernambucano radicado nos Estados Unidos é uma de suas referências no trabalho com as cores, ao lado de Matisse e Beatriz Milhazes, segundo ele.

Morador de São Caetano desde 1995, Aleksandro nasceu em Adamantina, cidade do interior paulista com pouco mais de 30 mil habitantes.

As andanças com o pai, que percorria a região para pintar paredes de moradias populares recém-construídas, despertaram em Aleksandro o interesse pela arte.

Ainda menino, levava broncas dos professores por desenhar em sala de aula. Um de seus primeiros trabalhos foi a criação de estampas para uma marca de camisetas de São José do Rio Preto.

O artista narra a empolgação de quando, no começo dos anos 1990, os integrantes da banda de rock Raimundos foram fazer um show na cidade e vestiram camisetas com um desenho criado por ele.

"Era uma espécie de lata de lixo estilizada. Só que ficava nas costas deles", diverte-se.

Aleksandro passou também um mês vivendo em um estúdio usado para a gravação dos programas de TV apresentados pelo Padre Marcelo Rossi. Sua missão era pintar painéis com motivos religiosos, semelhantes aos encontrados nas paredes de igrejas católicas.

O artista conta que conseguiu espalhar sua obra pelos muros de São Caetano graças a um trabalho de divulgação boca a boca e à distribuição de panfletos em lojas de materiais artísticos.

Hoje, ele tem um ateliê em sua casa. Lá, pinta quadros sob encomenda. Os preços dependem do tamanho e do grau de dificuldade, avisa. Uma obra em uma tela de 1 metro quadrado, por exemplo, custa a partir de R$ 1.000.

Aleksandro acaba de embarcar rumo à Bósnia, onde participa da sétima edição do Street Arts Festival Mostar, evento anual de arte urbana que vai até 21 de junho e, e reúne nomes locais e internacionais.

Os artistas são convidados a pintar murais nas ruas de Mostar, cidade devastada pela Guerra da Bósnia na década de 1990. O painel do brasileiro deve representar o cantor italiano Luciano Pavarotti, fundador do Pavarotti Music Centre, instituição sem fins lucrativos dedicada a ajudar jovens afetados pelo conflito.

Mariana Janjácomo

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