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Supersíndico enfrenta desafios típicos de prefeito em megacondomínios de SP

Administrar um megacondomínio exige uma equipe capacitada para lidar com milhares de reclamações. No Portal do Morumbi, na zona oeste de São Paulo, o morador e síndico-geral José Alexandre Negrini, 37, tenta garantir a paz e a tranquilidade de 3.200 pessoas.

Há quatro anos e meio, ele assumiu a administração do conjunto de 16 torres, com 800 apartamentos. Os imóveis têm de 141 a 300 metros quadrados, e o condomínio custa em torno de R$ 2.300.

Para isso, Negrini fez um curso de síndico profissional e conta com o apoio de 255 funcionários contratados e de 1.200 prestadores de serviço.

Cada torre tem um subsíndico, 32 conselheiros e grupos de apoio, que ouvem as demandas dos moradores e promovem melhorias. Segundo Negrini, todos são voluntários, incluindo ele mesmo, que dedica três horas e meia do seu dia ao condomínio.

Alberto Rocha/Folhapress
Moradores do Parque Residencial Tiradentes ao lado do síndico Daniel Gonçalo da Silva (à dir.)
Moradores do Parque Residencial Tiradentes ao lado do síndico Daniel Gonçalo da Silva (à dir.)

A figura do síndico morador aposentado é menos frequente, segundo Márcio Rachkorsky, advogado especializado em condomínios e colunista da Folha. No lugar, assume um administrador profissional. "Os conjuntos ficaram maiores, mais complexos, e os moradores são muito mais exigentes", afirma.

Nesse contexto, as queixas comuns, de inadimplência a barulho, continuam existindo, mas a elas se somaram questões como a preocupação com segurança e transparência na prestação de contas.

"O valor do condomínio subiu muito com o aumento dos serviços nos condomínios. Por isso, é importante ter boa comunicação, com acesso fácil ao balancete e às cópias dos contratos, e até uma maneira de mostrar aos moradores as realizações da administração, como um jornal", afirma Rachkorsky.

No Portal do Morumbi, a paz e a tranquilidade são perturbadas por poucos conflitos, segundo Negrini. Quando ocorrem, são resolvidos mais com orientação do que com punição.

"Os moradores já conhecem as regras. Se uma criança anda de bicicleta no meio da rua, por exemplo, orientamos a andar acompanhada de um adulto", afirma.

Alberto Rocha/Folhapress
Salão do restaurante do condomínio Portal do Morumbi, na zona oeste de São Paulo
Salão do restaurante do condomínio Portal do Morumbi, na zona oeste de São Paulo

Essa receita nem sempre funciona no Parque Residencial Tiradentes, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, que tem 26 torres e cerca de 12 mil moradores. Ali, o condomínio varia de R$ 226 a R$ 430.

Síndico do condomínio há dez anos, Daniel Gonçalo da Silva, 66, não tinha experiência nesse tipo de gestão. Para ele, o maior desafio do cargo é mesmo lidar com moradores.

"Se um deles chega aqui exaltado, você não pode se exaltar também. Tem que ter jogo de cintura para lidar com as situações", afirma.

Alberto Rocha/Folhapress
O síndico José Negrini (à dir.) e residentes do Portal do Morumbi
O síndico José Negrini (à dir.) e residentes do Portal do Morumbi

Mas a tática já teve de ser deixada de lado. Um inquilino alugou a sua vaga de garagem, parou o carro na área comum do estacionamento externo, o que é proibido, e tentou montar uma barraquinha no condomínio para vender produtos.

"Quando reclamei, ele bateu boca comigo e disse que ia me tirar do cargo. Eu falei: 'Ou você me tira ou eu tiro você daqui", conta o administrador.

A moradora Míriam Areal, 58, também reclama do estacionamento. "Muita gente tem mais de um carro e acaba usando a vaga externa de maneira permanente. Aí, quando chega visita, não tem onde estacionar", diz.

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