Publicidade

compactos e compartilhados

Loteamentos sem muros aproximam vizinhos no interior de SP

O modelo de coliving tem sido uma aposta de construtoras também fora da cidade de São Paulo para conquistar um público que preza pela convivência, mas não quer abrir mão das comodidades do condomínio.

A empresa Lote 5 criou o ComViva, loteamento na região de Piracicaba (160 km de São Paulo). "Estamos trazendo a convivência da comunidade para um loteamento com infraestrutura e segurança", diz Artur Braga, sócio da empresa.

O empreendimento tem 385 lotes de 175 metros quadrados cada um, que custam R$ 420 mil. Os projetos das casas têm plantas padrões, com a previsão de reúso de água e aquecimento solar.

O diferencial do loteamento está na área de convívio. Foi criada uma associação de moradores que vai atuar como porta-voz dos residentes junto aos órgãos públicos, além de organizar oficinas de esporte, arte e cultura.

O projeto prevê unir comércio e residência num só terreno. "Vamos incentivar a economia solidária, com feira de trocas entre os moradores", afirma Braga.

O bairro terá um sistema de vigilância solidária, com a instalação de câmeras e monitoramento pelo celular dos moradores, que terão um apito em casa para pedir ajuda caso necessário. Por se tratar de um loteamento, não de um condomínio, não há portaria ou guardas.

Em Campos do Jordão (a 181 km da capital), o empreendimento Habitat dos Mellos, a ser construído ao lado do hotel de luxo Botanique, também não terá muros. "Não é um condomínio, é um vilarejo autossustentável que integra os novos moradores com a população nativa", diz Fernanda Ralston, empresária responsável pela ideia.

A metragem das casas vai variar de 70 a 250 metros quadrados -os valores ficarão entre R$ 450 mil a R$ 1,5 milhão (quanto mais próximos do hotel, mais luxuosos e caros serão os imóveis).

Divulgação
Praça no bairro Habitat dos Mellos, a ser construído em Campos do Jordão (SP)

Fernanda afirma que o vilarejo já tem cerca 700 pessoas da comunidade local e os novos moradores se integrariam a elas. "O vizinho de um imóvel de alto luxo pode ser o agricultor ou um bistrô local."

Serão cerca de 150 unidades, que podem contar com até cinco projetos diferentes. O empreendimento está em fase de implantação e ainda não foi colocado à venda.

Não são só os loteamentos que estão aderindo à convivência maior entre vizinhos. Essa é uma tendência também em prédios de apartamentos.

"Percebemos uma evolução. Primeiro condomínio-clube, pensado para quem não quer não sair de casa, e agora temos prédios menores, com apartamentos pequenos e uma área de convívio grande, afirma Marcio Rachkorsky, advogado especializado em condomínio e colunista da Folha.

A Wikihaus, de Porto Alegre, lançou em setembro de 2017 o Cine Teatro, prédio com 58 apartamentos, localizado na região central da cidade.

As unidades têm entre 34 e 48 metros quadrados, com valor médio de R$ 415 mil. A área interna é aberta, como um loft, porque a intenção é que o morador receba visitas na área de convivência e só leve para o seu apartamento pessoas muito próximas.

"Foi um projeto pensado para essa nova geração, que não busca a propriedade do imóvel, mas um lugar para morar", diz o diretor da construtora, Enio Pricladnitzki.

Para incentivar a integração entre condôminos, o prédio dispõe de bicicletas, ferramentas e eletroeletrônicos compartilhados. Tem ainda lavanderia coletiva, e a ideia é que o salão de festas seja usado ao mesmo tempo por vários moradores, já que a churrasqueira e espaço para coworking ficam na mesma área.

A intenção do construtor é levar o modelo para imóveis maiores e em regiões mais nobres. Há cinco meses foi lançado um empreendimento semelhante no bairro Petrópolis, também em Porto Alegre. São 38 unidades de 60 a 200 metros quadrados, com valores que variam de R$ 630 mil a R$ 2,5 milhões.

"Cada condomínio terá que fazer suas próprias regras para que de fato os espaços coletivos sejam usados da forma como foram concebidos", afirma Pricladnitzki.

Rachkorsky concorda. "É preciso ser mais flexível, com extensão de horários, para evitar colidir de frente com a proposta do local que é de mais coletividade."

Ele ressalta a importância de o condomínio criar soluções para isso. "Um aplicativo com o envolvimento dos moradores é uma alternativa. É preciso de fato integrar as pessoas, porque se deixar a convivência só para área comum não vai funcionar", afirma.

Publicidade
Publicidade
Publicidade