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compactos e compartilhados

Plataforma dá 'match' entre dono de imóvel e quem quer alugar quarto

Nos últimos anos, dividir o apartamento com alguém desconhecido deixou de ser exclusividade de universitários e passou a ser uma prática comum de quem quer, por um lado, um aluguel mais em conta e, por outro, um complemento de renda.

Para ajudar nessa busca, existem plataformas como a inglesa RoomGo (ex-EasyQuarto). Ela funciona como um Tinder : os usuários publicam seus perfis e o aplicativo faz a conexão entre anúncios que combinam entre si.

São Paulo, SP, Brasil, 19-11-2018: Letícia Henriques dos Santos, 36, administradora de empresas, na sala de seu apartamento. (Foto: Alberto Rocha/Folhapress)
Letícia Henriques dos Santos, 36, administradora de empresas, na sala de seu apartamento; ela encontrou seu primeiro inquilino pelo RoomGo (Foto: Alberto Rocha/Folhapress)

O serviço básico é gratuito mas, à medida em que novos anúncios são postados, os mais antigos caem para o fim da lista. Para que eles sejam relançados e voltem ao topo, é preciso pagar R$ 9,99.

O perfil de quem oferece e de quem procura quartos é parecido, diz o gerente-geral da RoomGo, Jack Martin, 36: cerca de 40% deles têm entre 24 e 35 anos, e as mulheres respondem por 56% do total.

A plataforma do Brasil conectou 2,3 milhões de pessoas em 12 anos de operação.

Embora a maior parte não estabeleça um período pré-determinado, a estadia média é de um ano.

Quanto mais completo o perfil, avisa Martin, mais rápido o retorno. "Para quem oferece quartos, sempre aconselhamos publicar o máximo de informações, as regras de convívio e boas fotos do local."

A administradora de empresas Letícia Henriques dos Santos, 36, encontrou seu primeiro inquilino no RoomGo.

"Pus o anúncio, surgiram várias propostas e selecionei três candidatos para entrevistar. A princípio, planejava alugar o quarto para uma mulher, mas transformei a vaga em 'gay friendly'", diz Santos.

O aluguel acertado de um quarto em seu apartamento de 75 m², localizado em Pinheiros, foi de R$ 1.600. O valor mensal inclui taxas e dá direito ao uso das áreas comuns do imóvel, como lavanderia, cozinha e o único banheiro.

"Precisava complementar a renda. Embora estivesse acostumada a viver sozinha, está sendo mais tranquilo do que imaginava. Nosso santo bateu e deixamos todos os detalhes alinhados já na entrevista, para evitar atritos", conta a administradora.

Entre eles, o acerto sobre a faxina: o locatário se responsabiliza pela limpeza do quarto, e Santos, do restante do apartamento.

A localização do imóvel, segundo Martin, da RoomGo, é o fator que mais pesa no valor do aluguel. Em São Paulo, os mais valorizados estão perto da avenida Paulista, de universidades ou do metrô.

Mas há outras formas de atrair inquilinos. Como seu apartamento não cumpre nenhum desses requisitos, o diretor comercial Danilo de Oliveira, 38, dono de um imóvel no Jardim Marajoara, bairro da zona sul, decidiu turbinar a decoração do quarto.

São Paulo, SP, Brasil, 19-11-2018: Danilo de Oliveira, 38, head commercial da 2 Build Engenharia, no quarto que aluga em seu apartamento. (Foto: Alberto Rocha/Folhapress)
Danilo de Oliveira, 38, head commercial da 2 Build Engenharia, no quarto que aluga em seu apartamento (Foto: Alberto Rocha/Folhapress)

"Para atrair inquilinas mulheres, que considero serem mais organizadas, fiz uma reforma e pus penteadeira, escrivaninha e cabide para bolsas", afirma Oliveira.

A mudança permitiu ainda subir o aluguel mensal de R$ 1.200 para R$ 1.500 -taxas, internet rápida e faxina quinzenal estão inclusas no pacote.

Sua mais recente inquilina, a baiana Driele Farias, 31, se mudou em outubro passado. Secretária de uma clínica odontológica na Vila Olímpia, ela pretende ficar por pelo menos seis meses no imóvel antes de procurar outro endereço mais perto do trabalho.

O encontro entre os dois foi intermediado por outra plataforma de locação, a Webquarto, fundada pelo mineiro Dyego Nery, 28, em 2015.

O site tem 130 mil usuários cadastrados, dos quais 80% estão à procura de um quarto. O pacote básico é gratuito, mas quem opta pela assinatura premium, a R$ 25,90 por mês, garante maior visibilidade do anúncio.

Até o ano que vem, Nery pretende lançar uma ferramenta que permite intermediar toda a negociação de locação no site, o que, defende, garante maior segurança. "Por enquanto, sugerimos apenas que não forneçam dados pessoais no primeiro momento e iniciem a negociação pela ferramenta de diálogo."

Ainda neste ano, segundo o empresário, o Webquarto terá uma ferramenta de avaliação de locadores e locatários, a exemplo do que já fazem outros aplicativos de compartilhamento, como Uber.

No RoomGo, a segurança dos usuários também está na pauta. De acordo com Jack Martin, os anúncios são monitorados individualmente. "Nossa equipe de atendimento ao cliente verifica qualquer comportamento suspeito. Quem viola nossos termos e condições é banido."

A lei nº 8.245/1991 estabelece regras para locações de imóveis e quartos. Especialistas alertam, contudo, que esta última modalidade exige maiores cuidados, já que envolve a convivência estreita entre as partes.

"Por se tratar de uma nova forma de locação, o ideal é que todas as condições estejam previamente definidas em contrato", aconselha o advogado Cristiano A. Lopes, sócio do escritório Rachkorsky, de São Paulo, especializado em direito condominial.

Todas as condições de locação, como vigência, valor, garantias (fiança, caução ou depósito) e regras para uso da residência devem ser escritas.

Para quem vive em apartamento, o mesmo vale para as regras estabelecidas pelo condomínio -em geral, o locatário pode usar áreas comuns, como sala de ginástica e piscina, mas é preciso consultar o regulamento interno.

"Para evitar problemas, é importante incluir até a permissão para levar visitas ou namorados. Pode parecer invasivo, mas tudo o que estiver descrito deve ser cumprido", afirma Lopes. Segundo ele, não é necessário registrar o contrato em cartório, embora seja recomendável reconhecer a firma de quem o assina.

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