Uma das atrações mais fotografadas da Semana de Design de Milão, a grande réplica da poltrona UP5&6, instalada desde sábado (6/4) na praça do Duomo, está sendo criticada por grupos de mulheres italianas. Depois de um ato organizado no domingo (7) pelo grupo Non Una di Meno (em italiano, nem uma a menos), a instalação amanheceu suja de tinta vermelha nesta terça (9).
Criada em 1969 pelo designer italiano Gaetano Pesce, 79, a poltrona com formas arredondadas e ligada por fio a um apoio de pés esférico é descrita como uma "metáfora da figura feminina dotada de um confortável útero e mesmo assim uma prisioneira", conforme o site da fabricante B&B Italia, que apóia a ação junto com patrocínio da prefeitura. O móvel também está exposto no recém-inaugurado Museu do Design Italiano, em Milão.
Para comemorar seus 50 anos, a peça foi transformada numa instalação de oito metros de altura, com flechas fincadas, como parte dos acontecimentos da Semana de Design.
Diz a placa que acompanha a atração: "Este famoso objeto foi o primeiro produto do design italiano com significado político." "O conjunto lembrava a condição de prisioneira e denunciava a posição da mulher como vítima do preconceito, dos medos e da violência do homem." "Hoje, depois de 50 anos, a existência da mulher está ainda mais ameaçada, mas felizmente são cada vez mais vozes que se levantam em sua defesa no mundo."
Logo no dia seguinte, as mulheres do Nun Una di Meno foram à praça protestar. Segundo declaração do grupo no Facebook, a peça "não representa a mulher porque o corpo é transformado em objeto inerte" e não representa "o fato de que a violência é praticada pelos homens mais próximos da mulher: amante, namorado e marido".
Nesta terça, a instalação amanheceu manchada com traços e gotas de tinta vermelha. Segundo o jornal "Corriere della Sera", a ação foi realizada por outra mulher, que protestava contra a imagem feminina como objeto de decoração.
