Publicidade

zona sul

Modelo de aluguel 'long stay' tem contrato simples e sem fiador

Os centros empresariais da zona sul de São Paulo têm atraído um tipo específico de empreendimento residencial: o long stay (estadia longa, em inglês), voltado para um público em busca de praticidade e uma casa temporária perto do trabalho.

Neste modelo, apartamentos mobiliados e decorados (o que inclui até a roupa de cama e banho) podem ser alugados com contratos mais simples e sem fiador –basta pagar a locação do mês. As construtoras afirmam que, em menos de 24 horas, o futuro morador recebe as chaves.

"É uma atualização dos flats. O interessado pode se instalar rapidamente", resume Angélica Quintela, gerente de marketing do portal de imóveis Imovelweb.

Assim como os flats, que tiveram o seu boom na década de 1990, os apartamentos de long stay têm metragens maiores do que os hotéis. Costumam oferecer entre 25 e 45 metros quadrados de área útil, mas podem chegar a mais de 100 metros quadrados.

Foi o espaço, aliado à facilidade de locação, que atraiu o engenheiro Rodrigo Rodrigues, 42, a passar dois meses com a família em um apartamento no Geo Berrini enquanto fazia uma reforma em casa.

"Como éramos quatro pessoas, eu precisava de um pouquinho mais de espaço. Pesquisando na internet, descobri o long stay e no dia seguinte estávamos instalados."

O empreendimento, localizado no Brooklin, tem apartamentos de 62 a 107 metros quadrados. Entre as comodidades, estão serviços (pagos à parte) como lavanderia, arrumação e massagem.

"Não é um hotel, porque não tem recepção nem café da manhã. Mas nos preocupamos com a conveniência do hóspede. Temos um help desk que oferece suporte para problemas cotidianos, como uma geladeira que parou de funcionar", afirma Joaquim Azevedo, presidente da Sequoia Properties, que administra 30 das 130 unidades do prédio Geo Berrini.

A empresa trabalha com 50 imóveis nos bairros da zona sul, dos quais 80% costumam ficar alugados por períodos de no máximo três meses. O valor dos aluguéis começa em R$ 2.700 e pode chegar a R$ 14.000. O pacote inclui também o condomínio e o IPTU.

Nos empreendimentos long stay da Vitacon, a flexibilidade é total. Quem quiser, pode alugar um de seis apartamentos por apenas uma noite.

O processo de reserva pode ser feito todo online, por meio da plataforma Housi, criada pela construtora para fazer a administração dos seus próprios imóveis.

Além dos prédios de bairros da zona sul com forte característica corporativa, como Brooklin e Vila Olímpia, a empresa tem opções para locação na Vila Mariana e na Saúde, onde o perfil majoritário é de estudantes.

"É uma tendência global. Hoje é inviável ter um imóvel que acompanhe toda as etapas da vida. As pessoas precisam de mais mobilidade, o que torna o aluguel mais interessante", afirma o presidente da incorporadora, Alexandre Lafer Frankel.

O modelo cresce impulsionado também pela crise econômica. "Comprar está cada vez mais difícil, então a solução é alugar", diz Danilo Igliori, executivo do Datazap, braço de dados do Grupo Zap.

Na opinião do professor de real estate da USP, João da Rocha Lima Jr., o modelo pode ter vida curta se a economia melhorar. "As pessoas estão aderindo a essas soluções porque querem estar perto do trabalho, mas não têm poder de compra. O que não significa que elas não queiram um imóvel próprio. Temos de ter cuidado com os estereótipos fabricados pela publicidade."

Publicidade
Publicidade
Publicidade