Construtoras investem em prédios exclusivos para quem quer alugar

Empresas prometem menos burocracia e maior agilidade para conquistar clientela

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Ilustração do apartamento do empreendimento Urbic Ibirapuera
Ilustração do apartamento do empreendimento Urbic Ibirapuera - Divulgação
Cristiane Teixeira

Incorporadoras têm aderido ao mercado de locação de olho na clientela, principalmente os mais jovens, que não sonha (ou não pode) mais em comprar a casa própria. São prédios erguidos exclusivamente para o aluguel dos apartamentos. 

Ao cortar os intermediários, as incorporadoras apostam na desburocratização do processo de aluguel, eliminando a exigência de fiador ou seguro fiança e agilizando o fechamento dos contratos.

“Estamos preparados para realizar a locação em seis horas: só depende de o cliente ter todos os documentos para colocar no nosso sistema”, afirma Rodrigo Resende, diretor de marketing e novos negócios da MRV, que criou a startup Luggo para atuar nesse setor.

Os contratos são de 30 meses, regidos pela Lei do Inquilinato. Ou seja, após os primeiros 12 meses, o inquilino pode sair sem pagar multa.

Até o final de 2020, a incorporadora mineira planeja entregar o primeiro empreendimento Luggo na cidade de São Paulo, no bairro do Piqueri. Antes, prepara-se para ofertar seus produtos em um fundo de investimento imobiliário.

A Vitacon, construtora especializada em apartamentos compactos, também criou uma startup para atuar nesse setor, a Housi. “Nosso foco está na estadia longa, de pelo menos seis meses, mas aceitamos quem quer ficar menos tempo”, afirma Alexandre Frankel, fundador da Vitacon. “A palavra do momento é flexibilidade.” 

Já o Urbic Concierge, serviço da Urbic, direciona-se mais à hospedagem, tanto que os apartamentos e casas sob sua administração aparecem automaticamente em plataformas como Airbnb, Booking e Expedia.

Facilidade de acesso a internet de alta velocidade, TV a cabo e diarista são outras ferramentas para seduzir clientes. No caso da Luggo, os serviços são sob demanda, pagos conforme o pedido via aplicativo. “O morador que adere à internet coletiva paga de 40% a 50% a menos do que o cliente individual”, afirma Resende, da Luggo, enumerando benefícios do compartilhamento.

Se uma pia entupir ou for necessário pregar quadros na parede, é só chamar o assistente de manutenção que dá expediente no condomínio, além de um síndico que desempenha a função de concierge.

“Sinto que tem alguém cuidando das minhas necessidades”, diz a mineira Margarete André da Silva, 49, que trabalha com suporte de sistemas em Belo Horizonte. Há quatro meses, ela e a filha universitária fizeram as malas rumo à capital mineira para morar de segunda a sexta-feira em um dos 116 apartamentos de dois dormitórios e 45 metros quadrados do Residencial Cipreste, o primeiro empreendimento da Luggo.

Mãe e filha têm casa própria em Lagoa Santa, a 40 km de distância de BH, mas estavam cansadas das quatro horas diárias no trânsito. Alugar um apartamento pequeno na cidade onde uma trabalha e a outra estuda pareceu ser a solução.

“Eu conheci o empreendimento e me apaixonei. A academia é ótima, há bicicletas novinhas para uso de todos e uma lavanderia coletiva que facilita a minha rotina. E o valor é compatível com a modalidade tradicional de aluguel”, diz Margarete.

Entre os vizinhos dela há estudantes, profissionais vivendo temporariamente em Belo Horizonte, jovens casais, divorciados e casais da terceira idade. O perfil se assemelha ao dos consumidores de Curitiba que no último mês alugaram 40% das 88 unidades do Ecoville, recém-entregue pela dupla MRV e Luggo.

O preço do aluguel, dependendo da cidade e das características do residencial, fica hoje entre R$ 1.100 e R$ 1.600. “Como a gestão da locação e do prédio está em nossas mãos, temos agilidade para resolver as questões que surgem e implantar melhorias rapidamente”, afirma Resende.

A ideia, segundo o executivo da MRV e Luggo, é oferecer um misto de moradia tradicional, serviços e um time treinado para resolver problemas.

Ou, nas palavras de Frankel, da Vitacon, “uma experiência de morar cheia de qualidade". "Nossa intenção é que a pessoa não se preocupe com nada”, diz.

Quem recorre à Housi leva no pacote limpeza semanal, internet e TV fechada, além da opção de contratar facilmente serviços de personal trainer e transporte, por exemplo. 

“É só apresentar a carteirinha do Club Housi para treinar na academia, tomar um banho durante o expediente ou usar o coworking”, afirma Frankel, lembrando que a capital paulista já dispõe de 10 mil unidades sob gestão da startup fundada em janeiro passado. “Ela é nova, mas conta com pelo menos cinco anos de experiência como um departamento da Vitacon”, diz.

História parecida tem o Urbic Concierge. Antes de ser oficialmente lançado em julho de 2018, o serviço em parceria com a americana Air Concierge já era disponibilizado para casas de alto padrão no litoral brasileiro. Agora, amplia o seu alcance para imóveis menos luxuosos, num total de cerca de uma centena de unidades em São Paulo.

Segundo o diretor comercial da Urbic, Celso Francisco Pinto Junior, o serviço de assessoria nasceu para ajudar tanto grandes investidores imobiliários como quem tem uma, duas ou três unidades disponíveis.

O Urbic Concierge promete atender qualquer necessidade de quem se hospeda em um dos imóveis ou suítes cadastrados em seu site. “Reservamos mesas em restaurantes e ingressos para espetáculos, indicamos médicos e gente para consertar uma roupa e podemos até fazer compras de supermercado”, diz o executivo.

“Nosso período mínimo de locação é de três dias, porém não há limite máximo. Acontece que se o cliente quiser fechar por um mínimo de um ano, faremos um contrato tradicional”, explica Pinto Junior. Nessa situação, nem sempre o serviço de concierge é oferecido.

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