Queda nos preços e boas opções de crédito favorecem compra de imóvel

Apartamentos grandes, com varanda e espaço para montar escritório, saem mais valorizados da quarentena

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São Paulo

A pandemia parece estar longe de acabar, mas especialistas em mercado imobiliário já veem uma luz no fim do túnel e consideram o momento favorável para quem quer comprar um imóvel.

Embora a venda de novas unidades tenha apresentado queda nos meses de março e abril na cidade de São Paulo, os números vêm crescendo desde maio, segundo dados do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), o que tem sido visto como um sinal de retomada.

De acordo com a diretora da rede de imobiliárias Lopes, Mirella Parpinelli, o momento é bom para comprar graças aos preços relativamente baixos e às boas condições de financiamento. Para quem quer vender, porém, a situação é pouco favorável.

"Muita gente está vendendo por necessidade. Para vender, é preciso estar num momento tranquilo, nunca no desespero. Tem que ter muito tempo e preparo emocional para fazer uma boa venda", afirma.

Proprietários de média e alta renda têm vantagem, ainda segundo Parpinelli, porque podem aguardar condições melhores para colocar seus imóveis no mercado.

Danilo Igliori, economista-chefe do Grupo Zap e professor da USP (Universidade de São Paulo), também enxerga o mercado mais favorável para a compra. Ele afirma que muitos devem acabar colocando seus imóveis à venda em breve, quando a crise apertar.

"Tem uma enorme recessão sendo armada. Aqueles que querem ter uma renda extra podem se animar a vender."

Emilio Kallas, vice-presidente de Incorporação e Terrenos Urbanos do Secovi-SP, alerta, no entanto, que os preços na cidade devem aumentar. Entre janeiro e julho, os imóveis na capital paulista tiveram valorização de 1,7%, de acordo com o índice Fipezap.

"As incorporadoras estão segurando essa pressão no custo de obra, mas devemos ter aumentos grandes nos preços do aço, cimento, concreto, o que vai refletir no valor dos apartamentos", diz.

No período de queda causada pela pandemia, a venda de imóveis de baixo padrão foi a que mais se manteve. De acordo com Luiz França, presidente da Abrainc (associação de incorporadoras), isso acontece por se tratar de um setor que compra por necessidade, não por investimento.

Imóveis de médio e alto padrão, por sua vez, tiveram maior retração no início da quarentena. A tendência, porém, é de retomada mesmo nesses setores, segundo França. "As pessoas estão mais tranquilas, os mercados já retornaram e muitos acham que vale a pena investir em um imóvel."

As baixas taxas de juros também impediram que houvesse queda significativa no financiamento e devem ter papel fundamental numa retomada, diz Cristiane Portella, presidente da Abecip (associação de entidades de crédito).

"Levamos um susto em março e abril, mas, para nossa surpresa, a aquisição por pessoas físicas por financiamento continuou num ritmo interessante. Já prevemos um crescimento de 12% neste ano", diz.

Na quarentena, passaram a ser mais valorizados os imóveis maiores, com características como varanda e maior espaço de trabalho.

Era o que procurava o diretor industrial Guilherme Martins, 37, quando no início do ano saiu em busca de um apartamento para viver com a mulher, que está grávida. Em junho, adquiriu uma unidade de 168 m² em Perdizes (zona oeste de São Paulo).

"O gatilho para comprar foi a Covid-19. Passei a trabalhar de casa, a cozinhar mais. Buscávamos um espaço aberto, numa região de fácil acesso ao trabalho. A varanda era um item obrigatório", diz Martins.

"As pessoas ficaram mais em casa e sentiram novas necessidades. A sacada se tornou mais importante, porque há necessidade de sol. Até as casas, menos valorizadas por questões de segurança e de manutenção, ganharam mercado", diz França.

Outra tendência é a busca por imóveis fora dos centros urbanos, por exemplo, em municípios a menos de 100 km de São Paulo. "Com o home office, algumas pessoas têm oportunidade de sair das grandes cidades, mas não querem ir longe", diz Igliori.

Para João Quina, gerente de vendas da incorporadora Vivaz, o home office não deve extinguir o interesse por imóveis em regiões centrais. "Esses lugares unem trabalho e lazer. Mas destinar um espaço para escritório no apartamento e para coworking em áreas de uso comum é tendência."

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