Prédios oferecem mercadinho e feira para morador não sair de casa

Pandemia dá espaço para expansão da tendência em condomínios residenciais

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São Paulo

Surgida há alguns anos, a tendência de trazer comércio e serviços para dentro dos condomínios se intensificou durante a pandemia.

Desde o dia 6 de outubro, os moradores das 706 unidades do condomínio Vida Melhor, em Taboão da Serra (Grande São Paulo), contam com uma feira livre semanal.

As 14 barracas, montadas toda terça pela empresa Feira Premium Eventos, ocupam dez vagas do estacionamento e funcionam das 17h às 21h.

Síndica profissional do condomínio, Janaina Chiavone, 41, conta que tomou a iniciativa de contratar a feira para proporcionar mais comodidade aos moradores. Como as assembleias estão suspensas, ela fez uma enquete pelo WhatsApp propondo um teste. A maioria concordou.

“No dia seguinte à primeira feira, fiz outra enquete, e a aprovação foi de 96%”, diz.

Proprietário da Feira Premium Eventos, Rafael Pinto da Silva, 36, tinha 42 clientes fixos até março, na Grande São Paulo e em Jundiaí. Depois que a quarentena começou, conseguiu mais cinco.

O condomínio não precisa gastar nada. Silva inclusive paga R$ 250 por mês para montar as quatro feiras mensais, taxa que cobre o consumo de água e luz. Ele ainda tem a responsabilidade de deixar o ambiente limpo.

Mercados que vendem itens básicos também estão ganhando terreno nos prédios.

Rodrigo Colas, 33, é fundador da Smart Break, que instala minimercados em prédios de apartamentos e empresas. Quando a pandemia começou, ele já tinha oferecido o serviço a 65 companhias.

O modelo foi adaptado às pressas para edifícios residenciais. Os mercados ficaram maiores, com capacidade para exibir até 200 itens, e já foram instalados em 25 edifícios da capital paulista.

Não há atendentes para fazer as vendas. A Smart Break adota o conceito conhecido como “honest market”: o cliente escolhe os produtos e paga com cartão. A operação é registrada por uma câmera.

Os moradores definem o mix de produtos, que pode incluir sorvetes, queijos, vinhos e refeições prontas.

“Só há vantagens para os moradores. Cuido da reposição, da manutenção e repasso 5% do valor arrecadado para os condomínios”, diz Colas.

Fundador do Mercadomínio, Giovani Grignani Pereira, 30, também está otimista. Ele implantou a primeira loja em um conjunto com 448 unidades no bairro da Vila Andrade, em São Paulo, e tem a expectativa de fechar mais três contratos até o fim do ano.

Seu modelo de negócio é diferente. O Mercadomínio emprega oito funcionários, ocupa 190 m² e oferece 5.600 itens, inclusive carne e pães.

De acordo com o síndico do condomínio, Paulo Werneck, 44, a presença da loja até valorizou os imóveis.

“As pessoas demonstram ainda mais interesse pelos apartamentos quando descobrem que há um mercado nas nossas dependências”, afirma.

De olho na tendência, incorporadoras têm lançado imóveis já com serviços inclusos. Os edifícios mais tecnológicos oferecem uma facilidade extra: a possibilidade de contratar serviços pelo celular.

Quem vive em uma das 92 unidades do Housi Bela Cintra, construído e administrado pela Vitacon, usa um aplicativo para pagar as compras no minimercado ou na loja de vinhos do prédio, para usar os serviços de lavanderia, salão de beleza e passeador de cachorro, ou para solicitar manutenção do apartamento.

Facilidades parecidas são oferecidas na plataforma Compass, disponível para moradores dos empreendimentos Nomad Moema, Pascal Campo Belo e Moou Vila Madalena, da SKR Incorporadora e Construtora.

Por meio do sistema, é possível fazer compras, contratar personal trainer e diarista e até alugar carros, bicicletas e patinetes que pertencem aos conjuntos residenciais.

Responsável pela área de inovação da SKR, Daniel Kozuchowicz aposta que a demanda por esse tipo de comodidade só vai crescer.

“Estamos atualizando o software para, em breve, colocar o Compass à disposição de prédios de outras incorporadoras”, afirma ele.

Luciana Graiche, vice-presidente do Grupo Graiche, que administra 730 empreendimentos no estado de São Paulo, concorda: “As pessoas passaram a investir mais nas áreas comuns dos condomínios. Como a tendência é o home office continuar em alta, o modelo deve permanecer”.

Antes de fechar contrato com um fornecedor, porém, os administradores devem tomar uma série de cuidados. Em primeiro lugar, o síndico precisa ter aprovação da maioria dos moradores e tem que apresentar propostas de três fornecedores diferentes.

O contrato de serviço deve estabelecer em detalhes as obrigações do prestador, as taxas e quais são as regras para a execução do trabalho.

“É importante o documento isentar o condomínio da responsabilidade pela operação e deixar claro que não há vínculo trabalhista”, diz Graiche.

Outro ponto importante é checar se o fornecedor tem equipe fixa de colaboradores, para que só eles sejam autorizados a entrar no prédio

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