Menor, grátis e digital, Casacor espalha 23 contêineres por São Paulo

Designers refletem sobre a casa pós-pandemia em 13 bairros de São Paulo

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Trabalho de Brunete Fraccaroli para a Janelas CasaCor

Cozinha de Brunete Fraccaroli para a Janelas CasaCor, na praça Vinicius de Moraes, no Morumbi Renato Navarro/Divulgação

Danae Stephan
São Paulo

A edição 2020 da mostra Casacor chega a São Paulo menor, mais concisa e conectada. E, pela primeira vez em seus 34 anos de existência, totalmente gratuita.

A proposta, segundo os organizadores, é sintetizar concretamente as mudanças que a pandemia trouxe sobre nossa rotina, forma de vida e modo de pensar.

“No mundo inteiro, as janelas foram o único recurso de comunicação com o mundo. Assistimos a manifestações de afeto entre vizinhos, de arte, de solidariedade”, diz Livia Pedreira, diretora superintendente da Casacor.

Daí a ideia de batizar o novo projeto de Janelas Casacor. A mostra já passou por seis estados, e no último dia 8 foi inaugurada a edição paulistana. Em 23 contêineres e uma vitrine distribuídos por 13 bairros, profissionais fazem um reflexão sobre como será a casa pós-pandemia.

“Passamos a valorizar coisas que estavam um pouco adormecidas, como o contato com a natureza”, diz o arquiteto Leo Shehtman, que participou de praticamente todas as edições do evento.

Em sua proposta para um “novo morar”, localizada na alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1.147, plantas e elementos naturais dividem espaço com objetos de designers nacionais. “Precisamos prestigiar o que temos aqui no Brasil, tanto em termos de materiais quanto de talentos locais.”

As plantas ganham destaque no projeto de Brunete Fraccaroli, na praça Vini cius de Moraes, no Morumbi, que propõe uma volta à simplicidade. São elas que dão cor ao ambiente, inteiro branco.

Na mesma praça, a casa de Ticiane Lima celebra o essencial. Cozinha, home office, banheiro e dormitório ocupam 15 m² onde só o básico tem vez. Um telhado verde fornece energia solar e serve como área de relaxamento.

De volta à mostra nacional depois de seis anos, o arquiteto Sig Bergamin deixou de lado o maximalismo característico do seu trabalho, mas não economizou nas cores.

Em seu banheiro caleidoscópico, na praça Adolpho Bloch, no Jardim Europa, usa divisórias de vidro em cores primárias, que se misturam e mudam de acordo com a hora do dia. À noite, ajudam a iluminar um pouco a cidade que está, segundo ele, mais cinza do que o normal.

Os ambientes de Érica Salguero, no Shopping Anália Franco, e Murilo Lomas, único a ocupar um imóvel, na alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1.350, focam outro cômodo que ganhou ainda mais importância durante o isolamento: a cozinha.

Na de Érica Salguero, uma TV de 65 polegadas ocupa lugar de prestígio, seja para entreter a família, seja para facilitar a exibição de receitas.

A preocupação com a higiene é outro hábito que deve perdurar, e se traduz em ambientes de desinfecção do corpo e, para Claudia Alionis, também da mente.

O hall de seu Espaço Sagrado, no shopping Lar Center, abriga sapateira e pia, e ainda um lava-pés e uma espécie de altar de cristais, para “purificar a alma e deixar as preocupações externas do lado de fora”, segundo a arquiteta.

Já a estreante Helo Marques foi além, e voltou às origens do modernismo para projetar um ambiente “antiviral”, em exposição no shopping D&D.

Em suas pesquisas, descobriu que, mais que forma e função, o modernismo europeu previa soluções arquitetônicas para evitar a disseminação do bacilo de Koch, transmissor da tuberculose.

Trouxe para seu solarium os móveis de linhas contínuas, que acumulam menos poeira, os espaços abertos e uma laje que pode ser usada para tomar sol ou relaxar.

Helo divide com mais cinco arquitetos —Intown Arquitetura, Marcelo Diniz, Gabriel de Lucca, Arthur Guimarães e Beatriz Quinelato— um dos dois contêineres em exibição no Shopping D&D.

A cada semana, até dia 8 de dezembro, um profissional assume um dos espaços, e todo o processo de produção é transmitido online, nos moldes de um reality show.

“Toda grande crise traz um salto evolutivo, e o salto nessa pandemia foi tecnológico”, afirma Pedro Ariel Santana, diretor de conteúdo e relacionamento da Casacor.

Foi criada uma grande plataforma digital para abrigar todas as “janelas” pelo Brasil. Como os visitantes não podem entrar nos ambientes, cada espaço traz um QR code, pelo qual é possível acessar informações sobre o projeto e fazer um tour virtual.

“O grande ganho desse formato, que deve continuar nos próximos anos, é atrair o olhar de quem nunca teve contato com o universo da decoração”, diz Pedreira.

Janelas Casacor

Até 8 de dezembro, em 13 endereços de SP e no site janelascasacor.com. Grátis

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