Torres de apartamentos de R$ 5 a R$ 12 milhões a unidade redesenham Itaim Bibi

Com aval para construir além do limite do Plano Diretor, incorporadoras apostam em residenciais

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São Paulo

O vigor do mercado imobiliário residencial do Itaim Bibi pode ser medido pela concentração de lançamentos de luxo.

Segundo Marcello Romero, fundador da imobiliária Bossa Nova Sotheby’s, especializada no segmento de alto padrão, a venda de 93 mil títulos de Cepacs (Certificados de Potencial Adicional de Construção), em dezembro de 2019, está por trás do fenômeno —o recurso permite que as incorporadoras paguem para construir acima do limite estipulado pelo Plano Diretor Estratégico.

“A arrecadação da prefeitura, de R$ 1,6 bilhão, atingiu níveis históricos. Para justificar tamanho investimento, as empresas estão focando naturalmente no setor de alto padrão. O Itaim Bibi está virando uma nova Vila Nova Conceição e a desmobilização dos escritórios não vai mudar essa tendência. O preço do metro quadrado não para de subir”, diz Romero.

Entre os lançamentos que a Bossa Nova Sotheby’s está comercializando, figuram dois empreendimentos de alto luxo da incorporadora Bolsa de Imóveis.

Um deles, o Casa Leopoldo, com entrega prevista para novembro de 2022, tem unidades de 335 m² a 821 m². Os apartamentos, um por andar, têm quatro suítes, quatro vagas na garagem e preços a partir de R$ 10,4 milhões.

Já o Casa Lafer, que deve ser entregue em novembro de 2023, tem plantas entre 424 m² e 792 m². Com quatro suítes e até nove vagas na garagem, as unidades custam a partir de R$ 12,4 milhões.

De acordo com Romero, os quarteirões entre a av. Brigadeiro Faria Lima e o parque do Povo são os mais valorizados do momento.

“Em alguns novos empreendimentos, como o HL 746, na rua Horácio Lafer, o preço do metro quadrado pode chegar a R$ 50 mil”, diz.

Mas o trecho entre a Faria Lima e a São Gabriel também tem sido disputado palmo a palmo. É ali, por exemplo, na r. Pedroso Alvarenga, que está sendo erguido o Fasano Itaim, projeto da incorporadora Even previsto para ser inaugurado em 2022.

Em um terreno de 5 mil m², o empreendimento reúne uma torre residencial de 40 andares, com unidades de quatro suítes avaliadas a partir de R$ 9,5 milhões, um hotel com 100 quartos e restaurantes da grife Fasano.

Além dos apartamentos tamanho mega, proliferam no Itaim Bibi as unidades compactas.
Segundo a consultoria imobiliária Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), das 380 unidades lançadas no bairro entre outubro de 2018 e setembro de 2020, 34% têm quatro dormitórios ou mais —todo o restante, 66%, tem apenas um quarto.

Entre eles está o DSG Itaim, na r. Joaquim Floriano, com previsão de entrega em setembro de 2022. Além de 251 unidades residenciais de 27 m² a 44 m², com preços a partir de R$ 565 mil, o empreendimento da Tegra Incorporadora terá 37 salas comerciais e uma loja no térreo.

O ritmo das obras pelas ruas do bairro tende a se intensificar ainda mais. Segundo Marco Antonio Castello Branco, 71, presidente da Sociedade Amigos do Itaim Bibi, as demolições estão a todo vapor e outras estão prestes a começar.

“Um grande conjunto de imóveis da travessa Doutor Leopoldo, que vai da Pedroso Alvarenga à Jerônimo da Veiga e inclui os restaurantes It Sushi e Ritz, já foi adquirido e vai dar lugar a um novo empreendimento”, afirma.

A empolgação das incorporadoras contrasta com a apreensão dos empresários que têm negócios no bairro.

Sócio da Padaria da Esquina, na rua Bandeira Paulista, Edrey Momo, 51, viu o número de clientes minguar.

“Antes da pandemia, em uma hora, mais de mil pessoas passavam a pé em frente à loja. Hoje, não chegam a 300 por hora. É assustador, as pessoas sumiram”, conta.

Segundo Momo, o movimento tem aumentado gradativamente desde o início da flexibilização da quarentena. Mas ele não aposta em um retorno ao patamar pré-pandemia.

“Grandes empresas descobriram que podem economizar bastante mantendo funcionários em home office e estão devolvendo lajes inteiras. A meu ver, elas estão definindo o mercado com mais força do que a própria pandemia.”

O novo cenário faz Castello Branco, que vive no Itaim Bibi há quatro décadas, vislumbrar mudanças profundas na vizinhança.

Segundo ele, o bairro assumiu vocação comercial e empresarial nos anos 1990, quando a Faria Lima foi prolongada até a Vila Olímpia, mas pode ter seu antigo perfil recuperado.

“Com menos gente circulando, melhorou a qualidade de vida no bairro. Não seria o cúmulo da ironia o Itaim Bibi voltar a ser um bairro residencial?”

*

SEM CRISE NO ITAIM BIBI

Conheça os top 5 entre os lançamentos do bairro


Casa Lafer
Onde: r. Lopes Neto, 303
Plantas: 424 m² a 792 m²
Preço: a partir de R$ 12,4 milhões (R$ 29 mil o m²)
Incorporadora: Bolsa de Imóveis

Casa Leopoldo
Onde: r. Leopoldo Couto de Magalhães Jr., 623
Plantas: 335 m² a 821 m²
Preço: a partir de R$ 10,4 milhões (R$ 31 mil o m²)
Incorporadora: Bolsa de Imóveis

Le Parc
Onde: r. Dr. Eduardo de Souza Aranha, 318
Plantas: 303 m²
Preço: a partir de R$ 8,1 milhões (R$ 26,7 mil o m²)
Incorporadora: Diálogo

Itahy
Onde: r. Dr. Renato Paes de Barros, 130
Plantas: 330 a 518m²
Preço: a partir de R$ 7,3 milhões (R$ 22,1 mil o m²)
Incorporadora: Barbara

Praça Lindenberg Itaim
Onde: r. Clodomiro Amazonas, 529
Plantas: 191 m² a 366 m²
Preço: a partir de R$ 5,6 milhões (R$ 29,5 mil o m²)
Incorporadora: Adolpho Lindenberg

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