Antes relegado, amarelo vira cor de 2021 e leva luz a interiores

Escolhido por marcas, tom é uma das tendências do ano na decoração; veja como aplicar em casa ou no escritório

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Danae Stephan
São Paulo

O amarelo está entre as principais tendências de 2021 na decoração, depois de décadas relegado a ambientes comerciais e a detalhes em projetos residenciais.

Pelo menos duas marcas de peso apostaram na cor. A Eucatex elegeu o tom manteiga de cacau, um amarelo acinzentado, como sua cor do ano, com base em uma pesquisa feita especificamente para o mercado brasileiro, conduzida pela consultoria de tendências Tendere.

Em um primeiro momento, a marca havia selecionado um tom de rosa que remetia ao modernismo. A intenção era propor uma cor que tornasse os ambientes mais acolhedores para um período de grandes desafios.

"Ao avaliar as perspectivas socioeconômicas futuras, vimos que precisávamos de uma cor que, além de acolher, também alegrasse e trouxesse mais energia para as pessoas", diz Patricia Sant'Anna, doutora em história da arte e fundadora da consultoria.

Já a Pantone, instituto que define o padrão de cores nas industrias gráfica e têxtil no mundo, divulgou dois tons em vez de um. Os eleitos para 2021 foram o amarelo “iluminating” e o cinza “ultimate gray”, que “se complementam e mostram empatia entre as cores”, afirma Blanca Lliahnne, diretora-executiva da Lexus, distribuidora da Pantone no Brasil.

"São duas cores complexas, exatamente como o momento que estamos vivendo", diz Blanca. "O amarelo é uma cor prática, racional, que traz otimismo e ainda estimula a concentração e o foco. Sempre falo para os meus alunos: precisa desafiar sua inteligência, estudar muito, realizar um projeto? Coloque um objeto amarelo grande em seu campo visual", afirma.
Já o cinza, segundo Blanca, faz um contraponto: cores mais escuras são apropriadas para momentos de introspecção, calma e meditação, balanceando a "energia" e o "estímulo dos sentidos" trazidos pelo amarelo.
A influência das cores no nosso humor são alvo de pesquisas no mundo todo. "A cor afeta o sentido, a forma como as pessoas se relacionam com os espaços", diz a arquiteta Renata Pocztaruk, da ArqExpress, que irá ministrar o curso "O estudo da cor aplicada nos ambientes internos e externos" na pós-graduação da PUC-RS. Não por acaso, o amarelo é um dos tons preferidos por fast foods, já que também estimula a fome a vontade de ir embora, diz Renata.

Por estimular os sentidos e ajudar na concentração, é ideal para ambientes de trabalho, como home offices e cozinhas. "Dá para aplicar em qualquer cômodo, mas é preciso avaliar o tom certo para cada um", diz Renata.

Se a ideia é estimular e alegrar, deve-se optar por tons vibrantes e quentes. Já para quartos e salas, o ideal é usar um tom mais frio.

"O brasileiro prefere cores mais neutras para dentro de casa, é uma característica desse consumidor", diz Patrícia. Quando seleciona tons vibrantes, geralmente opta por aplicá-los em detalhes, como móveis e objetos de decoração.

Daí o acerto da Pantone em juntar o amarelo luminoso e o cinza neutro, segundo Renata. "São cores que se complementam muito bem."

Também é indicado para ambientes com pouca iluminação. "O amarelo funciona melhor do que o branco nesses casos. Ele reflete mais tanto a luz natural quanto a artificial, aquece no sentido simbólico e torna o ambiente mais aconchegante, alegre e vitalizado", diz Patrícia.

Mas é preciso tomar cuidado com as texturas e acabamentos que complementam o ambiente.

"Dependendo de como for a superfície do objeto e a entrada de luz, a cor pode criar reflexos que atrapalhem a visão, tornando o ambiente cansativo. Eu sugiro o uso de materiais foscos ou acetinados, jamais com brilho, a não ser que seja apenas um detalhe", diz Renata.

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