Novas marcas de móveis e objetos para a casa nascem do confinamento

Conheça histórias e criações de pessoas que mudaram de profissão e, sem sair de seus lares, lançaram coleções autorais durante a pandemia

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Yara Guerchenzon
São Paulo
Desde o início do isolamento social, em 2020, uma nova rotina se impôs e, nessa nova configuração, o que era hobby virou profissão para empresários que lançaram suas marcas na pandemia. Trancafiados em casa, começaram a criar móveis e objetos decorativos para o lar.
Todos correram atrás do aprendizado e descobriram cursos e dicas para aperfeiçoar suas técnicas.
O resultado são peças executadas com os mais diversos materiais —madeira, tecido, papel, linhas e cimento.

Conheça a seguir seis histórias de gente que vêm conquistando espaço no mercado, com divulgação em eventos online e redes sociais.

Flora de tecido
A designer Vanessa Lazzari, 30, publicitária de formação, nasceu e vive até em hoje em Garibaldi, no Rio Grande do Sul, onde sua família tem uma indústria de móveis na qual ela trabalhou por uma década.
Com a chegada da pandemia —e confinada— sentiu necessidade de trazer plantas para dentro de casa. “Mas as minhas não vingavam no ambiente fechado”, conta.

Foi dessa situação que Vanessa teve a ideia de recriá-las em tecido, utilizando retalhos de uma fábrica de almofadas. Depois de pedir dicas a costureiras e fazer vários testes, partiu para a produção de bananeiras, espadas-de-são-jorge, estrelícias, costelas-de-adão, bambu, cactos, samambaias e proteas, quase sempre feitas de veludo.

As peças custam de R$ 179 (uma protea) a R$ 5.400 reais (vaso de bananeira).
@vanessalazzari

Cimento após o expediente
A ideia nasceu em 2019, quando Anderson Buth, 36, fez algumas peças de cimento para o seu apartamento. Mas o designer gráfico paulistano logo deixou suas criações de lado. “Não tinha tempo para produzi-las com pós-graduação e trabalho”, conta Buth, que atua na área de marketing de uma empresa de móveis.

Com a pandemia, no entanto, ele passou a trabalhar em home office e resolveu usar o tempo que restou para recomeçar a produção dos objetos e ter uma renda extra.

Para isso, criou um perfil em redes sociais e um site para a sua marca, a Estúdio Buth. “Aprendi as técnicas pesquisando tutoriais no YouTube e fazendo testes com os materiais. Faço todas as etapas, desde o molde até o acabamento final”, diz o designer, que faz vasos, pratos, bandejas e vasilhas que custam de R$ 44,90 a R$ 89,90.
@estudiobuth

Cadernos do isolamento
Formada em desenho industrial, a paulistana Silvia Goichman, 48, dedicou cerca de duas décadas ao trabalho de produtora de decoração. Porém, com a pandemia, teve de se reinventar. “Precisei me isolar por ser do grupo de risco, mas não queria nem poderia ficar parada. Resolvi, então, transformar o que era um hobby numa nova atividade”, conta Silvia, que sabe bordar desde os sete anos.

"Com tempo livre, busquei cursos online de encadernação. Juntei com o bordado e criei a Sil Crafts, com um perfil comercial no Instagram”, afirma. Seus produtos são cadernos, álbuns, caixas e tags, que podem ser personalizados, e custam de R$ 40 a R$ 200. “Não pretendo mais deixar a encadernação de lado.”
@sil.crafts

Como nossos avós
A carioca Anna Passarelli, 36, administradora de formação, mora há oito anos em São Paulo, tempo no qual trabalhou em empresas de decoração. Mas ela deixou a companhia em que estava no início da pandemia por não se sentir confortável com a retomada de atividades presenciais.

Em seguida, começou um trabalho remoto para uma importadora, mas a atividade foi tão extenuante que, no final de 2020, teve sintomas da síndrome de burnout. “Eu não aguentei e pulei fora.”

Em casa, resolveu pôr em prática a antiga vontade de criar a sua coleção de móveis. Procurou um curso intensivo de marcenaria em janeiro e começou a desenhar suas peças. São mesas, banquinhos e bancos para hall de entrada, com sapateira, mancebo ou cabideiro (conjuntos a partir de R$ 1.700), de jequitibá ou freijó. “A inspiração vem do mobiliário da casa dos meus avós. São novos com visual antigo.”
@eloestudio_

Da portaria à marcenaria
O webdesigner Claudio Minhoto Tambellini Neto, 29, decidiu deixar o cargo de porteiro em um prédio paulistano no começo da pandemia e voltar a morar com a mãe, na chácara da família, em Embu-Guaçu. “Fiquei com receio de me contaminar e levar o vírus para a casa dela, ao visitá-la nos fins de semana.”
Acostumado a lidar com ferramentas —na infância, ele mesmo fazia seus brinquedos—, criou uma linha de peças utilitárias autorais de madeira, como luminárias, tábuas e porta-temperos. Elas podem ser personalizados e as encomendas são feitas pelo Instagram, com preços de R$ 30 (porta-vinho) a R$ 450 (arandela pantográfica).
@artesanallumiere

Encaixe perfeito
Após 15 anos como arquiteto, o cearense Bruno Camarotti, 45, achou que era hora de mudar. Em São Paulo desde 2017, conheceu na cidade a marcenaria tradicional artesanal, que utiliza encaixes, sem pregos ou parafusos.

Após seis cursos e um estágio, abriu o Estúdio Camarotti em maio de 2020. São móveis e objetos de freijó, imbuia e cedro-rosa que levam o nome de praias do Ceará —custam de R$ 350 (bandeja) a R$ 17.900 (aparador).

“A pandemia me impôs um ritmo mais calmo, que permitiu planejar a trajetória, recalcular a rota e definir estratégias da marca.”
@estudiocamarotti

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