Publicidade

Imóvel pré-fabricado reúne todos os atributos sustentáveis em 50 m²

Uso calibrado da iluminação e da ventilação naturais, componentes com certificação ambiental, telhado verde, captação de chuva e gestão automatizada de energia e de água para molhar o jardim já formariam um pacote de atributos verdes razoável para uma casa.

Mas a Aqua, exposta na Casa Cor 2016, tem também um caráter ativo na batalha ecológica: painéis fotovoltaicos instalados no telhado geram energia para iluminação e um excedente capaz de alimentar um carro elétrico e o revestimento externo absorve gás carbônico do ar.

A expectativa é reduzir 30% no consumo de energia, na comparação com uma residência sem esse sistema. Segundo seus fabricantes, a ação do revestimento que utiliza titânio equivale ao sequestro de carbono de uma floresta de 500 m².

O conceito da Casa Aqua vem sendo desenvolvido há oito anos pela Inovatech, empresa que funciona como uma integradora de todos os sistemas construtivos, fornecedores de materiais e serviços. Nas pranchetas, os arquitetos Rodrigo Mindlin Loeb e Caio Dotto.

Raquel Cunha/Folhapress
A fachada ventilada da Casa Aqua, que protege o interior do calor e reduz a umidade
A fachada ventilada da Casa Aqua, que protege o interior do calor e reduz a umidade

Com 50 m² de área, a Casa Aqua foi feita com placas pré-fabricadas de concreto, unidas em painéis que substituem os pilares, as vigas e a alvenaria. Essa tecnologia de construção de origem finlandesa permitiu que a casa fosse erguida em 19 dias.

Os banheiros e a cozinha foram anexados já prontos, com acabamentos e peças. O sistema de fabricação proporciona montagem rápida e ampliação por módulos. Conexões parafusadas entre os componentes vão possibilitar a desmontagem, o transporte e montagem em outra localização.

Para garantir o conforto térmico do espaço foi feito um sistema de fachada ventilada, que cria um colchão de ar entre a estrutura da casa e o acabamento externo, isolando o interior do calor e reduzindo a umidade.

Acoplado a uma das paredes externas, foi implantado um sistema também modular de cisternas, com módulos de 97 litros que podem ser interligados de acordo com as necessidades de água não potável dos moradores.

Loeb, arquiteto e professor formado pela FAU-SP e mestre em energia e meio ambiente pela Architectural Association School of Architecture na Inglaterra, considera que rapidez da montagem e a modularidade do sistema são diferenciais da casa.

"Entre a encomenda e a casa erguida, teremos no máximo quatro meses. Só isso já a transforma em um objeto do desejo", diz. "E o fato de ser modular faz com que cada um possa fazer a casa do jeito que quiser", conclui.

"Esse caminho da industrializacão da construção pode levar para a melhoria da qualidade dos prédios, do ambiente e da formação da mão de obra", diz.

A unidade construída para a Casa Cor pode ser comercializada por R$ 380 mil, em preço promocional, o que daria R$ 7,6 mil o metro quadrado. Uma nova seria mais cara, dependendo de alguns elementos opcionais.

Já as casas pré-fabricadas tradicionais no mercado brasileiro, de concreto e alvenaria e padrão simples de componentes e acabamentos custam entre R$ 30 mil e R$ 40 mil a unidade de 50 m². As de melhor padrão custam cerca de R$ 1 mil o m².

Raquel Cunha/Folhapress
Detalhe da casa sustentável exposta no Jockey Club, que foi projetada pelos arquitetos Rodrigo Mindlin Loeb e Caio Dotto
Detalhe da casa sustentável exposta no Jockey Club, que foi projetada pelos arquitetos Rodrigo Mindlin Loeb e Caio Dotto

TIRA E PÕE

O engenheiro Luiz Henrique Ferreira, dono da Inovatech, acredita que o mercado brasileiro está preparado para a Casa Aqua. "No mundo complexo em que vivemos, as pessoas não têm mais tempo e paciência para o sistema antigo e artesanal da obra, que é muito demorado."

"Acho que o cliente potencial é aquele que deseja uma construção rápida, de altíssima qualidade, com performance acústica, energética e térmica e que pensa na modularidade. Ele sabe que a casa de hoje não será a casa de amanhã. Pode somar um cômodo ou retirar."

Ferreira diz que podem ser feitas Casas Aqua com padrões menos luxuosos que o da exposta na Casa Cor.

"Nosso papel como integrador não é nos prender numa determinada solução tecnológica específica, e sim estar abertos para novas tecnologias", diz. "Buscamos sistemas construtivos industrializados com baixo impacto ambiental e sem restringir a criatividade do arquiteto", acrescenta.

"Sei que é arrojado, mas acho que num futuro próximo as pessoas vão poder trocar partes da casa com outras. O modelo atual que criamos de ter sempre tudo novo não se sustenta. Os recursos estão acabando", diz.

Publicidade
Publicidade
Publicidade