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Saiba como conciliar emprego com empresa própria e ganhar mais

Investir em um negócio próprio pode ser um bom jeito de complementar a renda para quem já tem emprego fixo. Para a jornada dupla dar certo, porém, é preciso que o trabalho formal não seja deixado de lado.

"Claro que, ao conciliar as duas atividades, o esforço será em dobro e muito mais desgastante", diz Haroldo Eiji Matsumoto, especialista em estratégia empresarial.

Além de energia, o trabalho extra demanda planejamento e disciplina. A falta de foco e consequentemente a dificuldade de perceber riscos e de tomar decisões de forma ágil estão entre os erros comuns cometidos pelo trabalhador/empreendedor.

"É importante ter atenção ao mercado de atuação no qual escolheu empreender, acompanhar o fluxo de caixa diariamente, empregar pessoas que possam realmente tomar decisões pela empresa, além de saber dividir bem o tempo nas duas funções", afirma Alexandre Miserani, coordenador do curso de administração da Faculdade Arnaldo, de Belo Horizonte.

A esteticista Marlúcia Romeiro Câmara, 36, combina o trabalho fixo com a lanchonete que comprou há quatro meses numa academia na zona oeste da capital paulista. "A loja ainda é nova e dependo do meu salário fixo para pagar as minhas despesas pessoais", diz a esteticista.

Animada com os resultados, no início de novembro abriu uma segunda lanchonete. "Não está sendo fácil. Nos dias de folga faço compras e nos intervalos vou para a loja, mas estou aprendendo a conciliar os horários", afirma Câmara, que ainda faz faculdade de estética e cosmetologia e quer continuar a atuar nessa área no futuro.

Karime Xavier/Folhapress
Ossada suspeita de ser de João Leonardo da Silva Rocha, morto na ditadura militar, é exumada em Palmas do Monte Alto (BA)
Marlúcia Romeiro Câmara, 36, combina o trabalho de esteticista com a sua lanchonete

CORRERIA

O funcionário público carioca Ronaldo Messias, 52, vem há 15 anos tentando administrar a dupla jornada. Ele abriu uma empresa de produtos de limpeza em 2002.

"Trabalho num colégio estadual das 15h às 22h e cuido da empresa pela manhã, inclusive aos sábados. Preciso acordar bem cedo, levar os filhos para a escola e fazer as estregas. Às vezes chego atrasado na escola", diz Messias.

Apesar da correria, foi com o trabalho extra que ele conseguiu pagar as contas em meio à crise no governo do Rio, que paga com atraso o salário de servidores.

O também funcionário público Evaldo Jesus do Nascimento, 44, é formado em direito e atua como auditor fiscal desde 2006, mas no fim do ano passado investiu suas economias em uma franquia de limpeza corporativa para complementar a renda.

"O empreendimento se tornou muito importante para mim", diz Nascimento, que começou a operar em fevereiro deste ano. O negócio já representa 50% do salário que ele recebe como auditor.

"Não tenho intenção de pedir exoneração do meu emprego. Estudei para isso e tenho estabilidade. Porém, o retorno financeiro certamente virá do meu plano B", diz.

EMPOLGAÇÃO

Para o professor universitário de empreendedorismo e cofundador do Movimento Ímpar, Raoni Pereira, um equívoco frequente de quem combina as duas funções é querer dedicar muito tempo ao novo negócio.

"É normal a pessoa estar mais empolgada com algo próprio do que com o emprego no qual está há mais tempo e com a empresa da qual não é dona. Isso pode acabar atrapalhando o desempenho no trabalho fixo e também outros aspectos da sua vida, como a saúde e relacionamentos", afirma Pereira.

Rodrigo Arjonas, 40, vivenciou essa ansiedade de querer se dedicar mais ao negócio próprio. Ele conciliou por seis meses o emprego numa empresa na área de construção com a primeira unidade da Busger, hamburgueria a bordo de um ônibus antigo.

"É desafiador, porque você não pode deixar o trabalho fixo de lado, precisa render e entregar resultados. Mas a vontade de estar integralmente envolvido no seu negócio é enorme", diz.

Karime Xavier/Folhapress
Ossada suspeita de ser de João Leonardo da Silva Rocha, morto na ditadura militar, é exumada em Palmas do Monte Alto (BA)
Rodrigo Arjonas, 40, conciliou emprego em empresa de construção civil com a gestão da sua hamburgueria

EMPRESÁRIOS RELATAM DESAFIOS E TROCA GRADUAL

Quem começa a empreender na esperança de prosperar e deixar um emprego formal para trás precisa de muita disposição e paciência.

"Trabalhava oito horas diárias e depois, quando chegava em casa, entrava na garagem e trabalhava pelo menos mais outras oito horas. Ou seja, tinha só quatro horas de sono por noite", diz o desenvolvedor de projetos Márcio Motta, 38, dono da Monetizze, empresa que desenvolve ferramentas para o mercado de vendas on-line. "Além disso, perdi contato com amigos, festas e os primeiros anos do meu filho."

O negócio foi fundado em abril de 2015 e em 2016 Motta se desligou completamente da empresa onde trabalhava para se dedicar exclusivamente ao novo negócio. O sacrifício inicial valeu à pena.

Em 2017, a Monetizze foi eleita a melhor plataforma de infoprodutos do país. A premiação foi realizada no congresso de marketing de afiliados da América Latina: o Afiliados Brasil. Hoje a empresa conta com mais de 500 mil usuários cadastrados e cerca de 6.000 produtos à venda.

Para Haroldo Eiji Matsumoto, especialista em estratégia empresarial e sócio-diretor da Prosphera Educação Corporativa, é importante que o novo empreendedor faça uma reflexão das responsabilidades financeiras e do seu objetivo no futuro.

"Se ele é jovem, solteiro e mora com os pais, pode arriscar mais e ficar um tempo sem rendimentos. Neste caso, pode sair e empreender com uma reserva inicial. Agora, se já tem família e não pode abrir a mão da renda atual, tem que fazer a migração de emprego fixo para o negócio de forma gradual", diz.

A empresária Mariane Tichauer só deixou o emprego fixo para se dedicar exclusivamente ao seu negócio próprio dois anos depois de fundar a Itté, importadora especializada em trazer para o Brasil itens para mães e bebês.

Tichauer trabalhava em uma empresa do setor de telecomunicações e optou por conciliar ambas as atividades enquanto fosse possível, numa transição gradativa e menos traumática. "Este processo de conciliar o emprego com o negócio próprio foi difícil, mas hoje colhemos os frutos, e 2017 tem sido um ano de crescimento", afirma a empresária.

Nas horas vagas

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