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Locadoras oferecem desde perfume até cama de motel

A economia do compartilhamento deu um novo boom para o segmento de aluguel, com a inclusão de produtos que antes ninguém pensava em encontrar.

É possível alugar de tudo: tocha olímpica (R$ 700/dia), mala de viagem (R$ 10/dia), perfume da Calvin Klein (R$ 9,99/dia), prancha de surf (R$ 50/dia) e chapinha (R$ 25/dia) são alguns dos itens disponíveis no Rent for All, site que reúne diversas empresas do ramo.

Mas não se frustre se o que você procura for uma camisa de força, um boneco biruta, um secador de cachorro ou uma escultura de Afrodite -esses produtos podem ser alugados na Disk-Tem (preço sob consulta).

A empresa, que começou como delivery de comida há quase 50 anos, provê o que o cliente precisar alugar. Uma das histórias famosas da Disk-Tem foi a locação de uma scooter motorizada para levar o tenor Pavarotti até o palco em uma apresentação em São Paulo.

Denise Calsat, sócia-diretora do negócio, tem uma equipe de profissionais de design, marcenaria, pintura e serralheria, entre outros, para atender a demanda de clientes por produtos específicos.

Gabriel Cabral/Folhapress
São Paulo, SP, Brasil, 09-05-2018: Vânia Martins, sócia da empresa DiskTem, que é especializada em produzir e locar diversos tipos de objetos. (foto Gabriel Cabral/Folhapress)
Vânia Martins, sócia da empresa DiskTem, especializada em produzir e locar todo tipo de objeto

Há quase 7.000 tipos diferentes de produtos para locação no estoque da Disk-Tem, de poltronas a cadeiras de barbeiro antigas, passando por esculturas e laços gigantes para inauguração.

Segundo ela, 30% da clientela é formada por pessoas físicas. Entre as empresas, as mais frequentes são as do ramo de publicidade, televisão e motéis (que alugam camas). Calsat não revela o faturamento, mas diz atender a uma média de 200 clientes por mês.

Um problema no ramo é que muitos consumidores e empresas nem sequer sabem quais produtos podem ser alugados. Com a proposta de unir diversas empresas de locação de segmentos diversos, Luiz Renault, 36, criou o site Rent for All em 2014.

"Vi que o modelo de negócio é igual, o segmento é que muda. O cara que aluga um bufê para festa atua no mesmo modelo de quem aluga máquina", afirma Renault, que trabalhava em uma grande empresa de locação de máquinas para a construção civil e agrícolas.

A difusão da ideia de compartilhamento deu fôlego ao projeto e há cerca de um mês uma nova versão da plataforma entrou no ar, agora transformada em marketplace.

Segundo Renault, há atualmente 400 empresas cadastradas na plataforma. Os segmentos mais fortes são os de festas e eventos e o de decoração, afirma o empresário, mas há também negócios na área de equipamentos, eletrônicos, veículos, lazer e esportes, entre outros.

Demanda por máquina de limpeza cresce após PEC das domésticas

A economia do compartilhamento também vem dando fôlego ao segmento tradicional de locação de máquinas e equipamentos profissionais.

Um exemplo dessa diversificação é a Loc Lav, em operação há 22 anos em São Paulo. Como muitas empresas do ramo, a Loc Lav começou locando equipamentos para construção civil, como andaimes, betoneiras, parafusadeiras e lixadeiras (preços variam dependendo do modelo e do tempo de locação).

Depois de dez anos focada nesse segmento, a empresa decidiu ampliar para equipamentos de limpeza -linha até então inexplorada, afirma Marcelo Guerra Lages, 46, diretor comercial da Loc Lav.

Foi graças à limpeza que a empresa conseguiu sobreviver aos anos de crise, quando o número de obras desabou e, consequentemente, a necessidade de máquinas.

Enquanto isso, a PEC das domésticas, promulgada em 2013 e regulamentada em 2015, levou a um aumento na demanda de pessoas físicas por equipamentos de limpeza.

"Com a mudança da lei, ficou mais caro para as pessoas terem empregada em casa direto. Com isso, vimos a entrada de novos clientes interessados em alugar uma máquina por um dia e fazer uma faxina. Hoje 30% do nosso público é de pessoas físicas", diz Lages.

O aluguel de uma lavadora de carpete, por exemplo, sai por R$ 76 por dia.

Essa fatia deve crescer ainda mais conforme a cultura de compartilhamento ganha força entre os brasileiros, até então fixados na ideia de posse, o que limitava o mercado, avalia o gerente comercial.

Hoje a Loc Lav tem três unidades próprias (São Paulo, Granja Viana e Cotia) e uma franqueada (Campinas). O faturamento médio das lojas é R$ 80 mil por mês. A matriz, na capital paulista, tem um faturamento maior, mas Lages prefere não revelar.

Um desafio do ramo é a necessidade de capital inicial em torno de R$ 500 mil para adquirir as máquinas. A necessidade de manutenção especializada também pode custar caro, embora uma relação direta com os fornecedores facilite a operação.

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5 pontos básicos para quem quer entrar no mercado

Segmento
Embora tradicional, o setor de máquinas exige investimento alto e sua dependência da construção civil pode ser um problema. Produtos para eventos e decoração, por sua vez, exigem investimento menor

Estoque
Varia a depender do porte e foco da empresa, mas é importante ter sempre produtos extra, para nunca deixar um novo cliente na mão. Na Loc Lav, até 70% dos equipamentos ficam locados, e o restante, disponível

Manutenção e renovação
Ter uma relação direta com o fornecedor ajuda a comprar produtos com desconto e a ter acesso a técnicos especializados. A manutenção pode ser negociada a preço de custo, dependendo do contrato. Para renovar o estoque atual, deve-se buscar a opinião dos clientes e prestar atenção nas feiras de novidades do seu segmento

Clientela
O principal consumidor são empresas, sendo que uma fatia expressiva é de terceirizadas especializadas em serviços como limpeza. Mas a cultura do compartilhamento vem atraindo também a pessoa física

Precauções
É natural que danos aos produtos eventualmente ocorram durante a locação. Por isso, é importante ter um laudo da peça no momento em que ela é entregue ao cliente e uma vistoria na hora da devolução. Em caso de problema, o cliente está ciente de que deverá arcar com o reparo

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