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Batida de R$ 250 mil turbina estratégia de venda de carros

Em instantes, o Toyota Corolla vai colidir com uma barreira de 300 toneladas. O sedã feito no Brasil está no sul da Alemanha, em viagem paga pela montadora, onde passará pelo teste de colisão.

"Por questões de segurança, esvaziamos os tanques de combustíveis e fluidos e os substituímos por água", diz o engenheiro uru­guaio Alejandro Furas, diretor-técnico do Global NCAP (organização que promove crash-tests).

O som estridente anuncia o início da avaliação. O Corolla percorre cerca de 50 metros puxado por cabos, a 64 km/h. Os bonecos simulam passageiros adultos e crianças. Cerca de 15 segundos depois, o carro estará destru­ído.

O resultado é o esperado: o sedã Toyota recebeu nota máxima, da mesma forma que o Volkswagen Polo brasileiro testado no dia anterior. Ao pagar caro para promover essa avaliação, as montadoras passam a ter dados que serão usados nas peças publicitárias.

Cada batida exige um investimento de R$ 250 mil, sem contar o montante gasto nos carros e nas despe­sas de alfândega, armazenamento e transporte entre a Amé­rica Latina e a Europa. "Fazer um laboratório como o alemão custa cerca de R$ 70 milhões", diz Furas.

Primeiro, é preciso comprovar se a velocidade do carro estava dentro da margem para avaliação. Há uma tolerância de 1 km/h para mais ou para menos, para que o teste seja declarado válido. Em seguida, os técnicos conferem se o impacto ocorreu no ponto desejado. E se os dados e imagens foram registrados corretamente. Desde 1997, quando começaram os testes do EuroNCAP, o índice de acerto na execução é de 100%. Em seguida, mede-se a extensão dos danos causados pela colisão e os seus efeitos sobre os bonecos.

Os sensores espalhados pe­los manequins terão registrado velocidade do impacto, força, deslocamento e desaceleração, en­tre outros dados. A análise deles levará quase uma semana.

ATRASO

Os bons resultados ainda são exceções. "Se comparados a modelos similares produzidos na Europa, os automóveis latino-americanos estão ao me­nos 15 anos atrasados em segurança. É inacei­tável que os fabricantes que sabem fazer carros seguros na Europa, nos EUA e no Canadá ofereçam carros mais caros e menos seguros na nossa região", diz Furas.

"Os resultados foram fundamentais para que as montado­ras reforçassem a estrutura dos seus carros e os recheassem com equipamentos de proteção, como air-bags e cortinas la­terais", diz o en­genheiro Gustavo Noronha, chefe do Departamento de Cer­tificação da To­yota.

Nos testes são reproduzidas três colisões que estão entre as que mais causam mortes no trânsito. No ano passado, aproximadamente 6 milhões de pessoas morreram em acidentes desse tipo em todo o mundo. No laboratório alemão, também são realizadas avalia­ções de freios autônomos de emergência e simulações de acidentes com pe­destres.

Nem todos os carros fabricados na América Latina, porém, podem ser submetidos a todos os testes. A falta de controle eletrônico de estabilidade como padrão impede que os veículos se submetam a testes de impacto lateral, o que li­mita as notas.

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