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Carro pode ter perda total só de ficar parado em área alagada

Se um carro moderno, com sistemas eletrônicos, ficar parado no meio de uma enchente como as causadas pelas chuvas na Grande São Paulo, muito provavelmente será condenado pela seguradora. A evolução tecnológica é avessa à água.

Os problemas ocorrem quando o alagamento chega na altura das janelas.

Os componentes eletrônicos, que são instalados em partes elevadas, correm risco de entrar em colapso ao serem molhados.

Sensores e centrais eletrônicas comandam todas as funções dos carros, incluindo itens de segurança como airbags e controles de estabilidade.

De acordo com Emerson Feliciano, superintendente técnico do Cesvi Brasil (Centro de Experimentação e Segurança Viária), o acúmulo de água afeta também caixa de fusíveis, módulos, relês, conectores, faróis, conjuntos ópticos e lanternas.

Como o sistema elétrico é composto por peças caras, danos nas estruturas podem chegar a custos maiores que 75% do valor do carro, configurando perda total.

No passado, o maior problema enfrentado pelo dono de um automóvel que ficou estacionado no meio da água era o mau cheiro causado por esgoto ou mofo.

De acordo com recomendação da Susep (Superintendência de Seguros Privados), as apólices de seguro devem cobrir danos causados por alagamentos.

Segundo Luiz Padial, diretor da área automotiva na seguradora Tokio Marine, a cobertura inclui a submersão parcial ou total do veículo em água doce proveniente de enchentes ou inundações, inclusive nos casos de veículos guardados no subsolo.

Contudo, o dono do veículo pode ter problemas.

Caso o proprietário tenha alegado que o veículo pernoita em garagem fechada, e o mesmo estiver parado na rua ao ser atingido, a seguradora pode negar a cobertura.

Outro problema ocorre depois da recuperação do veículo. Por maior que seja a qualidade do reparo, o fato de ter sido recuperado de enchente permanecerá no histórico do bem.

Rodrigo Flores, supervisor de operações do Instacarro, empresa que faz a intermediação da venda de veículos, diz que pode haver maior desvalorização na revenda ou dificuldade em renovações futuras na apólice de seguro.

De acordo com Flores, lojistas tendem a desvalorizar carros que precisam de reparos por ter terem passado por enchentes, mesmo que sejam problemas aparentemente simples.

O supervisor do Instacarro explica que, a depender do modelo, os custos para reparar o interior afetado pela água podem variar de R$ 400 a R$ 2.000.

"Por vezes recebemos para avaliação veículos que passaram por enchentes e não tiveram um serviço de recuperação bem feito, há mau cheiro e forrações estufadas, que indicam umidade", afirma Flores. "O ideal é desmontar tudo, retirar e lavar os revestimentos."

O que é preciso saber ao passar por uma área alagada

Capacidade do veículo Os manuais de bordo dos carros mostram qual é o nível de água que o carro suporta transpor

Como atravessar com segurança Se a água não estiver acima da margem de segurança estipulada pela montadora, o motorista deve seguir com a primeira marcha engatada, sem acelerar demais nem trocar a marcha dentro da poça. Isso evita a admissão de água para o interior do motor durante a travessia

Automáticos O cuidado ao atravessar alagamentos também vale para carros com câmbio automático. Nesse caso, o motorista deve selecionar a primeira marcha optando pelo modo manual ou, em carros sem essa função, colocando a alavanca na posição 1

Não vire a chave Se o carro parar de funcionar ao transpor uma área alagada, não se deve tentar religá-lo. Há risco de entrar água dentro do motor, o que pode causar calço hidráulico: o líquido ocupará espaço dentro das câmaras de combustão e, ao ser comprimido, irá danificar peças móveis

Custo alto Caso ocorra o calço hidráulico, há grande chance de o carro ser condenado pela seguradora. O preço do reparo do motor, somado aos danos causados pela água em outras partes, pode até superar o valor de mercado do veículo

Higienização e checkup Mesmo que continuam andando, carros que tiveram o interior encharcado após passar por trechos alagados precisam ser revisados. É necessário verificar a parte elétrica e também o sistema de ventilação: existe o risco de contaminação por fungos e bactérias

Fontes: Instacarro e Cesvi Brasil

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