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Citröen completa cem anos com lançamento de veículos no Brasil

O Citroën Type A não tinha nada de muito diferente de outros carros de seu tempo. Com a primeira unidade entregue há cem anos, era compacto e de desempenho acanhado, como quase tudo feito sobre quatro rodas em 1919.

Seu maior mérito é ser o primeiro veículo produzido em larga escala na França, o pioneiro de uma das marcas mais inovadoras da indústria automotiva.

A empresa criada por Andre Citroën (1878-1935), que produzia armamentos no período da Primeira Guerra Mundial e teve de se reinventar após o término do conflito, ousou ao mudar os sistemas de tração e de suspensão dos automóveis, fez algumas das cabines mais luxuosas já vistas e quase quebrou algumas vezes por tentar ser diferente sem ter muito tato para finanças.

A montadora francesa começou a ganhar notoriedade em 1934 ao apresentar os primeiros carros do mundo com tração nas rodas dianteiras. O modelo 11 é hoje um clássico.

A solução se tornou padrão na indústria por reduzir custos e liberar espaço na cabine. Sistemas de tração nas rodas traseiras, embora eficientes e adotados por algumas marcas premium, têm parte da transmissão passando pelo meio do carro.

O sucesso seguinte nasceu em um período conturbado: com o 2CV, a marca ajudou a dar rodas à Europa que se reconstruía após a Segunda Guerra Mundial.

O compacto, projetado antes do conflito, teve mais de 5 milhões de unidades produzidas até os anos 1990 e é o segundo carro mais icônico de seu tempo —o primeiro é o Fusca.

A marca francesa lançou outro ícone da indústria em 1955, o DS. Sua suspensão utilizava um sistema hidráulico de nivelamento que dispensava os amortecedores convencionais e se tornou referência em conforto. Depois dele e até a década passada, todos os carros de luxo da empresa traziam esse mecanismo, amado por proprietários e temido pelos mecânicos.

A sofisticação cobrou seu preço. A marca tinha modelos caros de produzir e de baixa rentabilidade nos anos 1960, receita pronta para a falência.

A Citroën controlou a Maserati nos anos 1970, parceria que resultou em um dos modelos mais luxuosos e complicados de sua história, o SM. Com a primeira crise do petróleo (1973), o carro de motor V6 perdeu espaço e saiu de grandes mercados. A Citroën estava em risco: entrou em processo de falência e acabou sob o controle da Michelin e da Peugeot.

A salvação veio na união completa com a parceira francesa, em 1976. Surgia o grupo PSA Peugeot Citroën.

Os conflitos entre uma empresa mais pragmática e outra pautada na ousadia gerou embates entre projetistas e contadores. Apesar das rusgas, da nova família nasceram veículos lucrativos.

A história moderna da Citroën no Brasil começa no início dos anos 1990, quando o empresário Sergio Habib, hoje presidente do grupo SHC, tornou-se seu importador.

Os carros chegaram a preços altíssimos naquele período em que o mercado nacional era reaberto aos importados, e sobreviveram às constantes variações nas taxas de importação.

Entre os modelos vendidos nos primeiros tempos, o mais luxuoso era o XM. O automóvel misturava características de hatch e de sedã de luxo. Era um produto recente, eleito carro do ano na Europa em 1990.

O primeiro grande sucesso de vendas no Brasil foi o hatch médio Xsara, que chegou às lojas em maio de 1998, substituindo o ZX, e foi por alguns meses o importado mais emplacado no país.

Na época, o grupo PSA Peugeot Citroën construía sua fábrica de Porto Real (RJ), de onde sairiam a minivan Xsara Picasso (2000), o compacto C3 (a partir de 2003) e, desde 2018, o jipinho urbano C4 Cactus.

Sergio Habib encerrou de vez sua participação na empresa em 2018, separação que resultou no fechamento de concessionárias Citroën que pertenciam ao grupo SHC. Hoje, a marca está em processo de reconstrução no Brasil, e passa por ampliação da rede e renovação de produtos.

O Cactus o primeiro modelo de uma nova linha no país, que terá o utilitário de luxo C5 Aircross, que deve estrear ainda em 2019, e modelos compactos.

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