Volkswagen aposta na nostalgia para vender Polo GTS turbinado

Modelo remete à antiga versão esportiva do compacto Gol, que estreou no Brasil em 1987

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O vídeo de apresentação do Polo GTS 2021 começa com seu antecessor, o Gol GTS de 1987. A Volkswagen deixa claro o apelo emocional do lançamento: quer vender um novo carro para quem um dia sonhou com o antigo, então inatingível por falta de idade ou de dinheiro.

As semelhanças surgem em logomarcas e no formato dos bancos, que são macios no GTS de agora. O modelo da década de 1980 trazia espuma bem mais dura nos assentos feitos pela alemã Recaro.

Outra diferença está no câmbio. A caixa manual do passado dá lugar à automática de seis marchas desenvolvida pela japonesa Aisin.

Na apresentação técnica, José Luiz Loureiro, gerente executivo de desenvolvimento da Volkswagen, elencou todos os itens do novo GTS.

Há motor 1.4 turbo (150 cv), painel com instrumentos digitais, suspensão mais rígida que a das versões convencionais, escapamento com saída dupla e mais uma longa lista de amenidades (ar-condicionado automático, direção com assistência elétrica, interior escurecido...). Por fim, revelou o preço: R$ 99.470.

É quase o dobro do pedido pelo Polo mais em conta (R$ 53,6 mil), que é equipado com um modesto motor 1.0 flex de três cilindros (84 cv).

Contudo, o Gol GTS era proporcionalmente mais caro. Seu preço médio era equivalente a R$ 145,7 mil. O cálculo considera a correção da inflação pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e é baseado em levantamento de preços feito pelo Datafolha em dezembro de 1987.

A Volkswagen disponibilizou a pista do autódromo Velocittà, em Mogi Guaçu (interior de São Paulo). Foi uma forma segura de conhecer aptidões do novo Polo, mas seu habitat é o mundo real, com buracos, ondulações e rodovias monitoradas por radares.

O novo GTS é um carro rápido o suficiente para fazer ultrapassagens seguras ou pular à frente quando o semáforo muda de vermelho para verde, mas seu ajuste privilegia o conforto ao rodar.

Se a Volkswagen desabilitar o sistema que faz o ronco do motor reverberar dentro da cabine, o motorista irá esquecer que está em um carro considerado esportivo.

A suspensão alta evita problemas com valetas e lombadas, mas faz a carroceria inclinar mais nas curvas. A proposta é bem diferente da oferecida pelo Renault Sandero R.S. (R$ 69,7 mil), veículo da mesma categoria que tem suspensão bem mais firme.

Enquanto o Polo é calibrado para o dia a dia, o Renault pede para ser dirigido em pista. O modelo de origem francesa tem câmbio manual de seis marchas e motor 2.0 (150 cv).

A Volkswagen não enxerga o Sandero como rival. De fato, o R.S. é mais simples tanto em acabamento como em mecânica, mas seu preço o transforma em opção interessante para quem deseja desempenho para os finais de semana e tem um outro carro, mais confortável, para o cotidiano.

O Polo GTS concorre com modelos maiores e de aptidões semelhantes. O principal deles é o Chevrolet Cruze Sport6, um hatch médio que custa a partir de R$ 99,4 mil e também tem motor 1.4 turbo flex (153 cv).

No fim do teste, quase parando, o motor desliga. Loureiro explica que é uma evolução do sistema start-stop, que passa a atuar quando o carro está a cerca de 3 km/h. Ao tirar o pé do freio, a máquina volta a funcionar. O objetivo é economizar combustível.

O comportamento mais voltado para o uso cotidiano deve dividir as opiniões dos fãs da Volkswagen, que não são poucos. Segundo Max Frik, gerente-executivo de marketing de produto, há 49 clubes dedicados à marca alemã no Brasil.

Mas o apelo do novo GTS é emocional, o que não se resume aos dados de aceleração. O Polo preserva a aura de alto desempenho, mas oferece comodidades para agradar aos quarentões que querem vestir a roupa esportiva, desde que seja confortável.

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