'Traduzir' dados é desafio de participantes do HacksHackers
"Números são enfadonhos. Para humanizá-los, tem de haver uma neurose."
E foi com tal ímpeto --quase neurótico-- que o jornalista Juan Torres e seu colega Victor Uchôa "mastigaram" as informações que tinham sobre mil homicídios cometidos em Salvador no ano passado, para criar a série "1.000 Vidas".
As reportagens da série, que saiu no diário baiano "Correio", foram o tema da fala de Torres na primeira reunião do grupo HacksHackers em São Paulo nesta segunda (16).
A série foi finalista do Data Journalism Awards (prêmio de jornalismo de dados), promovido pelo Google em conjunto com outras duas instituições.
"1.000 Vidas" representa um dos desafios enfrentados por jornalistas diariamente: lidar com informações frias e convertê-las em elementos de uma narrativa palatável, de fácil compreensão.
Ze Carlos Barretta/Folhapress | ||
Gustavo Faleiros, ogranizador do primeiro encontro do grupo HacksHackers Brasil, fala durante evento em SP |
A inauguração do grupo brasileiro da HacksHackers, organização cujos "capítulos" estão espalhados pelos cinco continentes, representa um passo pela qualidade da informação difundida no país, segundo o organizador Gustavo Faleiros.
REPÓRTERES E HACKERS
"Queremos aproximar o jornalista do programador para, por exemplo, criar programas e aplicativos para ler dados tabulados", diz Faleiros, que é membro do ICFJ (Centro Internacional para Jornalistas, da sigla em inglês).
A partir de agora, o grupo deve se reunir mensalmente para definir os rumos dos produtos que criarão --dinâmica também aplicada nos outros capítulos da organização.
Entre os participantes do evento, estavam representantes de W3C Brasil (órgão que dá diretrizes para a web no país), Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e OKF (Fundação pelo Conhecimento Aberto).
Exemplos de jornalismo com dados foram expostos por José RobertoToledo, do projeto Basômetro, Juliana Mori (projetos Mapas Coletivos e InfoAmazonia) e Marcelo Soares (blog "Afinal de Contas", da Folha).
"A ideia é que este seja o primeiro de muitos encontros do grupo de trabalho", diz Faleiros, que tem nos planos realizar os chamados "hackathons", eventos em que se costuma criar um aplicativo em um período reduzido.
A agenda do HacksHackers Brasil pode ser acompanhada em meetup.com/Hacks-Hackers-Sao-Paulo.
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