'Street Fighter 5' é pancadaria clássica, mas pode frustar quem quer novidade
"Street Fighter 5", que será lançado nesta terça-feira (16), é como um novo disco da banda de metal Motörhead: pancadaria pura e igual aos anteriores. Boa notícia, mas nem tanto.
Está no game quase tudo o que é familiar aos fãs da franquia, que ajudou a consolidar a linguagem dos games de luta. "Street Fighter 2", lançado há 25 anos, é frequentemente apontado como o mais importante do gênero. Lá estava Ryu, o introspectivo personagem carateca, antagonizado pela figura arrogante de Ken, ao mesmo tempo seu amigo e inimigo.
No novo jogo, lançado quase oito ano depois de "Street Fighter 4" (2008), há mais uma vez o clichê dos amigos fraternais colocados frente a frente em duelo. Funciona. Assim como funcionam as figuras de Dhalsim, Chun-Li, Zangief, Mr. Bison, todos personagens com mais de duas décadas de existência –e que quase não envelheceram no novo episódio.
Pouco mudaram também os controles: meia-lua e soco para disparar um "Hadouken"; frente, baixo, frente e soco para o "Shoryuken". Veteranos vão se sentir em casa.
Street Fighter V (PS4) |
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Mais do que o jogo em si, um dos mais esperados do ano, o poder de atrair novos olhares parece residir no que lhe é exterior: pequenas variações despejadas a conta-gotas nos meses que antecederam o lançamento oficial.
No ano passado, a Capcom, produtora da franquia, viu-se às voltas com o vazamento de imagens de uma personagem inédita, a brasileira Laura. Nada que tenha sido motivo de preocupação.
A própria empresa usa a estratégia do suspense para gerar burburinho. Cada um dos personagens, antigos e novos, foi revelado no palco de um evento distinto. Em São Paulo, durante a feira Brasil Game Show, em outubro do ano passado, foi a vez da brasileira, que é lutadora de jiu-jítsu.
Foram 16 combatentes revelados por enquanto (outros serão adicionados ao longo do ano). E a cada revelação, a pergunta era a mesma: vai ter personagem inédito?
Em "Street Fighter 5" são quatro: F.A.N.G, Rashid e Necalli, além de Laura (leia mais ao lado). É difícil, no entanto, ver a lutadora tendo o mesmo carisma de Blanka, a fera criada nas florestas brasileiras e que fez parte de "Street Fighter 2".
A lutadora é mais uma personagem de contra-ataque, um tanto difícil de comandar. Por outro lado, Blanka, que não figura neste elenco, virou sinônimo de ataques mortais desde que surgiu na série.
O choque elétrico e o "rolling attack" –conhecido entre os brasileiros como "bolinha", golpe em que o personagem se lança de um canto ao outro como um tatu-bola– são movimentos especiais cujos controles fazem parte da memória muscular dos veteranos da franquia.
VELHO NOVO
Se tudo parece igual, pequenas variações no novo jogo parecem talhadas para alcançar a necessidade de trazer novidades, mas sem decepcionar a legião de fãs do jogo, e facilitar a entrada de novos jogadores da série.
Enquanto alguns comandos foram facilitados, o modo "História" –em que há uma narrativa para cada personagem, ilustrada por Bengus, artista do primeiro "Street Fighter" (1987)– está bem acessível no embate contra o computador. O mesmo acontece com o modo "Sobrevivência".
No fim das contas, o jogo deve agradar veteranos, mas nem tanto quem quer novidade. Tem versões para PC (R$99,99) e PS4 (R$ 279,99).
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