Descrição de chapéu Facebook instagram

Perfis falsos de Zuckerberg aplicam golpes no Facebook

Impostores usam marcas e nomes da rede social com fotos manipuladas para tirar dinheiro de vítimas

Manifestante com cabeça de papel machê de Mark Zuckerberg em Londres - Daniel Leal-Olivas/AFP
San Francisco | The New York Times

Uma notificação do Facebook chegou ao celular de Gary Bernhardt e o acordou, certa noite em novembro. A notícia era ótima: uma mensagem pessoal de Mark Zuckerberg, informando-o de que ganhara US$ 750 mil (R$ 2,6 milhões) na loteria do Facebook.

"Fiquei todo empolgado. Você não ficaria?", disse Bernhardt, operador de empilhadeira aposentado e veterano do Exército americano, morador de Minnesota. Ele virou a madrugada trocando mensagens com a pessoa que havia enviado a mensagem. Para receber seu prêmio, foi informado de que primeiro precisava de US$ 200 em cartões de presentes da iTunes.

Horas mais tarde, Bernhardt comprou os cartões em um posto de gasolina e enviou os códigos de resgate para a conta que dizia ser de Zuckerberg. Mas os pedidos de dinheiro não cessaram. De lá até janeiro, Bernhardt enviou US$ 1.300 em dinheiro à conta em questão, cerca de um terço do dinheiro que recebeu da previdência social naqueles três meses.

Ele por fim percebeu que havia sido vítima de uma trapaça que vem prosperando no Facebook e Instagram e usa as marcas dos sites —e os nomes de seus principais executivos— para atrair vítimas.

O verdadeiro Zuckerberg prometeu limpar o Facebook, mas a companhia do Vale do Silício até agora não conseguiu eliminar as contas de impostores que se fazem passar por ele e por Sheryl Sandberg, a vice-presidente de operações da companhia, a fim de iludir usuários da rede social e lhes roubar milhares de dólares.

Estudo conduzido pelo jornal The New York Times identificou 205 contas que se identificavam como operadas por Zuckerberg e Sandberg, no Facebook e no Instagram, controlado pela companhia, e a contagem não inclui páginas de fãs ou de sátira, o que as regras da empresa permitem. Ao menos 51 das contas de impostores, entre as quais 43 no Instagram, envolviam trapaças sobre loterias como a que foi usada contra Bernhardt.

Os falsos Zuckerbergs e Sandbergs vêm proliferando no Facebook e Instagram a despeito da presença de grupos de Facebook que rastreiam as trapaças e de queixas sobre esse tipo de truque que datam de pelo menos 2010.

Um dia depois que o jornal informou o Facebook de suas descobertas, a empresa removeu as 96 contas de falsos Zuckerbergs e Sandbergs do site do Facebook. A rede inicialmente removeu apenas uma das 109 contas falsas identificadas no Instagram, mas eliminou as demais depois que este artigo foi publicado.

O Facebook requer que os usuários utilizem seu nome e identidade verdadeiros. Mas a empresa estimou que até 3% dos usuários --até 60 milhões de contas-- sejam falsos. Algumas das contas falsas fingem representar pessoas comuns, e outras assumem a identidade de celebridades como Justin Bieber.

Em depoimento ao Congresso americano neste mês, Zuckerberg disse que o Facebook estava melhorando seu software para identificar e remover essas contas automaticamente. Executivos do Facebook afirmaram que a empresa bloqueia a abertura de milhões de contas falsas todo dia, e analistas afirmam que a rede melhorou seus esforços de remoção dessas contas.

Mas restam lacunas. Entrevistas com meia dúzia de vítimas recentes --e conversações online com nove contas de impostores-- demonstram que as trapaças envolvendo loterias continuam firmes e fortes no Facebook e tomam por vítimas especialmente pessoas mais velhas, e com níveis de educação e renda mais baixos.

As contas de impostores que usam os nomes de Mark Zuckerberg e Sheryl Sandberg tipicamente usam fotos dos executivos em seus perfis e identificam seus postos na empresa. Algumas mostram fotos manipuladas de pessoas segurando cheques em formato gigante. Em algumas das contas, havia erros na grafia dos nomes de Zuckerberg e Sandberg, ou eles estavam grafados entre parênteses, ou com o acréscimo de segundos nomes, para evitar o software de vigilância do Facebook.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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