Após denúncias por omissão, Google amplia política contra assédio sexual

Empresa aprofunda monitoramento e cria sistema de de acolhimento a vítimas no trabalho

São Paulo

Sundar Pichai, presidente-executivo do Google, enviou um email nesta quinta-feira (8) a todos os funcionários da companhia anunciando novas políticas de combate ao assédio sexual corporativo.

A medida é uma reação à recente reportagem do jornal The New York Times, que denunciou que a empresa acobertou três casos de assédio, sendo que um deles envolvia o executivo Andy  Rubin, criador do sistema operacional Android.

Dois executivos confirmaram ao jornal que a saída de Rubin, em 2014, ocorreu após a acusação de uma funcionária, que alegou ter sido forçada a fazer sexo oral no engenheiro em um hotel em 2013.

Ciente do fato, o cofundador Larry Page teria pedido que ele renunciasse, mas com uma bonificação de US$ 90 milhões (R$ 336 milhões) —a última prestação está prevista para o próximo mês.

Segundo a reportagem, Rubin é um dos três chefes que foram protegidos após acusações de condutas inapropriadas do tipo. Depois disso, funcionários do Google de diversos países protestaram contra a posição da empresa e exigiram mudanças

"Nas últimas semanas, as lideranças do Google e eu ouvimos seu feedback e ficamos sensibilizados com as histórias que vocês compartilharam", escreveu Pichai, que pediu desculpas.

Em um plano, o Google anuncia medidas de acolhimento como um site dedicado ao tema com atendimento instantâneo, possibilidade de acompanhamento de um colega durante a investigação, recursos extras durante e depois do processo, aconselhamento estendido à carreira da vítima e um time especial de conselheiros na divisão de relações empregatícias. 

A empresa também ampliou a política de prevenção. Tornou o treinamento sobre assédio sexual obrigatório entre os funcionários (deve ser feito a cada dois anos) e determinou que chefes acompanhem de perto a liberação de bebidas alcoólicas, que não pode ser excessiva.

Em 20% das denúncias, as vítimas relataram que o agressor estava alcoolizado.

"A partir de agora, se você não completar o treinamento, vai receber uma estrela a menos em sua nota na sua avaliação de performance", informa a empresa.

Outras empresas americanas de tecnologia são alvo de omissão em episódios de assédio. Em fevereiro de 2017, a engenheria Susan Fowler, ex-funcionária da Uber, relatou a dinâmica de autorização velada que a empresa dava a assediadores.

Ela relatou que, mesmo diante de inúmeros alertas, a área de recursos humanos não tomava providências contra o acusado devido ao seu cargo de chefia. Depois da exposição pública, a companhia revisou mais de 200 registros de assédio e demitiu 20 pessoas.

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