Criador da Web lança contrato para uma internet melhor

Em conferência em Paris, Tim Berners-Lee defende responsabilidade rígida a poderosos da web

Londres | Reuters

Tim Berners-Lee, inventor da World Wide Web, lançou uma campanha para persuadir governos, companhias e indivíduos a assinarem um "contrato para a Web", com um conjunto de princípios criados para defender a liberdade e abertura da internet.

Berners-Lee, que criou a Web em 1989, afirmou que o senso de otimismo sobre a internet tem sido prejudicado por abusos como uso indevido de dados pessoais, discurso de ódio, manipulação política e centralização do poder entre um pequeno grupo de grandes empresas de tecnologia.

Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web; ele discursou durante a Web Summit, conferência anual de tecnologia em Lisboa
Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web; ele discursou durante a Web Summit, conferência anual de tecnologia em Lisboa - Francisco Leong/AFP

Ele disse que quer reconstruir a confiança na rede mundial de computadores e ampliar o acesso à internet em bases justas e acessíveis por meio do trabalho conjunto de governos, companhias e indivíduos.

"A Web está num ponto crucial", disse Berners-Lee, em seu discurso durante a conferência Web Summit, em Londres, nesta segunda-feira (5).

"Precisamos de um novo contrato para a Web, com responsabilidades claras e rígidas para aqueles que têm o poder possam agir melhor."

Berners-Lee afirmou que governos, companhias e indivíduos têm um papel a desempenhar.

"Algumas questões de regulamentação como neutralidade de rede têm que envolver governos, algumas coisas claramente envolvem companhias –grandes, pequenas e startups", disse em entrevista antes do lançamento.

"Quem é provedor de acesso à internet precisa se comprometer a entregar neutralidade de rede. Se é uma companhia de rede social, você precisa garantir que as pessoas tenham controle sobre seus dados."

Os princípios do contrato receberam apoio de mais de 50 organizações, incluindo o governo francês, o grupo Internet Sans Frontieres e companhias que incluem Google e Facebook. 

A Amazon não assinou. Procurada pelo jornal britânico Financial Times, a empresa não se pronunciou.

Berners-Lee afirmou que todos os termos do contrato serão acertados nos próximos meses. O objetivo é finalizá-los em maio do próximo ano, quando metade ou mais da população global estará conectada à internet pela primeira vez. 
 

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