Descrição de chapéu
Mobile World Congress

Realidade mista da Microsoft avança, mas ainda não é natural

Folha testou o HoloLens 2, anunciado no último domingo (24)

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Barcelona

O HoloLens 2, equipamento de realidade mista anunciado pela Microsoft neste domingo (24), demonstra claros sinais de avanços em relação ao seu antecessor, de 2016. O uso, no entanto, ainda requer muita adaptação e não parece algo muito natural.

A realidade mista é a tecnologia que permite a visualização de objetos virtuais como se estivessem inseridos no mundo real por meio de lentes especiais.

A reportagem da Folha testou o equipamento nesta segunda-feira (25), durante o Mobile World Congress, principal feira do setor de telecomunicações, em Barcelona, guiada por dois dos engenheiros responsáveis pelo desenvolvimento do equipamento.

Anúncio do HoloLens 2 durante apresentação da Microsoft no Mobile World Congress (MWC)
Anúncio do HoloLens 2 durante apresentação da Microsoft no Mobile World Congress (MWC) - Gabriel Bouys/AFP

Logo de cara, ao vestir a peça, o ganho de conforto em relação à versão antiga é evidente. Por ser muito mais leve, a sensação fica bem mais agradável. Não parece mais que temos um martelo preso à testa.
Nesse quesito, a Microsoft prometeu algo “tão simples quanto colocar o seu chapéu favorito”. A realidade não é bem como diz a empresa.

O HoloLens ainda requer alguns ajustes após ser encaixado no crânio. Como no anterior, uma roda localizada na nuca aperta a alça que passa por cima das orelhas. É também necessário posicionar corretamente a lente em frente aos olhos.

Não chega a ser uma odisseia, mas talvez a analogia a ser buscada nesse caso seja a de algo “tão simples quanto colocar os seus óculos favoritos”.

Uma vez que o HoloLens estava na cabeça, foi necessária uma calibragem para garantir a visibilidade de toda a tela e que os olhos seriam devidamente rastreados pelos sensores.

Isso seria muito difícil, se não impossível, de ser feito sem a assistência de duas pessoas responsáveis pela criação da peça, o que vai completamente contra a ideia apresentada pela Microsoft de um equipamento para ser usado instintivamente.

Os engenheiros garantem, no entanto, que essa etapa ainda passará por ajustes antes de ir para o mercado, o que deve acontecer só quando considerarem a peça pronta, sem pressa. O HoloLens 2 está em pré-venda, ainda não no Brasil, sem data específica para lançamento.

Após a calibragem, o rastrear dos olhos foi impressionante. Um círculo acompanhava o ponto focal da vista conforme ele se movia como se fosse uma mosca volante –aquelas linhas ou pontos que aparecem na vista e parecem fugir quando o olho se movimenta em sua direção.

Depois disso, o teste consistiu em andar em vota de uma sala e interagir com objetos holográficos colocados sobre mesas, vazias a olho nu. Aí apareceu o que provavelmente foi a maior questão para o HoloLens 2 pecar em naturalidade: o tamanho da tela.

A qualidade das imagens é excelente e ajuda a área em que as projeções são exibidas ter dobrado em relação à versão anterior do equipamento, mas ela ainda não ocupa toda a superfície das lentes. Com isso, os objetos holográficos parecem cortados se não olhados à distância e no ângulo corretos.

A forma de interagir com os hologramas é, de fato, instintiva. Não se faz necessária a orientação de ninguém para entender que, para apertar um botão, basta “empurrá-lo”.

Engenheiro da Microsoft Alex Kipman apresenta o HoloLens 2 da Microsoft na a Mobile World Congress (MWC), em Barcelona
Engenheiro da Microsoft Alex Kipman apresenta o HoloLens 2 da Microsoft na a Mobile World Congress (MWC), em Barcelona - Gabriel Bouys/AFP

Para aumentar ou diminuir um holograma, por exemplo, ele tem que ser puxado e arrastado pelo canto (como quando se coloca o mouse no canto de uma imagem para redimensiona-la). Isso pode ser feito com um movimento de pinça usando os dois dedos ou a mão toda.

O sistema detecta com facilidade os movimentos, mas nem sempre parece fácil “acertar” o holograma. No começo é complicado apertar um botão, por exemplo, por fazer o movimento “no vácuo”, sem alcançar a peça.

Isso, no entanto, tem mais a ver com hábito e adaptação —da mesma forma que era esquisito usar um mouse há alguns anos, ou apertar diretamente nas telas sensíveis a toque quando elas chegaram. Mas, hoje, quem é que vez ou outra não dá uns tapas numa tela normal pensando que é touchscreen?

O HoloLens 2 custa US$ 3.500 (aproximadamente R$ 13,2 mil) e é voltado para uso no mercado corporativo e em indústrias.

Segundo a Microsoft, ele virá já de fábrica com ferramentas que permitirão ter impacto imediato. Entre as ideias de usos práticos, estão a realização de reuniões em uma sala virtual e guias para treinamento de trabalhadores em indústria, adicionando instruções holográficas ao lado de objetos reais.

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