Arpanet, o embrião da internet, completa 50 anos

Rede criada em 1969 na Califórnia criou parâmetros para conectar computadores ao redor do mundo

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São Paulo

Em julho de 1969, Neil Armstrong mandou uma mensagem à Terra que mudaria a história. “Um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade” entraria para os livros como a conquista daquele século.

Três meses depois, às 22h30 de 29 de outubro de 1969, uma segunda mensagem abriria as portas para uma outra revolução na história moderna: “LO”. 

A mensagem original deveria ser “login”, mas a Arpanet, primeira rede de computadores do mundo, a semente da internet, travou.

Naquela noite, o estudante de computação Charley Kline e o professor responsável Leonard Kleinrock, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, testavam o envio de uma mensagem a colegas em outro laboratório, na Universidade de Stanford, a quase 600 km dali, usando uma nova estrutura de rede para envio de dados, diferente da rede telefônica.

“Charley digitou I e eu perguntei a Stanford, pelo telefone: ‘Vocês receberam aí?’ e eles confirmaram. Quando cheguei ao G, o sistema todo caiu. Foi assim o nosso começo”, contou Kleinrock em um evento da ICANN --entidade que coordena a alocação de endereços na internet no mundo-- no começo de outubro.

A Arpanet surgiu como um projeto do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, com a intenção de interligar bases militares ao redor do mundo. Seu principal legado para o desenvolvimento das redes até chegar à internet foi uma inovação, nos anos 1970, ao criar um protocolo de como os dados eram enviados de um terminal ao outro.

O TCP/IP garante que pacotes de dados sejam enviados para o destinatário correto e que sejam recebidos na ordem correta. Esse tipo de transferência é a base para o modo como navegamos pela rede hoje.

O protocolo não foi patenteado, o que permitiu que outros países desenvolvessem redes compatíveis entre si. Na época, apesar de vislumbrarem a importância do feito, os cientistas californianos não imaginavam um futuro com grandes corporações monopolizando serviços na rede.

“Nós não vimos o lado negro surgindo por causa de nossa cultura, um monte de pessoas boas trabalhando juntas. Não imaginávamos que chegaríamos a um ponto onde haveria uma intenção de lucro”, disse o reflexivo Kleinrock, o pai da Arpanet, ao The New York Times.

Dias antes do meio centenário da Arpanet, o multibilionário Mark Zuckerberg, criador do Facebook, enfrentava o comitê de finanças do Congresso Americano para defender seu ambicioso projeto de criptomoeda, a Libra.

O homem não vai à Lua desde 1972, mas pode-se navegar pela sua superfície, em alta resolução, pela internet, que hoje conecta quase cinco bilhões de pessoas.


50 anos de rede, desde a Arpanet

  • 1969 – Criação da Arpanet
  • 1971 – O programador Ray Tomlinson introduz a @ para identificar destinatários na troca de mensagens 
  • 1974 – Os cientistas Vint Cerf e Robert Kahn padronizam o protocolo TCP e cunham o termo “internet”
  • 1983 – Nasce o endereçamento de sites, substituindo números de IP por nomes terminados em “.com” “.org”
  • 1989 – Tim Berners-Lee cria a World Wide Web
  • 1991 – Primórdios da internet no Brasil: a Fapesp se conecta a um laboratório em Utah, nos EUA, pela Bitnet
  • 1994 – A Embratel começa a operação comercial de internet no Brasil
  • 1996 – Lançamento dos grandes portais no Brasil
  • 1996 – Nokia lança o Nokia 9000 Communicator, primeiro telefone capaz de acessar a internet
  • 1998 – Google
  • 2004 – Facebook
  • 2005 – YouTube
  • 2007 – Apple lança o primeiro iPhone
  • 2019 – Coreia do Sul e EUA começam operação comercial do 5G
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