Facebook permitiria post pago de Hitler com 'solução final', diz Sacha Baron Cohen

Ator britânico critica posição da companhia em permitir que post político pago veicule mentira

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São Paulo

O ator britânico Sacha Baron Cohen criticou as gigantes de tecnologia Facebook, Google e Twitter e as chamou de "maiores máquinas de propaganda da história", em discurso durante um evento contra o antissemitismo em Nova York (EUA) promovido pela organização judaica ADL (Liga Antidifamação).

Depois de considerar que o Twitter baniu anúncios políticos da plataforma e que o Google está fazendo mudanças sobre o assunto, ele ressaltou que é possível pagar por qualquer anúncio político no Facebook, "mesmo se for mentira", e que a segmentação dos algoritmos conseguirá alcançar as pessoas com efeito.

O ator Sacha Baron Cohen; em evento contra antissemitismo, ele criticou grandes empresas de tecnologia
O ator Sacha Baron Cohen; em evento contra antissemitismo, ele criticou grandes empresas de tecnologia - AFP

"Nessa lógica, se o Facebook estivesse nos anos 1930, teria permitido que Hitler publicasse anúncios de 30 segundos com a 'solução' para o 'problema judeu'", afirmou.

O ator sugere que a rede social comece a checar os fatos das propagandas políticas antes de veiculá-las, pare de segmentar mentiras ao público e, quando os anúncios forem falsos, "devolva o dinheiro e não os publique".

Cohen, conhecido pela interpretação de Borat e Bruno, ainda ressaltou que as plataformas deliberadamente amplificam o tipo de conteúdo que mantém as pessoas engajadas —"histórias que apelam aos nossos instintos mais básicos e que desencadeiam ofensas e medo".

"Por isso que as notícias falsas têm performance melhor do que as verdadeiras; estudos mostram que as mentiras se espalham mais rápido do que a verdade", disse.

Cohen comparou as redes sociais a restaurantes: "se um neonazista chega a um restaurante e começa a maltratar outros clientes, dizendo que quer matar judeus, seria desejável que o dono do local o servisse uma refeição elegante? Claro que não."

No debate sobre pagamento de post político, Mark Zuckerberg, presidente do Facebook, tem utilizado o argumento da liberdade de expressão para não controlar o conteúdo veiculado na plataforma, à medida que aumenta a pressão sobre as companhias com a proximidade das eleições americanas.

O executivo já afirmou que não cabe às empresas de tecnologia determinar se as informações são 100% verdadeiras e defendeu regulamentação governamental sobre isso

Diante da disseminação de notícias falsas e do impacto que o microdirecionamento de conteúdo tem gerado em processos democráticos de diversos países, o Twitter afirmou que proibirá propaganda política no microblog. O Google disse que impedirá que organizações de campanha direcionem anúncios com base em afiliação política ou registro eleitoral.

Por meio de assessoria, o Facebook afirmou que Sacha Baron Cohen desvirtuou as políticas da rede social e que o discurso de ódio é proibido na plataforma.

"Banimos pessoas que pregam a violência e removemos qualquer pessoa que a incite ou apoie. Ninguém —incluindo políticos— pode incitar ou fazer anúncios no Facebook que advoguem por discurso de ódio, violência ou assassinato em massa", disse.

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