Brasil avança na robotização, mas falha em acompanhar movimento

País adota tecnologias de maneira mais lenta em parte devido à economia fechada e às barreiras tarifárias

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Chicago

robotização das linhas de produção avança rapidamente, mas o Brasil tem mostrado dificuldade para acompanhar o movimento. 

Na média global, há 74 robôs para cada 10 mil empregados contratados. Nos países que investem pesado em novas tecnologias, a relação é mais alta. Na Coreia do Sul, são 631 robôs para cada 10 mil trabalhadores. Nos Estados Unidos, 189. No Brasil, 10, segundo dados da Federação Internacional de Robótica.

Segundo Sergio Firpo, do Insper, o Braisl adota tecnologias de maneira mais lenta em parte devido à economia fechada e às barreiras tarifárias.

“Mas há uma questão de vantagem comparativa também que retarda a adoção da tecnologia. Enquanto for economicamente viável empregar pessoas para fazer determinada atividade, é o que vai acontecer. Só vale a pena a substituição se ela significar redução dos custos.”

Segundo Daniel Duque, pesquisador da FGV, o Brasil tem uma baixa densidade de robôs na indústria e está abaixo da mediana dos países no ritmo de crescimento da automatização.

“Isso se dá porque temos uma mão de obra ainda barata para trabalhos não qualificados e, por outro lado, o custo para importação de bens de capital é alto. No futuro, porém, a tecnologia ficará mais barata e a não substituição poderá ser impensável”.

Para acompanhar nações mais digitalizadas, a América Latina não depende apenas do setor privado, mas também de políticas públicas, como as adotadas na China, na América do Norte e na Europa, afirma Alejandro Capparelli, presidente da Rockwell Automation para o continente em entrevista à Folha

A empresa compete com Siemens, Schneider e ABB, e no Brasil, tem no portfólio clientes como Vale, Petrobras, General Motors e Ford.

Segundo Caparrelli, os países que saíram na frente, além da histórica maturidade econômica, contaram com estratégias de Estado que permitiram a criação de um ambiente favorável à digitalização.

“Seja com o estabelecimento de parâmetros de segurança ou com objetivos amplos de longo prazo que incluam empresas, os governos devem olhar para a digitalização na indústria como uma evolução da sociedade”, afirma.

Os Estados Unidos perdem na corrida para países como Coreia do Sul, Singapura, Alemanha e Japão. Apesar de a China não figurar entre os primeiros lugares, há um esforço governamental para que a nação seja uma das mais automatizadas até o próximo ano.

Para a Rockwell Automation, a América Latina é o mercado com menos participação nas vendas (cerca de US$ 522 milhões neste ano). O presidente destaca um crescimento de 10% a 12%, com destaque para óleo e gás e mineração. 

Operando com automação de petroleiras, a empresa espera que o crescimento não mude, apesar das tensões políticas na América Latina. 

“É desafiador, mas esses desafios podem afetar mais a base de consumo, não a produção da commodity. Sendo as empresas estatais ou globais, elas precisam produzir mesmo com os problemas”, diz.

A baixa performance latina nos negócios da empresa não é vista como um problema. Segundo ele, há espaço diante do potencial de crescimento da classe média e das áreas a incrementar a produtividade a partir da digitalização e automação de sistemas.

A repórter viajou a convite da Rockwell Automation

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