Descrição de chapéu CES

Tendências da CES 2020 mostram que futuro da tecnologia é estar conectado

Feira em Las Vegas indica desenvolvimento de carros inteligentes e assistentes virtuais

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Brian X. Chen Alex Welsh
Las Vegas | The New York Times

Quer gostemos, quer não, o futuro estará conectado.

O próximo carro que você comprar provavelmente terá conexão com a internet. O mesmo vale para seu próximo televisor, e para as maçanetas de sua casa. Um dia, você talvez até venha a adotar como companheiro um robô capaz de analisar seu ambiente e de reagir em tempo real às ações de seu proprietário.

Esse futuro, ou pelo menos um vislumbre dele, pôde ser visto na CES, a gigantesca feira de bens eletrônico de consumo que atraiu mais de 170 mil visitantes a Las Vegas esta semana.

A edição 2020 do evento anual —a primeira edição aconteceu em 1967— contou com mais de 4,5 mil expositores, entre os quais companhias de tecnologia de grande e pequeno porte e de todo o mundo, e ocupou mais de 270 mil metros quadrados de espaço no Centro de Convenções de Las Vegas, no cassino Wynn, no hotel Venetian e em diversos outros locais da cidade.

O evento oferece uma janela para as áreas nas quais o setor está investindo muito dinheiro e recursos, na esperança de que as tendências mais quentes da tecnologia este ano —por exemplo assistentes virtuais dotados de inteligência artificial, carros conectados e telas dobráveis—​ se tornem presença cotidiana nas vidas dos consumidores.

Sony apresenta protótipo Vision-S, carro elétrico e autônomo. Veículo está exposto na CES 2020, feira de tecnologia realizada em Las Vegas - Robyn Beck /AFP

A imensa feira também foi uma oportunidade para que os observadores da tecnologia fizessem previsões sobre as inovações que podem se tornar populares e os aparelhos que provavelmente fracassarão nos próximos anos.

Entre as tendências questionáveis na tecnologia estão as telas dobráveis, mostradas pela TCL, Lenovo e Dell, entre outras. A Lenovo mostrou seu ThinkPad X1 Fold, um tablet com tela dobrável e sistema operacional Windows. Desdobrada, a tela tem uma diagonal de cerca de 13 polegadas, e o aparelho parece compacto como um livro.

A ideia pode parecer atraente, mas nem todo mundo está otimista com relação às telas dobráveis. Frank Gillett, analista de tecnologia da Forrester Research, previu que aparelhos com telas dobráveis seriam impopulares, principalmente por conta de seu custo elevado e das possibilidades limitadas de uso.

Um exemplo: O Samsung Galaxy Fold, o primeiro smartphone com tela dobrável da fabricante sul-coreana, com preço inicial de quase US$ 2 mil (R$ 8 mil), fracassou depois que surgiram informações de que tela rachava depois de relativamente pouco uso. O Lenovo X1 Fold terá preço de cerca de US$ 2,5 mil (R$ 10 mil) ao chegar ao mercado este ano.

“Os aparelhos dobráveis se dobrarão à realidade. É difícil resistir ao trocadilho”, disse Gillett.
Amazon e Google estiveram entre os participantes de maior destaque da CES 2020, e as duas se vangloriaram sobre a qualidade de seus assistentes virtuais.

O Google informou que seu assistente virtual agora está em uso por mais de 500 milhões de pessoas ao mês, em mais de 90 países.

No mês passado, os alto-falantes Echo, da Amazon, comandados pela assistente virtual Alexa, dominaram o mercado de alto-falantes inteligentes, com cerca de 25% do total de vendas, à frente da Baidu e do Google, de acordo com o grupo de pesquisa Canalys. E o mercado dos alto-falantes inteligentes continua a crescer.

Ainda não é claro, porém, que os consumidores desejem muito usar os assistentes virtuais à medida que estes se tornam mais e mais inteligentes. Estudos demonstram que as pessoas usam a Alexa e o Google Assistant para tarefas básicas como comandar o sistema de música e verificar a previsão do tempo. Usá-los para pagar para abastecer o carro no posto de gasolina (o que a Amazon quer os usuários façam) parece forçado.

Ainda assim, Dave Limp, que comanda a área de hardware da Amazon, demonstrou otimismo. Ele disse que mesmo que os usuários recorressem às capacidades mais avançadas da Alexa apenas ocasionalmente, isso continuava a ser significativo.

“Os clientes interagem com a Alexa bilhões de vezes por semana”, ele disse. “Uma das muitas coisas que eles estão fazendo, mesmo que apenas uma, pode se tornar importante”.Os carros autoguiados ainda estão longe de entrar em operação, mas as empresas de tecnologia destacaram recursos que podem ajudar os motoristas a usar seus carros com mais segurança.

A Samsung mostrou um carro equipado com seu processador de computação Exynos Auto V9, que pode acionar aplicativos em múltiplas telas e recolher e exibir informações de até 12 câmeras. O sistema foi projetado para oferecer entretenimento aos passageiros do banco traseiro, por exemplo vídeos, e ao mesmo tempo oferecer assistência de segurança aos motoristas, afirmou a empresa.

A Amazon também mostrou seus avanços no ramo dos automóveis, mostrando carros da Lamborghini e da startup automobilística Rivian que oferecem a Alexa como assistente pessoal.

Os novos recursos de segurança para automóveis podem se provar as coisas mais práticas e mais úteis a sair da CES deste ano.

Aplicativos de assistência de segurança que alertam motoristas para a presença de veículos em seus pontos cegos ou os ajudam a estacionar automaticamente atrairiam os consumi dores, disse Carolina Milanesi, analista de tecnologia no grupo de pesquisa Creative Strategies.

“O que estamos vendo aqui se relaciona mais à segurança e a salvar vidas do que a ‘uau, que bacana, você chama o carro e ele vem’”, disse Milanesi.

Tradução de Paulo Migliacci

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