Câmeras de vigilância da Amazon expõem dados sem consentimento de usuários

Empresa disponibiliza dados como nome e localização dos dispositivos

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São Paulo

A organização não-governamental EFF (Eletronic Frontier Foundation), que advoga pelos direitos civis na internet, denunciou a Ring, empresa de câmeras de vigilância adquirida pela Amazon em 2018, de disponibilizar dados a terceiros, sem o consentimento dos usuários.

Uma análise feita pela EFF no aplicativo da Ring para Android, revelou que dados como nome e localização dos dispositivos, nome dos usuários e emails eram fornecidos para o Facebook e outras três empresas de análise de dados.

A EFF já vinha criticando a Amazon por fomentar uma falsa sensação de insegurança nas comunidades por meio de publicidade para aumentar suas vendas. 

A Ring disponibiliza no seu site uma lista de parceiros com os quais compartilha informações, mas só uma delas constava no teste da EFF.

Campainha inteligente com câmera da empresa Ring - Divulgação

Essa não é a primeira polêmica envolvendo a Ring, que foi adquirida pela Amazon, em 2018, por US$ 1 bilhão (R$ 4,28 bilhões). A companhia oferece vídeo-porteiros e câmeras de monitoramento que podem ser acessadas remotamente via aplicativo.

A compra foi vista como parte da estratégia de Jeff Bezos para entregar encomendas dentro da casa dos consumidores, conectando um sistema de fechaduras inteligentes, câmeras de segurança e softwares de reconhecimento facial do próprio grupo.

A primeira das grandes polêmicas da Ring foi em julho de 2019, quando o site Motherboard, do grupo de mídia Vice, revelou que a empresa firmou parceria com 231 distritos policiais nos EUA. 

Através de um sistema, os policiais poderiam solicitar ao usuário acesso a imagens das suas câmeras, sem a expedição de um mandado. 

Documentos obtidos pelo site, indicavam que o acordo sugeria que os agentes promovessem o produto nas comunidades, como forma de aumentar a segurança.

Em dezembro do mesmo ano, o site de notícias americano Buzzfeed descobriu que hackers tiveram acesso a dados como login e senha de quase 4.000 consumidores. A Ring afirmou à época que os dados não tinham sido obtidos por invasão do sistema, sem dar mais detalhes.

No mesmo mês, viralizou um vídeo gravado por uma câmera em uma casa no estado do Mississipi (EUA), onde um hacker que acessa o dispositivo —alguns modelos possuem auto-falantes— e se comunica com um criança de oito anos, dizendo ser o Papai Noel e instigando-a a quebrar coisas pelo quarto.

A empresa afirmou que os hackers conseguiram o login e senha do usuário em outro servidor não-relacionado a seus serviços e que aproveitaram o descuido do assinante, que usava o mesmo nome e senha para vários sites. Segundo a companhia, seu sistema de segurança novamente não foi comprometido.

Na última quinta (30), a Ring anunciou o lançamento de uma nova aplicação, que permite aos usuários maior controle de privacidade, escolhendo quais dispositivos podem acessar a conta e se querem ou não compartilhar dados com a polícia.

O produto não está disponível no Brasil.

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