Xiaomi lança atualização após acusação de coletar dados até no modo anônimo

Gigante chinesa havia dito que uso das informações tinha permissão explícita dos usuários

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São Paulo

A multinacional chinesa de smartphones Xiaomi lançou uma atualização de privacidade para o modo anônimo de seu navegador de internet neste domingo (3), três dias após ser acusada de coleta abusiva de dados por pesquisadores.

A atualização dá ao usuário do navegador a chance de permitir ou não que seus dados sejam coletados de modo agregado, ou seja, junto a informações de outras pessoas, no modo anônimo. Até então, os dados eram captados de forma automática.

No dia 30, reportagem da revista Forbes denunciou, a partir de análise do pesquisador Gabriel Cirlig, que dados supostamente não consentidos de celulares eram enviados a servidores remotos do Alibaba, outra gigante chinesa, alugados pela Xiaomi.

Em seu perfil no Twitter, Cirlig criticou a atualização desta segunda-feira (4). Destacou que a configuração veio em modelo "opt out" —o sistema pré-configurou a coleta de dados, deixando ao usuário a função de desabilitá-la se quiser. Dessa forma, caso a pessoa não altere a configuração de maneira pró-ativa, o navegador anônimo segue com a coleta de dados agregados.

Além disso, ele escreve que os registros de músicas tocadas no app Mi Player, da Xiaomi, também são enviados a servidores.

Na reportagem da Forbes, o especialista destacou que, mesmo ao utilizar o modo incógnito do navegador padrão da Xiaomi, a ferramenta registrava termos buscados no Google e no DuckDuckGo, um serviço de pesquisa focado em privacidade.

A Xiaomi é uma das quatro maiores fabricantes de celulares do mundo, e vem conquistando espaço em outros países além da China nos últimos anos, como o Brasil. Procurada pela Folha nesta segunda-feira (4), a empresa ainda não se posicionou sobre a atualização.

Cirlig fez um vídeo mostrando que ao pesquisar por “porn” e visitar o site pornográfico PornHub esses dados eram enviados aos servidores, mesmo no modo incógnito, que teoricamente dá às pessoas mais segurança de privacidade sobre suas atividades online.

Ao navegar de forma anônima na maior parte dos serviços, como no Google Chrome, o usuário não tem cookies, dados de sites, páginas que visita e dados de formulários registrados.

"Todos os dados estavam sendo empacotados e enviados para servidores remotos em Singapura e na Rússia, embora os domínios da web hospedados estivessem registrados em Pequim", diz a revista.

Outro pesquisador analisou que navegadores da Xiaomi disponíveis no Google Play, como o Mi Browser Pro e o Mint Browser, estavam coletando os mesmos dados. Juntos, eles têm mais de 15 milhões de downloads, de acordo com as estatísticas do Google Play.

Os pesquisadores afirmaram que a invasão dos navegadores da Xiaomi são "muito piores do que qualquer um dos principais navegores" do mercado. Alguns, eles ponderam, usam análises, mas sobre uso e falhas.
"Tomar o comportamento do navegador, incluindo URLs, sem consentimento explícito e no modo de navegação privada, é o pior possível”, disse Cirlig.

Em resposta à Forbes, a empresa afirmou que a segurança e a privacidade de seus usuários estão entre as prioridades e que a Xiaomi segue leis e regulações sobre o tema em todos os países em que atua.

"Todos os dados coletados são baseados na permissão e no consentimento explícitos dos usuários", afirma. "Além disso, garantimos que todo o processo é anônimo e criptografado."

A empresa afirma que os "dados estatísticos agregados" são usados para "análises internas" e que não vincula informação de identificação pessoal a esses dados.

"A Xiaomi hospeda informações em uma infraestrutura de nuvem pública que é comum e bem conhecida no setor", acrescentou a empresa, alegando que todas as informações de usuários são armazenadas em servidores em vários mercados no exterior, seguindo as leis locais.

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