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Facebook reserva US$ 1 bilhão para pagar por notícias

Medida é tomada após reação negativa ao bloqueio de notícias que a companhia adotou na Austrália

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Alex Barker
Financial Times

O Facebook se comprometeu a reservar pelo menos US$ 1 bilhão para pagar por notícias nos três próximos anos, o que significa que a empresa pretende acompanhar os planos de gastos do Google, em uma jogada cujo objetivo é conter a reação negativa ao bloqueio de notícias que a companhia de mídia social adotou na Austrália por um breve período.

Nick Clegg, vice-presidente de assuntos internacionais do Facebook, revelou o plano em uma postagem na qual defendia a decisão de restringir temporariamente a veiculação de notícias via Facebook na Austrália, uma semana atrás, por conta de um projeto de lei que teria permitido que grandes empresas de mídia exigissem um “cheque em branco” da plataforma.

Lionel Bonaventure - 23.fev.2021/AFP

“Muitas pessoas estão perguntando, e com razão, que diabos foi aquilo?”, escreveu Clegg em uma mensagem no Facebook. “Na opinião do Facebook, o cerne da questão é um erro fundamental de interpretação sobre o relacionamento entre o Facebook e os provedores de conteúdo noticioso”.

Os US$ 2 bilhões em verbas totais que o Google e o Facebook reservaram para pagar por notícias refletem uma virada significativa de poder comercial em favor dos grupos noticiosos, que enfrentam dificuldades. Mas ainda não está claro que as quantias mencionadas bastem para satisfazer as demandas crescentes dos grupos noticiosos, ou para evitar medidas potencialmente mais dispendiosas por parte das autoridades regulatórias de todo o planeta.

O Facebook na segunda-feira aceitou restaurar a circulação de notícias na Austrália, depois que o governo propôs emendas em um projeto de lei cujo objetivo é forçar as grandes companhias de tecnologia a pagar pelas notícias, ao reforçar dramaticamente o poder de negociação dos provedores de conteúdo noticioso.

“É compreensível que alguns conglomerados de mídia vejam o Facebook como potencial fonte de dinheiro para compensar suas perdas”, escreveu Clegg. “Mas isso significa que eles devem ter o direito de exigir um cheque em branco? É isso que a lei australiana teria feito, na forma proposta”.

A abrupta decisão do Facebook de bloquear o compartilhamento de notícias na Austrália gerou reação adversa dos usuários, especialmente depois que o acesso a sites de serviços de emergência cruciais e a páginas de saúde foi erroneamente bloqueado.

Clegg disse que havia sido “legalmente necessário” bloquear as notícias antes que a legislação entrasse em vigor, e que por isso “o Facebook errou em favor da cautela”.

“Ao fazê-lo, houve conteúdo que terminou bloqueado inadvertidamente. Boa parte desse bloqueio pôde ser revertido rapidamente, no entanto”, ele escreveu.

O Facebook já havia afirmado em ocasiões anteriores que as notícias oferecem valor “desprezível” à plataforma. Mas diante de ameaças de um aperto na regulamentação, Google e Facebook nos últimos três anos começaram a fazer pagamentos a alguns provedores de conteúdo noticioso, e juntos chegaram a acordos em mais de uma dúzia de países. Clegg disse que o Facebook já gastou mais de US$ 600 milhões em pagamentos por conteúdo noticioso de 2018 para cá.

Mas o valor negociado pelos grupos noticiosos subiu acentuadamente na Austrália quando o governo começou a promover reformas que confeririam aos grupos de mídia o direito de buscar arbitragem de aplicação compulsória em suas disputas com o Facebook e o Google.

Um desdobramento importante foi o acordo assinado entre o Google e a News Corp, de Rupert Murdoch, a maior provedora de conteúdo noticioso da Austrália, por valor não revelado.

Embora o Google tenha anunciado no ano passado uma verba de US$ 1 bilhão para pagamento por notícias, em prazo de três anos, o Facebook jamais havia anunciado um valor específico. O Financial Times já chegou a acordos comercias com o Facebook e o Google.

Tradução de Paulo Migliacci

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