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As dúvidas sobre o Facebook diante da queda de usuários que levou a tombo recorde de US$ 250 bi na bolsa

Rede enfrenta queda de popularidade e perda de terreno para concorrência, como o TikTok

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BBC News Brasil

Pela primeira vez desde que foi lançado, há 18 anos, caiu o número de usuários ativos diários (DAU, na sigla em inglês) do Facebook, um reflexo da queda de popularidade da rede social entre os jovens e a perda de terreno para a concorrência.

A empresa controladora do Facebook, a Meta Networks, informou que as DAUs caíram para 1,929 bilhão nos três meses até o final de dezembro, em comparação com 1,930 bilhão no trimestre anterior.

A informação levou a uma queda aguda nas ações da Meta. Ao final do dia nas negociações, os papéis haviam caído mais de 26%, eliminando cerca de US$ 250 bilhões (R$ 1,3 trilhão) do valor de mercado das ações da empresa. É a maior queda diária já registrada por uma empresa na história dos EUA.

Os papéis de outras plataformas de mídia social, como Twitter, Snap e Pinterest, também caíram acentuadamente nas operações após o fechamento dos mercados.

A Meta puxou uma queda generalizada nos mercados que fez Wall Street fechar em uma das piores baixas em um ano. O índice Nasdaq recuou 3,7%, enquanto o S&P 500 fechou em queda de 2,4%.

Mark Zuckerberg, presidente-executivo do Meta - EPA

Mark Zuckerberg, CEO da Meta Networks, disse que o crescimento da receita foi prejudicado porque o público, especialmente os usuários mais jovens, deixou a rede social e migrou para rivais, como o TikTok.

A Meta, que possui a segunda maior plataforma de publicidade digital do mundo depois do Google, também disse que foi atingida por mudanças de privacidade no sistema operacional da Apple.

As mudanças tornaram mais difícil para as marcas segmentar e medir sua publicidade no Facebook e no Instagram e podem ter um impacto "da ordem de US$ 10 bilhões" para este ano, de acordo com o diretor financeiro da Meta, Dave Wehner.

A receita total da Meta, cuja maior parte vem de vendas de publicidade, subiu para US$ 33,67 bilhões no trimestre, superando por pouco as previsões do mercado.

A empresa também prevê receitas entre US$ 27 bilhões e US$ 29 bilhões para o próximo trimestre (janeiro a março), valor menor do que os analistas esperavam.

Embora a empresa tenha feito seus próprios investimentos em vídeo para competir com o TikTok —de propriedade da gigante chinesa de tecnologia ByteDance—, ela ganha menos dinheiro com esses serviços do que com seus feeds tradicionais do Facebook e Instagram.

Zuckerberg disse estar confiante de que os investimentos em vídeo e realidade virtual valerão a pena, assim como as apostas anteriores em publicidade móvel e stories do Instagram.

Mas, observou ele, em meio a mudanças prévias em sua estratégia, a empresa nunca teve que enfrentar um grande rival.

"As equipes estão executando muito bem e o produto está crescendo muito rapidamente", disse ele. "O que é único aqui é que o TikTok já é um concorrente tão grande e também continua a crescer a um ritmo bastante rápido".

Meta em declínio?

Análise por James Clayton, repórter de tecnologia da BBC na América do Norte

O Facebook sempre foi uma plataforma que cresce. Para cada trimestre em sua existência, os números globais foram em uma direção.

Mas, nos últimos anos, estagnou na Europa e nos Estados Unidos. Isso acabou mascarado pelo aumento de usuários no restante do mundo.

O Facebook não é tão popular entre os mais jovens como era. Como reconhece a empresa, o TikTok está prejudicando os negócios.

Mas também há outras razões pelas quais os investidores estão preocupados com a Meta.

O Facebook mudou seu nome porque queria se concentrar no Metaverso. Mas a Meta não está nem perto de construir um Metaverso; isso ainda é um sonho no momento. Em vez disso, está injetando bilhões de dólares na tentativa de criar isso —tudo porque Mark Zuckerberg acha que há um apetite por ele.

Mas isso significa um risco enorme.

Talvez a resposta para os problemas imediatos da Meta seja comprar o TikTok? Bem, os reguladores dos EUA nunca permitiriam isso devido às leis relacionadas à concorrência.

E o Facebook agora é visto por muitos no Vale do Silício como uma marca tóxica. Certamente não é um lugar legal para trabalhar da mesma forma que era há dez anos.

Isso torna mais difícil atrair talentos.

A Meta tem alguns problemas sérios daqui para frente. Esse marco pode ser apenas o começo.

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