Cantora que conheceu sexo virtual durante a pandemia conta sua experiência

'É gostoso porque você pode fantasiar um monte de coisa', diz Tati Bassi

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São Paulo

Foi o Instagram que conectou a cantora e chef de cozinha Tati Bassi, 36, ao homem com quem ela teve sua primeira experiência de sexo virtual. Confinada em sua casa em Mogi das Cruzes (SP), ela havia acabado de tomar a primeira dose da vacina contra a Covid quando começou a conversar com o músico.

Os dois tinham amigos em comum, mas não se conheciam pessoalmente. Falaram sobre punk rock, Tim Maia, cinema, literatura. Até a coisa evoluir para o sexting, que é a troca de mensagens de conteúdo sexual.

"Uma coisa foi levando à outra, e a gente começou a ter uns papos mais quentes", conta. "Você abre uma videochamada, faz um drinque, a pessoa faz outro drinque do lado de lá. É tipo um encontro, com a diferença que está cada um na sua casa. Mas demorou muito para eu me mostrar. Eu ainda estava insegura."

A cantora e chef vegana Tati Bassi, 36 - Keiny Andrade/Folhapress

Quando a pandemia chegou, Tati ainda se recuperava do fim de seu casamento e não se relacionava com ninguém havia mais de um ano. Com a quarentena, tudo ficou mais difícil. Especialistas do mundo todo passaram a recomendar masturbação e sexo virtual para conter a disseminação da Covid, transmitida principalmente por gotículas de saliva. Houve até quem recomendasse o uso de máscaras durante o sexo, como estratégia de redução de danos, além de criatividade nas posições. Beijo na boca, nem pensar.

Nessa época, Tati estava em um processo de "descoberta do amor próprio". Voltou seu olhar para dentro de si em busca de autoaceitação. Passou a seguir o perfil do Movimento Corpo Livre no Instagram e conheceu histórias de mulheres que se amam como são. E decidiu tirar fotos sensuais de si mesma para tentar resgatar a autoestima.

"Eu não aceitava meu corpo. Mas passei a me ver de outra forma e percebi coisas em mim que eu nunca tinha visto. Comecei a postar essas fotos e a escrever sobre autoaceitação no Instagram", conta.

Após um ano de pandemia e em meio a tanta notícia ruim, Tati continuava sem cabeça para pensar em relacionamentos. Só depois de ter a vacina no braço achou que era possível falar de outras coisas. Foi então que conheceu o músico. E achou curioso sentir "atração online".

"Começaram os papos e eu fui levando. Um dia ele elogiou uma foto minha e disse que tinha ficado com vontade de me beijar toda. Quando vi, eu estava doida de um lado, e ele doido do outro." E aconteceu. Várias vezes, durante um bom tempo. "A gente se falava por telefone ou videochamada. Eu ia dizendo o que eu queria que ele fizesse e ele também ia falando o que queria."

A cantora diz que teve receio de ver sua intimidade exposta nas redes sociais, sim, mas tomou alguns cuidados. Não enviava vídeos ou nudes para o parceiro, apenas fotos "mais provocantes", iguais às que ela mesma posta no Instagram.

"Nosso lance era mais o papo, a voz. Então só se ele tirasse algum print das mensagens ou das chamadas de vídeo. Mas nesse caso o processo iria cantar."

Tudo correu muito bem, e hoje eles são amigos. Tati diz que sempre vai preferir o contato físico, mas curtiu a experiência e conseguiu ter muito prazer com o sexo virtual. "É gostoso porque você pode fantasiar um monte de coisa. Eu coloco meus brinquedinhos no jogo e fica tudo mais divertido."

Depois que tomaram as duas doses da vacina, eles finalmente se sentiram seguros para marcar um encontro presencial. "Nos vimos três ou quatro vezes. Foi ótimo, mas poderia não ter sido. Às vezes é bom no online, mas pessoalmente não rola, não tem química. Combinamos que, se não desse certo, a gente iria simplesmente rir da situação. Nós dizíamos: 'imagina se a gente se encontra e não é tudo isso?'", conta, às gargalhadas.

A história não foi para a frente porque não era isso que buscavam. Ela se dedica agora à sua nova banda, Tati Bassi & Devil Blues, com quem prepara o lançamento de um disco —o primeiro single deve sair em julho—, e ao Rango Tango, onde é chef de gastronomia vegana. "Estou solteira e por enquanto quero continuar sozinha. Meu foco sou eu e o meu trabalho."

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