Inteligência artificial atual é tão revolucionária quanto o Windows, diz Bill Gates

Bilionário afirma ter começado a se encontrar com time da criadora do ChatGPT OpenAI em 2016

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São Paulo

Bill Gates afirma ter assistido a duas demonstrações de tecnologia que considerou revolucionárias: a interface gráfica para usuários que deu origem ao Windows e os modelos de inteligência artificial (IA) da OpenAI, que criou o ChatGPT. A declaração consta em artigo publicado pelo bilionário na terça-feira (21) em seu blog pessoal.

A empresa fundada por Gates, Microsoft, trabalha com a equipe da OpenAI desde 2016, quando a gigante da tecnologia mergulhou no projeto Azure, do qual saiu o primeiro supercomputador dedicado à IA do mundo.

O modelo mais recente da OpenAI, GPT-4, foi treinado em supercomputadores Azure.

Fundador da Microsoft Bill Gates em visita ao primeiro ministro da Grã-Bretanha, Rishi Sunak, na Universidade Imperial College, em Londres, na Inglaterra.
Fundador da Microsoft Bill Gates em visita ao primeiro ministro da Grã-Bretanha, Rishi Sunak, na Universidade Imperial College, em Londres, na Inglaterra - Justin Tallis/Reuters

Os atuais modelos de IA funcionam como assistentes digitais. O uso dessas tecnologias, sob supervisão humana, pode facilitar as tarefas burocráticas, como preenchimento de formulários e envio de emails. Alunos podem usar o ChatGPT para escrever redações e ludibriar os professores desatentos às tendências digitais.

Essas plataformas apresentam defeitos, reconhecidos por Gates. Podem cometer erros factuais e entregar respostas sem base nos dados usados durante o treinamento. Especialistas chamam esse comportamento de alucinação. O fundador da Microsoft diz esperar que os desenvolvedores da área superem essas falhas no médio prazo.

Por outro lado, o bilionário se diz animado com as possíveis inovações em saúde e educação decorrentes do avanço em inteligência artificial. "Essas são áreas em que a IA pode ajudar a reduzir a desigualdade com o ângulo de ataque certo ao problema."

De acordo com Gates, faltam profissionais qualificados nesses dois campos profissionais.

Em cinco ou dez anos, inteligências artificiais na educação entregariam ensino sob medida, capaz de manter a atenção de qualquer aluno. Na medicina, poderiam ajudar no reconhecimento de doenças tropicais pouco estudadas, por falta de interesse econômico. Isso, conforme as conjecturas de Gates.

"Os modelos de inteligência artificial já podem ajudar trabalhadores da saúde a economizar tempo lidando com seguros ou papelada", afirma o fundador da Microsoft.

Gates, porém, reconhece que as soluções de IA desenvolvidas pelo mercado visarão atender às pessoas ricas, não aos mais pobres.

Democratizar o acesso a essas tecnologias seria uma tarefa de governos e filantropos, de acordo com o bilionário. Para Gates, administrações locais deveriam criar incentivos para empresas compartilharem conhecimento gerado por IA sobre agricultura e pecuária nestes tempos de mudanças climáticas.

No caminho oposto, a OpenAI, parceira da Microsoft, deixou de divulgar informações de como treinou seu mais recente e poderoso modelo de inteligência artificial, o GPT-4. A startup não diz quantos parâmetros o modelo usa para gerar respostas (no GPT-3 eram 175 bilhões) nem quais materiais fizeram parte da preparação do robô para responder aos mais diversos pedidos.

Na versão anterior, a OpenAI havia usado coleções de livros e conhecimento disponível na internet, especificados em relatório.

O fundador da Microsoft ainda afirma que qualquer nova tecnologia traz preocupações éticas. "Eu entendo por que a IA levanta questões difíceis sobre força de trabalho, sistema legal, privacidade, preconceito e mais."

Também caberia aos governos resolver esses desafios. Ele argumenta, por outro lado, que a IA tornaria a sociedade mais produtiva, assim como fez o CEO da OpenAI Sam Altman em manifesto.

De acordo com Gates, a grande questão para essa tecnologia é se a IA vai rumar para plataformas especializadas em uma única área, como educação ou saúde. Ou se serão inteligências artificiais gerais, com habilidades comunicacionais melhores do que as dos seres humanos e capazes de responder a quaisquer desafios.

O presidente da OpenAI Greg Brockman diz que a startup tem "a missão de desenvolver inteligência artificial geral para contribuir com um mundo melhor".

Gates diz compartilhar o otimismo com o progresso da tecnologia. "Um sinal elétrico no cérebro se move 100 mil vezes mais devagar no cérebro do que em um chip de silício. Assim que programadores criem um algoritmo de aprendizado geral e o rodem na velocidade de um computador teremos uma tecnologia incrivelmente poderosa."

"Em breve, teremos um período antes da IA que parecerá distante, bem como os dias em que usar um computador significava digitar em um prompt de comando em vez de apertar telas", afirma o bilionário.

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