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24/01/2012 - 03h00

Maiores de 50 estudam para ocupar tempo após aposentadoria

DIEGO ZERBATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O químico gaúcho Paulo Marcos Alves, 58, termina em abril as aulas de marcenaria do Senai, em Novo Hamburgo (RS), após 30 anos de formado na faculdade.

Alves, que se aposenta em fevereiro, já fez outros dois cursos, de paisagismo e culinária. A intenção é aplicar os conhecimentos durante o retiro, em uma casa ecológica construída no litoral do Ceará. O químico se muda com a mulher assim que sair da empresa onde trabalha.

"Quero praticar por lazer as coisas que eu aprendi. Se eu puder vender uma mesa, é bom, mas ganhar dinheiro não é minha prioridade."

Sérgio Amaral/SENAI
Idoso em aula de mecânica em Taguatinga (DF); cursos servem para ocupar o tempo e ter renda extra
Idoso em aula de mecânica em Taguatinga (DF); cursos servem para ocupar o tempo e ter renda extra

VOLTA ÀS ESCOLAS

O caso do químico é um exemplo do que prevê o Estatuto do Idoso ao estimular a educação profissional para maiores de 60 anos. O objetivo é trazer uma ocupação aos maduros no período de aposentadoria.

Desde 2003, quando o documento foi aprovado, diversas entidades, públicas e privadas, começaram a fomentar a realização de cursos para a faixa etária, a fim de reintegrar essa população ao mercado de trabalho e incentivar a criação de microempresas.

A presença dos maiores de 45 anos é maior nas salas do Sistema S (organizações de educação de setores da economia). No Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), eles são 7% dos estudantes, enquanto no Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) o número chega a 11,5%.

Em escolas técnicas públicas, a presença dessa faixa etária é menor. No IFSP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo), por exemplo, apenas 4% dos alunos têm esse perfil, enquanto nas Etecs (Escolas Técnicas) eles são 2,16%.

INICIATIVAS

Pensando nesse grupo, o Senai nacional realiza há três anos iniciativas experimentais em 24 Estados, com aulas regulares e específicas para maiores de 45 anos. Além da ocupação, a entrada no mercado de trabalho também é interesse da entidade.

"Nossos cursos são para alunos que buscam uma segunda formação para trabalhar em consultoria, criar uma microempresa ou trabalhar em casa", diz a gestora de ações inclusivas Loni Manica.

Ainda que não tenha dados sobre o destino dos alunos da entidade, Manica diz que não há discriminação dos empresários para a contratação dessas pessoas. "A indústria vê com bons olhos e quer que essas pessoas tenham qualidade de vida. É uma questão de tempo a adaptação."

E acredita que a demanda de cursos para essa faixa etária aumentará. "Essas pessoas percebem que ainda podem fazer muita coisa, mesmo envelhecendo."

TENDÊNCIA

A educação dos maiores de 60 anos também é um dos pontos da proposta de Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Idosa, a ser votada em convenção da ONU (Organização das Nações Unidas), em fevereiro de 2012.

A consultora Laura Machado, que assessora a Associação Internacional de Geriatria e Gerontologia a fazer o documento, afirma que a educação profissional para indivíduos próximos da aposentadoria "é uma tendência internacional".

"As organizações começam a ter consciência de que precisam requalificar esse profissional, que deve atuar em áreas de consultoria e treinamento, para onde levará sua experiência."

SERVIÇO

Senai, tel. 3528-2000
São 549 cursos de formação continuada oferecidos em unidades em todo o Estado de São Paulo, nas áreas de mecânica, gestão financeira, gráfica e alimentos.

Senac, tel. 0800-883-2000
A entidade possui cursos em 41 áreas do conhecimento, como administração, beleza, nutrição, informática e gastronomia, em 21 unidades na Grande São Paulo e 33 no interior.

DIEGO ZERBATO participou da 52ª turma do programa de treinamento em jornalismo diário da Folha, que foi patrocinado pela Philip Morris Brasil, pela Odebrecht e pela Syngenta.

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