Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
24/01/2012 - 03h00

Aumento da obesidade entre idosos é desafio para médicos

GUILHERME CELESTINO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Infartos, pressão alta, diabetes são doenças com sintomas e efeitos muito diferentes, mas têm algo em comum: todas são agravadas pela obesidade, um mal crescente em todas as faixas etárias, mas ainda mais preocupante na faixa a partir dos 54 anos. Segundo dados do Ministério da Saúde, a obesidade, em 2010, atingia 20,6% da população entre 55 e 64 anos, um avanço de 3,7 pontos percentuais em relação a 2006. Já para os maiores de 65 anos, em quatro anos, o salto foi de 15,9% para 19,4%. No total da população a média foi de 15% em 2010.

Além disso, o aumento da expectativa de vida, que hoje é de 73,5 anos, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), tem interferido no crescimento do número de obesos entre os velhos.

"Com uma vida mais longa, o idoso tende a permanecer economicamente ativo por mais tempo, ficando exposto ao estresse e ao desequilíbrio entre vida profissional e pessoal", diz a nutricionista especialista em gerontologia pelo Hospital Albert Einstein, Iamara Seara Medeiros. "Isso leva ao sedentarismo, por falta de tempo para se dedicar a exercícios, e à persistência de maus hábitos alimentares da vida moderna por um período mais longo que antes, o que resulta no aumento de obesidade."

Ela explica que o idoso geralmente passa a comer menos e tem aumento do nível de gordura no corpo devido às alterações fisiológicas decorrentes do envelhecimento. Entre elas estão a diminuição da taxa metabólica basal (quantidade de energia necessária para manter o organismo em repouso) e diminuição do tamanho corporal, decorrente do enfraquecimento muscular e da redução do teor de água dentro das células. A redução da atividade física também contribui.

O idoso obeso fica mais vulnerável a doenças crônico-degenerativas, tais como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e hipertensão arterial, diminuindo a qualidade de vida. Essas doenças crônico-degenerativas não causam danos imediato, mas necessitam acompanhamento médico e tratamento durante muito tempo -algumas, como a diabetes tipo 2, até o fim da vida.

"A obesidade limita a mobilidade, potencializando a reclusão dos idosos." explica Iamara que lembra da importância de incentivar a atividade física ou fisioterapia para o tratamento de doenças e para a reabilitação social do idoso.

PREVENÇÃO

###Arte Treinamento/Folhapress###

"A obesidade não começa a aparecer na terceira idade, ela começa a aparecer antes", diz o professor da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto José Ernesto dos Santos, especialista em nutrição.

Para o professor, as pessoas perderam a capacidade de diferenciar fome e saciedade. "As pessoas não comem mais por estar com fome. Todos os estímulos que as pessoas têm hoje -insatisfação, depressão, angústia, saco cheio- são motivos para comer."

O endocrinologista Ricardo Hauy Marum ressalta a importância dos exercícios e diz que basta uma caminhada de meia hora todos os dias para sair do grupo de risco de problemas cardiovasculares relacionados à obesidade e à vida sedentária.

José Ernesto lembra que o fator mais importante para evitar o surgimento da obesidade são os movimentos físicos diários. "Às vezes a pessoa pega o elevador para subir um andar. Você pode fazer exercício 10, 12 horas por dia apenas se movimentando", diz. "Vamos parar de falar em ginástica, vamos falar em movimento."


GUILHERME CELESTINO participou da 52ª turma do programa de treinamento em jornalismo diário da Folha, que foi patrocinado pela Philip Morris Brasil, pela Odebrecht e pela Syngenta.

NO CORPO

NA LEI

NA ATIVA

NO APOIO

NO MAPA

DATAFOLHA

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página