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Inevitável, tristeza pós-aposentadoria nem sempre é depressão
LUISA PESSOA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
São anos de trabalho duro, finais de semana sacrificados, decepções e recompensas. Mas, por vontade própria ou compulsoriamente, chega o momento de parar. "E, com isso, o luto", diz a psicóloga Elaine Gomes dos Reis Alves, membro do LEM (Laboratório dos Estudos sobre a Morte), da USP.
"Existe um processo de luto em toda a situação de perda, como são as mortes concretas e as mortes simbólicas, caso da aposentadoria."
Mas isso não deve ser motivo de desespero. Alves afirma que o processo é saudável, ainda que não seja fácil e implique tristeza. Afinal, a pessoa perde a denominação profissional que a identificava e lhe trazia respeito e dignidade, para ser 'aposentado', termo preconceituosamente interpretado como condição de quem "não faz nada e atrapalha".
Segundo a psicóloga, muitas pessoas tomam medicamentos contra a depressão nessas situações, o que faz com que outras doenças aflorem: "A pessoa tem seu luto adiado ou suspenso, mas a dor ainda está dentro dela. E ela [a dor] irá para o psíquico e o físico, facilitando a somatização de doenças".
Como distinguir a depressão da tristeza? Para Alves, a linha é tênue e não existe prazo para o término de uma e começo da outra. "Depende de cada um e do significado que o trabalho tem na vida da pessoa. Depende da família e da forma que ela recebe o aposentado". A psicóloga diz que, em caso de dúvida, é melhor conversar com psicólogos antes de se medicar.
A professora Mônica Yassuda, coordenadora do curso de gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, concorda que o momento da aposentadoria é de vulnerabilidade e transição e que o impacto dessa fase será maior para aqueles que têm a vida muito centrada na profissão. "Se a pessoa não tem um hobby, relações sociais fora as profissionais e não sai de casa a não ser para trabalhar, ela poderá desenvolver quadros depressivos com mais facilidade", diz.
PLANEJAMENTO
Para Yassuda, parte desse impacto pode ser evitado com o planejamento. Hoje algumas empresas já possuem programas que preparam seus funcionários para a aposentadoria. Também existe uma opção semelhante ao "coaching", em que profissionais dão assessoria para o planejamento financeiro e emocional dessa fase.
Elaine Alves também recomenda que o aposentado procure espaços em que seja possível conviver com outras pessoas que estejam na mesma situação, como faculdades da terceira idade. "Mas as próprias pessoas têm um preconceito enorme, porque ir para esses espaços significa que o 'eu' ficou velho. E não é nada disso, faculdades de terceira idade não têm nada a ver com ser velho. A vida é de grupo; as pessoas buscam conviver com pessoas que estão na mesma situação e formar grupos de afinidade, como casais que saem com outros casais."
LUISA PESSOA participou da 52ª turma do programa de treinamento em jornalismo diário da Folha, que foi patrocinado pela Philip Morris Brasil, pela Odebrecht e pela Syngenta.
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